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Mostrando postagens de dezembro, 2005
Feliz Ano Novo (escrito em 1996, mas atemporal) Arnaldo Jabor O ano de ver através do vidro o eclipse do sol contra a neblina pela janela da infância, o ano de ver as primeiras imagens de minha mãe, que era uma Greta Garbo linda com ombros altos e cabelo de coque "bomba atômica" e lábios vermelhos, o ano da coqueluche em que meu pai me levou de avião até 4.000 metros para curar a tosse entre nuvens, o ano de temer o quarto onde meus pais conceberiam minha irmã, o ano de olhar árvores, bichos e gente como se eu morasse fora do mundo (mistério que até hoje dura), o ano do medo de levar porrada nas ruas da infância, . o ano das pernas das mulheres, colunas altas e distantes (até hoje), o ano dos fantasmas do fundo do corredor, o ano do cachorro atropelado, o ano dos meninos se comendo de solidão, o ano de ficar olhando o vento no quintal, o ano dos formigueiros, o ano do sarampo e sua lâmpada vermelha, o ano da catapora, o ano da luz azul do quarto da pneumonia de minha irmã, o
Mais uma sobre as duas melhores coisas do mundo: a mulher e o garçom De Xico Sá. Numa mesa de bar, claro. Se não, não teria graça. Eu nem contaria. Confesso que bebi. Deus deveria parar o cronômetro, como um juiz de basquete, quando a vida não tivesse como locações a cama ou o boteco. Mas nada é tão justo assim nesse mundo. Sabemos. Numa mesa de bar. Exterior, calçada, noite. A nega indaga: “Por que será que garçom só decora nome de homem?” A nega é mulher de amigo, Jotabê Medeiros, compadre torcedor do glorioso Santos Futebol Clube. De mulher de amigo também não sei sequer o batismo, o sagrado nome. Vê se pode uma coisa dessas! Garçom só decora nome de homem? Arrisco uma tese, PhD de botequim que me prezo. Com ajuda da amiga Ana Weiss, linda mulher do lado. O bar é minha UFPE, minha universidade católica, meu doutorado da USP, minha filosofia, minha cachaça, minha cátedra, minha nota de rodapé, minha escolástica... Meu bar, meu mar... Desde o “Robertão 70”, onde eu bebia no Recife ao
De que lado você fica? De Leo Jaime. www.blonicas.zip.net Vamos supor que em sua rua tenha um supermercado e que você faça suas compras lá, regularmente. Já cumprimenta os funcionários, conhece as prateleiras, sabe que o preço não é o melhor mas como é próximo e tem bons produtos é um cliente fiel. Fiel até ser surpreendido com a notícia, espalhada aos quatro cantos do planeta, de que o gerente da loja resolveu tocar fogo em uma família de mendigos que tinha se mudado para a marquise do supermercado dias atrás. Pois é, todo mundo dormindo ele chega, sorrateiro, joga gasolina nos cobertores e ateia fogo, fazendo um churrasco daquela família que, aos olhos de todos, exibia sua miséria ali, de forma inconveniente, incomodando os usuários e espantando a freguesia. Isso mesmo, você não era a favor daquela família residir na frente daquela loja mas ficou horrorizado, com justiça, com a medida escabrosa que o seu gerente arranjou pra resolver o assunto. Qual sua atitude? Espera que a lei sej