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Mostrando postagens de maio, 2010
Para a minha mãe, porque hoje é aniversário dela.
Tua nudez Manuel Bandeira A rosa: Tua nudez feita graça. A fonte: Tua nudez feita água. A estrela: Tua nudez feita alma.
Trabalho: a gente também tem Nina Lemos, do "02 Neurônio" A gente trabalha duro, corre atrás, se dá bem e se ferra. Sofremos até crise de processo criativo ( m as achamos isso tão clichê que evita m os adi m itir esse tipo de coisa). E ta m bé m não fica m os reclamando nem falando sobre isso por aí. Criança estuda. Adulto trabalha. E acabou. Si m , adoramos o que fazemos, na maioria das vezes. Nor m al. Assunto encerrado. Não, nada disso. O assunto continua. Isso porque os ho m ens (não falo aqui de todos, é claro, m as de m uitos) acham que o trabalho deles é mais inportante. Às vezes parece que eles pensam que a gente nem trabalha. Pagamos as contas com algum dinheiro miraculoso que aparece no banco no fim do mês. Simples. Livros, por exemplo, saem publicados como que por milagre! Já eles, nossa, todos os dias parecem cuidar de missões tão importantes quanto o acordo com o Irã. A doença é tão grave que atinge até homens que não trabalham, Sério! Eles pensam que a falta de
As ensinanças da dúvida Thiago de Mello Tive um chão (mas já faz tempo) todo feito de certezas tão duras como lajedos. Agora (o tempo é que o fez) tenho um caminho de barro umedecido de dúvidas. Mas nele (devagar vou) me cresce funda a certeza de que vale a pena o amor.
Sobre o caminho Eugenio de Andrade Nem o branco fogo do trigo nem as agulhas cravadas na pupila dos pássaros te dirão a palavra. Não interrogues não perguntes entre a razão e a turbulência da neve não há diferença. Não colecciones dejectos o teu destino és tu. Despe-te não há outro caminho.
Eu sempre me esforcei pra te incentivar Tua falta de caminho me detinha a intenção Eu sempre te deixei bem à vontade Mas tua falta de vontade me desmotivou. "Já foi", Jota Quest.
Buenos Aires Ana Martins Marques Das longas avenidas que inventamos sem nunca percorrer senão com a boca suja de palavras alguma ficará para cenário quando numa noite ― mas não nesta ― um de nós deixar o outro para sempre.
Aniversário Maria Vale de Gato Há tanto tempo eu trazia um vestido curto nós subíamos as escadas eu à frente sem reparar deixava as pernas ao desamparo do teu agrado, tínhamos bebido ao meu futuro e era uma fuga o teu presente um disco que me deste reluzia em semi-círculo e a nós excitava seriamente escapar eu fazia vinte anos tu relanceavas-me as pernas eu abandonava a adolescência nem olhara para trás tu miravas-me as pernas de trás. Nós subíamos ao telhado eu trazia um vestido curto nós estávamos tristes creio tu fingias-te um sátiro e nós subíamos ao alto desarmados. O tambor do sol batia nos olhos que a luz e o álcool e a luz e o álcool diminuíam e os brancos raiavam o solstício incandescentes eu fazia vinte anos tu tinhas-me dado uma música eu rodava-a na mão e o sol girava no gume do metal eu de vestido curto descrevia um círculo de desejo nós estávamos tristes creio nós tínhamos subido e a crista das telhas beliscava na pele petéquias de luz e tu ao disco do sol dançavas e e
Foi a minha mãe que mandou pra mim e pros meus irmãos por email, dizendo assim: " Esse texto lindo é da Lya Luft, mas pode ser de uma mãe que ame seus filhos assim como eu amo vocês. Vai, eu sei que você deve estar com preguiça de ler, mas é lindo! Bjs, Regina" . Porque eu tenho sorte... A canção de qualquer mãe Lya Luft Que nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos – algo que só pode nascer entre nós. Que quando eu me aproxime, meu filho, você não se encolha nem um milímetro com medo de voltar a ser menino, você que já é um homem. Que quando eu a olhe, minha filha, você não se sinta criticada ou avaliada, mas simplesmente adorada, como desde o primeiro instante. Que, quando se lembrarem de sua infância, não recordem os dias difíceis (vocês nem sabiam), o trabalho cansativo, a saúde não tão boa, o
Roubado diretamente do blog da Jô , que postou um pedacinho e me obrigou a me apaixonar e procurar o texto inteiro. Então pode muito bem ser um post atrasado pelo aniversário dela. Parabéns, Jô. Porque você é muito linda. Os Três Mal Amados João Cabral de Melo Neto O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina. O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em me
Para a minha mãe. E para a mãe dela. Para sempre Carlos Drummond de Andrade Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra - mistério profundo - de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.
Pac to F abrício Carpinejar Sou um desvairado. Aposto em casamento. Mergulho em saideiras intermináveis na mesa de bar e apanho porque sou minoria. Meu chope tem colarinho de padre. É enlouquecedor convencer alguém que usa sua experiência. É como se a experiência fosse um argumento incontestável. Já reneguei muita lembrança que não me acrescentou em nada. Nem toda experiência ensina, que mania a de se vangloriar do passado apocalíptico e jogar na cara: eu vivi dois casamentos, sei do que falo. Faz favor, há coisas que vivo que apenas me tiram as palavras. Se alguém tem propriedade no assunto é Thiago de Mello, que casou trinta vezes, mais ninguém. Nem eu. Amo casamento com todo peso da árvore feminina da família. Torna qualquer detalhe revelador, chance de traficar ternura na necessidade de comprar gás ou arrumar o portão da garagem. Perguntar que horas ela volta é uma preocupação comovente, de quem deseja ficar mais tempo junto. O que são os problemas perto da alegria de poder contá-l
Inocentes do Leblon Carlos Drummond de Andrade Os inocentes do Leblon não viram o navio entrar. Trouxe bailarinas? trouxe imigrantes? trouxe um grama de rádio? Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram, mas a areia é quente, e há um óleo suave que eles passam nas costas, e esquecem.
"- Não ligo para o título mineiro conquistado pelo Atlético. Aliás, não aguento mais os jogadores do Atlético ligando para os do Cruzeiro para pedir alguma coisa do free shop." Quem disse foi o Zezé Perrela. Eu nem gosto dele, mas foi engraçado, confessa. (obs: eu ligo para o título mineiro conquistado pelo Atlético. E o Zezé Perrela também. É só charminho a nossa cara blasé ).
Os moleques do Santos são tão prepotentes - alguém precisa abaixar aquelas golas do uniforme levantadas, meu deus - que ontem eu me peguei torcendo pro Atlético. O Atlético. Com o Luxemburgo como técnico. Mas já passou.
João e a (velha) Maria Tati Bernardi Duas vezes eu quase morri de saudades de você. Uma quando eu vi Closer e lembrei que o amor, como deveria, não existe. E outra quando escutei sem esperar “Quem te viu, quem te vê” e lembrei que você era um pedaço charmoso de tudo o que o mundo e a vida têm de mais charmoso. Doeu lembrar ou aceitar que esse pedaço não existe mais nem no predinho azul e nem no sofá azul. Neste dia você finalmente morreu, e eu chorei de luto sem teatro, de luto não atual, de resto de luto. De um luto morto. Você namora, casou, sei lá, com a menina de bolsas e saias bonitas que não tem cara de louca. E essa é a minha vingança, porque eu sei que você é mais feliz sem loucura, mas a felicidade e a normalidade não existem. Eu ainda acho que a gente tinha alguma verdade que faz você, nem que seja a cada 100 anos, arranhar um Chico Buarque em meu luto. Um luto cheio de vida. Vez ou outra chegam aqueles seus emails que você responde por educação e são cheios de fra
Julia Randall , “Lick Line” series.
Amanhecer Nuno Júdice Ouço bater o teu coração nesta manhã em que uma luz de argila constrói o busto do tempo, que um dia descobrirás dentro de ti, e onde irás reconhecer um rosto outrora amado. Mas não esperes; o dia de hoje é o dia que desejas, e não é todas as manhãs que esta luz te abraça com o seu fulgor de ave, convidando-te a partir até ao fim da terra. Não precisas de levar contigo mais do que o sorriso que se abriu no instante em que o sol nasceu; e poderás enchê-lo com as palavras que tantas vezes esboçaste, sem as dizer, e agora fazem parte dos teus lábios como a flor, que pertencia ao caule de onde a cortei, para a deixar na mesa que ficará vazia.
Estranheza do mundo Ferreira Gullar Olho a árvore e indago: está aí para quê? O mundo é sem sentido quanto mais vasto é. Esta pedra esta folha este mar sem tamanho fecham-se em si, me repelem. Pervago em um mundo estranho. Mas em meio à estranheza do mundo, descubro uma nova beleza com que me deslumbro; é teu doce sorriso é tua pele macia são teus olhos brilhando é essa tua alegria. Olho a árvore e já não pergunto "para quê"? A estranheza do mundo se dissipa em você.
Cores do mar, festa do sol... Dos guardados da minha mãe, minhas anotações aos cinco anos. Porque eu comecei bem cedo a levantar material para este blog.
... And I'll lie too and say I don't mind, and as we seek so shall we find And when you're feeling open I'll still be here, but not without a certain degree of fear Of what will be with you and me, I still can see things hopefully But you, why you wanna give me a run-around? Is it a sure-fire way to speed things up when all it does is slow me down. "Run around", Blues Traveler