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A serenata
Adélia Prado

Uma noite de lua pálida e gerânios ele viria com boca e mãos incríveis tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia, os cabelos entristecidos, a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem, de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos - só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?

Comentários

Anônimo disse…
adélia é que era mulher de verdade.

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Sex and the city . Nunca vi - nunca mesmo - e não gostei. Acho deprimente o bando de mulheres na faixa dos trinta (vejam bem: não estou falando de adolescentes!) que acreditam que Nova York é aqui, que se sentem modernetes porque lêem Nova (audácia!), que fazem tratados sobre o significado oculto do comportamento masculino e que - esta é a cereja do bolo - anunciam numa mesa de bar: "nossa, eu sou muito a Carrie" ou qualquer uma das personagens caricatas do seriado. É só um programinha de TV, meninas. De outro país, outra cultura, sobre mulheres que têm roupas e depressões fashion-bacaninhas (não, não precisa ter assistido pra saber do que se trata). Pelo amor de Deus. E depois a gente é obrigada a escutar que falta "homem interessante" no mundo.
"Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total". Tem Lacan pra estudar, mas G. Rosa não tá deixando.
Ganhei um presentão . Nenhuma data especial. Presente de amigo, mesmo. Muitos corações, Nando. Que bom que eu conheci você. E q ue bom que as coisas andam tão certas nesta vida tão doida.