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Poema esquisito
Adélia Prado

Dói-me a cabeça aos trinta e nove anos.
Não é hábito. É rarissimamente que ela dói.
Ninguém tem culpa.
Meu pai, minha mãe descansaram seus fardos,
Não existe mais o modo
De eles terem seus olhos sobre mim.
Mãe, ô mãe, ô pai, meu pai. Onde estão escondidos?
É dentro de mim que eles estão.
Não fiz mausoléu pra eles, pus os dois no chão.
Nasceu lá, porque quis, um pé de saudade roxa,
Que abunda nos cemitérios.
Quem plantou foi o vento, a água da chuva.
Quem vai matar é o sol.
Passou finados não fui lá, aniversário também não.
Pra que, se pra chorar qualquer lugar me cabe?
É de tanto lembrá-los que eu não vou.
ôôôô pai
ôôôô mãe
Dentro de mim elas respondem
Tenazes e duros,
porque o zelo do espírito é sem meiguices:
ôôôôi fia.

Comentários

Anônimo disse…
Postagens "mas" antigas? O que é isso? Espanhol sem acento? Ou é o primeiro caso de se cometer, às avessas, um dos erros mais clássicos (trocar 'mas' por 'mais').

Eu hein...
Dri disse…
Nando, o responsável por isso é o próprio blogspot, esse link é parte integrante do layout... e se alguém souber tirar essa coisa horrível do meu blog tão lindo, ganha um doce.

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