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Branquinha!

Depois de dois anos é que confessou que gostava de Fafá de Belém. Pensou que eu não aguentaria. Você tem dessas. Acha que não será amada como se amou. Acha que pode resolver tudo sozinha. Já ouvi gritando num desentendimento: "Não tem problema, cuido de mim, tô acostumada". Se fico preocupado, diz que é uma forma de culpá-la. Não deseja incomodar. Odeia depender do amor de um homem, que é muito pior do que depender de um homem. Odeia me amar porque contrario tudo o que esperava da independência de um casal. Talvez se perceba abençoada por uma maldição. Eu me assusto sempre, você que não prevê. Susto de ternura. A ternura me excita. Adoro quando come e transforma todo alimento em molho dos outros. Adoro quando escolhe uma calça e põe a pilha delas no chão, para não esquecer qual usou. Adoro que chama seus melhores amigos de amado/amada e seus pacientes de flor. É uma floricultura ao telefone. Adoro quando me dá uma série de beijinhos pelo rosto, como se me banhasse de sopro. Adoro que deixa as portas abertas do armário da cozinha para me lembrar do que falta comprar no mercado. Adoro que adormece de repente e acorde, elétrica, procurando recuperar a excitação noturna. Adoro que pode dirigir a cidade inteira de ré, segurando minha mão: seu retrovisor. O que também não confessei é que gosto de
Fafá de Belém.

Carpinejar

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Sex and the city . Nunca vi - nunca mesmo - e não gostei. Acho deprimente o bando de mulheres na faixa dos trinta (vejam bem: não estou falando de adolescentes!) que acreditam que Nova York é aqui, que se sentem modernetes porque lêem Nova (audácia!), que fazem tratados sobre o significado oculto do comportamento masculino e que - esta é a cereja do bolo - anunciam numa mesa de bar: "nossa, eu sou muito a Carrie" ou qualquer uma das personagens caricatas do seriado. É só um programinha de TV, meninas. De outro país, outra cultura, sobre mulheres que têm roupas e depressões fashion-bacaninhas (não, não precisa ter assistido pra saber do que se trata). Pelo amor de Deus. E depois a gente é obrigada a escutar que falta "homem interessante" no mundo.
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