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Axé com cérebro.



Reconvexo
Caetano Veloso

Eu sou a chuva que lança a areia do Saara sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara, água e folha da Amazônia
Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra, você não me pega, você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?
Que não sentiu o suingue de Henri Salvador, que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol, que não, que não e nem disse que não
Eu sou um preto norte-americano forte com um brinco de ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música, a mais velha, a mais nova espada e seu corte
Sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá Gogóia, seu olho me olha mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô, quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor?
Quem não amou a elegância sutil de Bobô, quem não é Recôncavo e nem pode ser reconvexo.

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Sex and the city . Nunca vi - nunca mesmo - e não gostei. Acho deprimente o bando de mulheres na faixa dos trinta (vejam bem: não estou falando de adolescentes!) que acreditam que Nova York é aqui, que se sentem modernetes porque lêem Nova (audácia!), que fazem tratados sobre o significado oculto do comportamento masculino e que - esta é a cereja do bolo - anunciam numa mesa de bar: "nossa, eu sou muito a Carrie" ou qualquer uma das personagens caricatas do seriado. É só um programinha de TV, meninas. De outro país, outra cultura, sobre mulheres que têm roupas e depressões fashion-bacaninhas (não, não precisa ter assistido pra saber do que se trata). Pelo amor de Deus. E depois a gente é obrigada a escutar que falta "homem interessante" no mundo.
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