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Roxo
Guimarães Rosa

Deixa que o levem, agora,
que a mulher cristã da sala
já quer ir embora...
Ela desceu dos teus olhos de choro,
magnética e profunda, como um rastro
de ametistas mortas...
Passou pelas olheiras fundas,
pousou nos ramalhetes de saudades,
tocou nas fitas das coroas, longas
como equimoses...
E agora, vê: vai passeando,
de leve, pelos lábios, pelo rosto,
pelo corpo,
pelos dedos, duros do teu esposo morto...
Ela quer ir embora...
Deixa que o levem, agora...

Comentários

Isabella disse…
Poxa, esse poema é lindo. Emotiva, chorei quando li pela primeira vez.

"Ela que ir embora..
Deixem que o levem, agora.."

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Sex and the city . Nunca vi - nunca mesmo - e não gostei. Acho deprimente o bando de mulheres na faixa dos trinta (vejam bem: não estou falando de adolescentes!) que acreditam que Nova York é aqui, que se sentem modernetes porque lêem Nova (audácia!), que fazem tratados sobre o significado oculto do comportamento masculino e que - esta é a cereja do bolo - anunciam numa mesa de bar: "nossa, eu sou muito a Carrie" ou qualquer uma das personagens caricatas do seriado. É só um programinha de TV, meninas. De outro país, outra cultura, sobre mulheres que têm roupas e depressões fashion-bacaninhas (não, não precisa ter assistido pra saber do que se trata). Pelo amor de Deus. E depois a gente é obrigada a escutar que falta "homem interessante" no mundo.
"Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total". Tem Lacan pra estudar, mas G. Rosa não tá deixando.
Ganhei um presentão . Nenhuma data especial. Presente de amigo, mesmo. Muitos corações, Nando. Que bom que eu conheci você. E q ue bom que as coisas andam tão certas nesta vida tão doida.