Por que precisamos de alguém
Martha Medeiros
Pode acontecer a qualquer hora do dia, de qualquer dia. Numa sexta-feira às 17h20m de uma tarde nublada. Você decide que não quer mais fazer o que faz, que precisa trocar de profissão ou trocar de país mas lembra que pra isso precisa de uma grana que não tem, o sonho de repente fica distante mas a angústia segue brutal, e então a solução: o telefone. Você liga pra pessoa que mais conhece você, que melhor decifra suas neuroses, e não é sua mãe nem seu psiquiatra: é ele. Aquela pessoa a quem você chama intimamente de amor.
Do outro lado da linha, o seu amor ouve pacientemente toda sua narrativa turbulenta e irracional, dá uma risada que não é de deboche e sim de quem já viu/ouviu essa cena duas mil vezes e diz: daqui a pouco eu tô aí e a gente conversa sobre isso.
Daqui a pouco passa rápido e ele chega. Você não está mais pensando exatamente aquilo que estava pensando antes. Aquilo evoluiu para um diagnóstico emocional torturante: você não vai mais trocar de emprego nem de país, simplesmente porque descobriu que é uma pessoa instável, maluca e com fraquezas que se revelam no meio de uma tarde nublada, e que sendo assim é melhor ficar onde está. Mas chora. Não vai perder esta oportunidade.
Seu amor lhe dá um abraço de urso, faz estalar sua terceira e quarta vértebras e fala que bom que você não vai embora, então que tal um cinema pra comemorar? Ao se olhar no espelho você se depara com uma mulher seis anos mais velha e 750ml de lágrimas mais inchada, mas antes que comece a chorar de novo, ele diz: tá linda. Vamos nessa.
O filme termina e você quer conversar. Mais calma, conta pra ele como é difícil pra você manter suas escolhas, que às vezes você gostaria de experimentar sensações novas mas é complicado abrir mão do conhecido em favor do desconhecido e, olha, juro, dessa vez não é TPM. Então ele diz que também sente isso às vezes, dá um puta beijo nela e, olhando bem no seu olho, diz: é TPM, sim, mas não tem importância.
Amor não é mais do que isso.
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Pode acontecer a qualquer hora do dia, de qualquer dia. Numa sexta-feira às 17h20m de uma tarde nublada. Você decide que não quer mais fazer o que faz, que precisa trocar de profissão ou trocar de país mas lembra que pra isso precisa de uma grana que não tem, o sonho de repente fica distante mas a angústia segue brutal, e então a solução: o telefone. Você liga pra pessoa que mais conhece você, que melhor decifra suas neuroses, e não é sua mãe nem seu psiquiatra: é ele. Aquela pessoa a quem você chama intimamente de amor.
Do outro lado da linha, o seu amor ouve pacientemente toda sua narrativa turbulenta e irracional, dá uma risada que não é de deboche e sim de quem já viu/ouviu essa cena duas mil vezes e diz: daqui a pouco eu tô aí e a gente conversa sobre isso.
Daqui a pouco passa rápido e ele chega. Você não está mais pensando exatamente aquilo que estava pensando antes. Aquilo evoluiu para um diagnóstico emocional torturante: você não vai mais trocar de emprego nem de país, simplesmente porque descobriu que é uma pessoa instável, maluca e com fraquezas que se revelam no meio de uma tarde nublada, e que sendo assim é melhor ficar onde está. Mas chora. Não vai perder esta oportunidade.
Seu amor lhe dá um abraço de urso, faz estalar sua terceira e quarta vértebras e fala que bom que você não vai embora, então que tal um cinema pra comemorar? Ao se olhar no espelho você se depara com uma mulher seis anos mais velha e 750ml de lágrimas mais inchada, mas antes que comece a chorar de novo, ele diz: tá linda. Vamos nessa.
O filme termina e você quer conversar. Mais calma, conta pra ele como é difícil pra você manter suas escolhas, que às vezes você gostaria de experimentar sensações novas mas é complicado abrir mão do conhecido em favor do desconhecido e, olha, juro, dessa vez não é TPM. Então ele diz que também sente isso às vezes, dá um puta beijo nela e, olhando bem no seu olho, diz: é TPM, sim, mas não tem importância.
Amor não é mais do que isso.
Comentários
Agora é minha vez: tá bem? Nos posts Ontem e Hoje as entrelinhas deixaram escapar muita coisa. Beijo e tudo de melhor pra você!
Beijo!
Carol sua irma!