Abaixo o Photoshop!
Barroso da Costa (www.osimpublicaveis.com.br)
Como nunca, a passagem dos anos tem afligido as pessoas, que fazem de tudo para se livrar de suas rugas, de alguns quilos que consideram a mais ou de qualquer coisa que as faça lembrar que, dia após dia, estão envelhecendo. As cirurgias plásticas nunca estiveram tão em alta e as academias vomitam homens e mulheres com mais – às vezes bem mais – de trinta anos, em roupas muito justas e coloridas, à caça da eterna juventude que o mercado lhes impõe como conditio sine qua non para a felicidade.
Nada contra uma vida mais saudável ou belos corpos, a qualquer idade. Pelo contrário, limitando-me à estética feminina, a que me rendo com fascínio, posso afirmar sem constrangimento que acho lindas as bundas durinhas e os seios exibidos em decotes, sem falar nas pernas bem torneadas cheias de promessas de tirar o fôlego.
O problema é que, em nossa cultura adultescente, tudo isso muitas vezes não passa de promessa, que se esvazia à menor aproximação. Parece que as plásticas, regimes e lipoaspirações têm suprimido não só rugas e gorduras dos que a estes se submetem, mas também a capacidade de ser adulto, com outras ocupações e preocupações que levam a um bom papo, boas risadas, à possibilidade de compartilhar experiências e dividir boas lembranças. Sem isso, só nos resta o desencontro de que tanto se reclama.
O encontro capaz de trazer alguma felicidade pressupõe pessoas, que vão muito além de corpos sarados. Pessoas que malharam na vida, na luta do dia-a-dia. Sujeitos que erraram, acertaram, mas que entre venturas e desventuras foram capazes de construir uma história, que faça rir, chorar e que, em algum ponto, possam amarrar-se à história de outras pessoas. Corpos podem até se unir, porém, por si só, não são capazes de definir laços.
Mulheres perfeitas, só com Photoshop, que, além dos defeitos – digo por mim –, faz sumir todo tesão. Mulher gostosa é de carne e osso, tem mais carne que osso e normalmente fala pelos cotovelos, não podendo ser encontrada na banca mais próxima, a não ser que trabalhe nela. Pra ser mais gostosa ainda, tem que saber e gostar de conversar, ter um pouquinho de celulite e braços deliciosamente carnudos, que é pra gente poder puxar num vem cá meu bem, sem medo de rasgar a folha da revista. Se tiver muita sorte, pode exibir refinadíssimos pés-de-galinha e leves parênteses que envolvam toda uma história desvelada por seus sorrisos e expressões.
Agora, a mais delícia de todas, que merece um parágrafo especial, é aquela que tem isso tudo e ainda sabe fingir que é frágil, deixando a impressão de que precisa de você para protegê-la de todos os males do mundo. Sabe deitar no seu peito e deixar que você lhe faça um carinho, sem por isso se culpar, achando que com este gesto abandonado repete a submissão que tanto abomina no comportamento da mãe. Ela acorda despenteada, espreguiça gostosamente e, enquanto você faz um café, constata que está tarde para ir à academia, irá amanhã. Então, sem neuras, toma um banho, te dá um beijo e deixa você lhe dar uma carona para o trabalho.
Dito isso, neste ano novo, conclamo todas vocês, lindas mulheres do meu Brasil, a, numa cruzada metafórica, unirem-se contra o Photoshop! Mas, por favor, a não ser em rituais íntimos, jamais queimem seus sutiãs meias-taças...
Como nunca, a passagem dos anos tem afligido as pessoas, que fazem de tudo para se livrar de suas rugas, de alguns quilos que consideram a mais ou de qualquer coisa que as faça lembrar que, dia após dia, estão envelhecendo. As cirurgias plásticas nunca estiveram tão em alta e as academias vomitam homens e mulheres com mais – às vezes bem mais – de trinta anos, em roupas muito justas e coloridas, à caça da eterna juventude que o mercado lhes impõe como conditio sine qua non para a felicidade.
Nada contra uma vida mais saudável ou belos corpos, a qualquer idade. Pelo contrário, limitando-me à estética feminina, a que me rendo com fascínio, posso afirmar sem constrangimento que acho lindas as bundas durinhas e os seios exibidos em decotes, sem falar nas pernas bem torneadas cheias de promessas de tirar o fôlego.
O problema é que, em nossa cultura adultescente, tudo isso muitas vezes não passa de promessa, que se esvazia à menor aproximação. Parece que as plásticas, regimes e lipoaspirações têm suprimido não só rugas e gorduras dos que a estes se submetem, mas também a capacidade de ser adulto, com outras ocupações e preocupações que levam a um bom papo, boas risadas, à possibilidade de compartilhar experiências e dividir boas lembranças. Sem isso, só nos resta o desencontro de que tanto se reclama.
O encontro capaz de trazer alguma felicidade pressupõe pessoas, que vão muito além de corpos sarados. Pessoas que malharam na vida, na luta do dia-a-dia. Sujeitos que erraram, acertaram, mas que entre venturas e desventuras foram capazes de construir uma história, que faça rir, chorar e que, em algum ponto, possam amarrar-se à história de outras pessoas. Corpos podem até se unir, porém, por si só, não são capazes de definir laços.
Mulheres perfeitas, só com Photoshop, que, além dos defeitos – digo por mim –, faz sumir todo tesão. Mulher gostosa é de carne e osso, tem mais carne que osso e normalmente fala pelos cotovelos, não podendo ser encontrada na banca mais próxima, a não ser que trabalhe nela. Pra ser mais gostosa ainda, tem que saber e gostar de conversar, ter um pouquinho de celulite e braços deliciosamente carnudos, que é pra gente poder puxar num vem cá meu bem, sem medo de rasgar a folha da revista. Se tiver muita sorte, pode exibir refinadíssimos pés-de-galinha e leves parênteses que envolvam toda uma história desvelada por seus sorrisos e expressões.
Agora, a mais delícia de todas, que merece um parágrafo especial, é aquela que tem isso tudo e ainda sabe fingir que é frágil, deixando a impressão de que precisa de você para protegê-la de todos os males do mundo. Sabe deitar no seu peito e deixar que você lhe faça um carinho, sem por isso se culpar, achando que com este gesto abandonado repete a submissão que tanto abomina no comportamento da mãe. Ela acorda despenteada, espreguiça gostosamente e, enquanto você faz um café, constata que está tarde para ir à academia, irá amanhã. Então, sem neuras, toma um banho, te dá um beijo e deixa você lhe dar uma carona para o trabalho.
Dito isso, neste ano novo, conclamo todas vocês, lindas mulheres do meu Brasil, a, numa cruzada metafórica, unirem-se contra o Photoshop! Mas, por favor, a não ser em rituais íntimos, jamais queimem seus sutiãs meias-taças...
Comentários
Prazer em conhecer! (risos).
Abraços,
Daniel Matta Machado
Por coincidência estava planejando escrever sobre esse mesmo assunto!
Essas pessoas deviam prestar atenção às fotos que andam saindo de festas chiques em jornais e revistas onde as senhoras plastificadas protagonizam um verdadeiro show de horrores! Elza Soares que me desculpe... é um exemplo famoso do exagero e falta de noção. Agora, eu confesso: ginástica, só mesmo por necessidade, porque bom mesmo, é ficar debaixo do cobertor, ainda mais nesse frio...