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O poeta

Manoel de Barros

Vão dizer que não existo propriamente dito.

Que sou um ente de sílabas.

Vão dizer que eu tenho vocação pra ninguém.

Meu pai costumava me alertar:

Quem acha bonito e pode passar a vida a ouvir o som

das palavras

Ou é ninguém ou zoró.

Eu teria treze anos.

De tarde fui olhar a Cordilheira dos Andes que

se pendia nos longes da Bolívia

E veio uma iluminura em mim.

Foi a primeira iluminura.

Daí botei meu primeiro verso:

Aquele morro bem que entorta a bunda da paisagem.

Mostrei a obra pra minha mãe.

A mãe falou:

Agora você vai ter que assumir as suas

irresponsabilidades.

Eu assumi: entrei no mundo das imagens.

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