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Mostrando postagens de setembro, 2005
Do filme "Mar adentro". Tão lindo quanto o filme. Mar adentro, mar adentro, y en la ingravidez del fondo donde se cumplen los sueños, se juntan dos voluntades para cumplir un deseo. Un beso enciende la vida con un relámpago y un trueno, y en una metamorfosis mi cuerpo no es ya mi cuerpo; es como penetrar al centro del universo: El abrazo más pueril, y el más puro de los besos, hasta vernos reducidos en un único deseo: Tu mirada y mi mirada como un eco repitiendo, sin palabras: más adentro, más adentro, hasta el más allá del todo por la sangre y por los huesos. Pero me despierto siempre y siempre quiero estar muerto para seguir con mi boca enredada en tus cabellos.
Mothern , de novo. Tomara que elas não me processem. Quem mandou elas serem ótimas? Eu com as quatro eu com ela eu com ela nós por cima nós por baixo... Lembra dessa brincadeira? Depois de adulta, não parece sacanagem?
Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito. Manoel de Barros
Bonito demais. É um dos meus preferidos há muito, muito tempo... e ainda se chama "Psicanálise do açúcar". Psicanálise do açúcar João Cabral de Melo Neto O açúcar cristal, ou açúcar de usina, mostra a mais instável das brancuras; quem do Recife sabe direito o quanto, e o pouco desse quanto, que ela dura. Sabe o mínimo do pouco que o cristal se estabiliza cristal sobre o açúcar, por cima do fundo antigo, de mascavo, do mascavo barrento que se incuba; e sabe que tudo pode romper o mínimo em que o cristal é capaz de censura: pois o tal fundo mascavo logo aflora quer inverno ou verão mele o açúcar.
Os versos que te fiz Florbela Espanca Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda... Que a boca da mulher é sempre linda Se dentro guarda um verso que não diz! Amo-te tanto! E nunca te beijei... E nesse beijo, Amor, que eu te não dei Guardo os versos mais lindos que te fiz! *** Saudades Florbela Espanca Saudades! Sim... talvez... e porque não?... Se o nosso sonho foi tão alto e forte Que bem pensara vê-lo até à morte Deslumbrar-me de luz o coração! Esquecer! Para quê?...Ah! Como é vão! Que tudo isso, Amor, nos não importe. Se ele deixou beleza que conforte Deve-nos ser sagrado como o pão! Quantas vezes, Amor, já te esqueci, Para mais doidamente me lembrar, Mais doidamente me lembrar de ti! E quem dera que fosse sempre assim: Quanto menos quisesse recordar Mais a saudade andasse presa a mim!
Sentimental Carlos Drummond de Andrade Ponho-me a escrever teu nome com letras de macarrão. No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruçados na mesa todos contemplam esse romântico trabalho. Desgraçadamente falta uma letra, uma letra somente para acabar teu nome! Está sonhando? Olhe que a sopa esfria! Eu estava sonhando... E há em todas as consciências, um cartaz amarelo: "Nesse país é proibido sonhar". *** Verbo Ser Carlos Drummond de Andrade Que vai ser quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer.
Eu não passo mal. As pessoas que passam mal Nina Lemos (site 2neurônio ) "Tô passando mal". Quem me conhece já deve ter ouvido essa frase algumas vezes. Isso porque, como bem definiu a Jô em um momento em que eu falei a frase... eu sou uma pessoa que passa mal. E essa é mais uma forma de divisão do mundo. As pessoas que passam mal geralmente são histéricas (hello, Freud). E sim, quase sempre são mulheres. Sofremos de tontura, confusão mental, pressão baixa, desmaios. Tudo sem motivo aparente, ou com motivos ridículos que pra gente fazem todo sentido. Nesta última vez em que falei a frase, eu estava em um show revival do Fellini, uma das bandas que eu mais amo no mundo. Estava cheio de gente do passado, pessoas de antigamente, passantes famosos, como o Paulo Ricardo de chapinha e o Marcelo Bonfá parecendo o Jon Bon Jovi. É ou não é motivo para passar mal? Nós estamos acostumados a sermos levados pela mão por pessoas para tomar um ar. Ou a ouvir a frase: "você quer sal?&q
Oferenda Itamar Assumpção Tenho mil segredos para te contar Abri todas as conchas do mar Dentro delas achei pérolas Com algumas te fiz um colar Um colar de pérolas Lisas e bem redondas Lindas bolas claras Contas de perder a conta Em todos os dedos você vai usar Anéis que eu mandei buscar Uns no fim do mundo três gemas em Minas Outros dez na Conchinchina meu amor É teu meu tesouro Ouro puro e lírios Meu amor eu juro Meu palácio com antúrios Peço pense devagar nessa oferenda Se recusas ou aceitas Essa oferenda Peço pense devagar Nessa oferenda Só não tens a vida toda Pra pensar.
Entusiasmada com meu comentário sobre sua excelente influência em minha vida, feito no post anterior, minha mãe saiu avidamente à busca de novidades para este blog. Olhaí o resultado. Eu falei, eu falei... MILÁGRIMAS Itamar Assumpção - Alice Ruiz Em caso de dor, ponha gelo Mude o corte do cabelo Mude como modelo Vá ao cinema, dê um sorriso Ainda que amarelo Esqueça seu cotovelo Se amargo for já ter sido Troque já este vestido Troque o padrão do tecido Saia do sério, deixe os critérios Siga todos os sentidos Faça fazer sentido A cada milágrimas sai um milagre Em caso de tristeza vire a mesa Coma só a sobremesa Coma somente a cereja Jogue para cima, faça cena Cante as rimas de um poema Sofra apenas, viva apenas Sendo só fissura, ou loucura Quem sabe casando cura Ninguém sabe o que procura Faça uma novena, reze um terço Caia fora do contexto, invente seu endereço A cada milágrimas sai um milagre Mas se apesar de banal Chorar for inevitável Sinta o gosto do sal Sinta o gosto do sal Gota a
Foi minha mãe quem me ensinou a gostar de Fernando Pessoa. Aliás, minha mãe me ensinou a gostar de milhões de coisas boas nessa vida. TABACARIA Álvaro de Campos (1928) Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. (...) (Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. Come, pequena suja, come! Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho, Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.) (...) Vivi, estudei, amei e até cri, E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu. Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira, E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso); Talvez tenhas existido apenas, como um lagart
O seu santo nome Carlos Drummond de Andrade Não facilite com a palavra amor. Não a jogue no espaço, bolha de sabão. Não se inebrie com o seu engalanado som. Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro). Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra. Não a pronuncie.
Carlos Drummond de Andrade O chão é cama para o amor urgente, amor que não espera ir para a cama. Sobre tapete ou duro piso, a gente compõe de corpo e corpo a úmida trama. E para repousar do amor, vamos à cama.
O amor e seus contratos Carlos Drummond de Andrade Tanto nas juras mais vivas como nos beijos mais longos em que perduram salivas de outras paixões ainda ativas, sopro de angolas e congos, eu sinto a turva incerteza (ai, ouro de tredas lavras) da enovelada surpresa que põe tanto de estranheza nos contratos que tu lavras. Por mais que no teu falar brilhe a promessa incessante até o mundo acabar e mesmo depois - diamante de mil prismas incendidos, amarga-me o pensamento de serem pactos fingidos e nos seus subentendidos não vi, amor, valimento. Experiência de escrituras, eu tenho. De que me serve? Após sofridas leituras de emendas e rasuras, no peito a dúvida ferve, se nos mais doutos cartórios de Londres, Londrina, Lavras para assuntos amatórios, teus itens são ilusórios, só palavras e palavras. As nulidades tamanhas que te invalidam o trato não sei se provêm de manhas ou de vistas mais estranhas. Serão talvez teu retrato gravado em vento ou em sonho como aéreo documento que nunca mais r