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Mostrando postagens com o rótulo Ana Martins Marques
Trapézio Ana Martins Marques Uma vez vendo um número de circo apenas razoável à noite numa praça do interior (tédio e susto, alcoóis fortes, lua baça) foi que eu me dei conta de que nunca houve um trapezista que não estivesse apaixonado. Todos os poemas são de amor.
Em branco Ana Martins Marques Dizem que Cézanne quando certa vez pintou um quadro deixando inacabada parte de uma maçã pintou apenas a parte da maçã que compreendia. É por isso meu amor que eu dedico a você este poema em branco.
Mesa Ana Martins Marques Mais importante que ter uma memória é ter uma mesa mais importante que já ter amado um dia é ter uma mesa sólida uma mesa que é como uma cama diurna com seu coração de árvore, de floresta é importante em matéria de amor não meter os pés pelas mãos mas mais importante é ter uma mesa porque uma mesa é uma espécie de chão que apoia os que ainda não caíram de vez.
Ana Martins Marques. O meu mais recente amor da vida inteira. Não consigo parar. Poema de amor Ana Martins Marques Este é um poema de amor por isso nele não poderá faltar a menção a alguma flor e por isso digo rosa ou lírio ou simplesmente rubro, rubro e espero as páginas imantarem-se de vermelho por isso digo febre e noite e fumo para dizer ansiedade e desperdício de sêmen e de horas e cigarros à janela acesos como estrelas com a noite numa ponta e nós consumindo-nos na outra este é definitivamente um poema de amor por isso nele devo dizer casa e olhos e neblina e não devo dizer que o amor é uma doença uma doença do pensamento uma desordem que põe tudo o mais em desordem uma perda que põe tudo a perder e porque é um poema de amor sob pena de ser devolvido como uma carta sem destinatário (e todos sabem que não se deve brincar com os correios) este poema deve dirigir-se a alguém porque ...
Um monte de coisa aqui dentro. E um amor à primeira lida pela Ana Martins Marques. O brinco Ana Martins Marques Pode ser que como as estrelas as coisas estejam separadas por pequenos intervalos de tempo pode ser que as nossas mãos de um dia para o outro deixem de caber umas dentro das outras pode ser que no caminho para o cinema eu perca uma de minhas ideias preferidas e pode ser que já na volta eu me tenha resignado alegremente a essa perda pode ser que o meu reflexo sujo no vidro da lanchonete seja uma imagem de mim mais exata do que esta fotografia mais exata do que a lembrança que tem de mim uma antiga colega de colégio mais exata do que a ideia que eu mesma agora tenho de mim e portanto pode ser que a moça cansada de olhos tristes que trabalha na lanchonete tenha de mim uma imagem mais fiel do que qualquer outra pessoa pode ser que um gesto Qum jeito de dobrar os lábios te devolva subitamente toda a inf...
Buenos Aires Ana Martins Marques Das longas avenidas que inventamos sem nunca percorrer senão com a boca suja de palavras alguma ficará para cenário quando numa noite ― mas não nesta ― um de nós deixar o outro para sempre.