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Mostrando postagens de 2006
Post de amor em homenagem a um casal que eu adoro e que agora usa alianças. . A 2 De Nelson Botter. Ele acorda. Ela acorda. E a corda não arrebenta. Pode puxar, ela há de agüentar. Mais um dia, mais um mês, mais um ano, mais uma vida. Uma vida a dois, regada de dificuldades, mas que lhes proporciona colheitas espetaculares. Aprenderam os truques de um bom plantio. Nada sabem, é claro, mas sabem. Doeu aprender, mas como ele disse a uma querida leitora essa semana: "a dor é necessária", ainda mais quando o assunto é amor, que é quase um masoquismo, vai ver até é... vai ver e verá. Basta observar, estúpido cupido, as coisas boas da vida são sempre ligadas à dor, pois procuramos o gozo contínuo, a satisfação da insatisfação latente. E isso dói, como dói. Quem disse foi o velho do charuto, aquele da Rua Berggasse 19, nada tenho com isso e não aceito reclamações. Uma vida a dois dói muito, e não são todos que suportam a dor, não senhor, alguns preferem sofrer em outra freguesia, ca
Homens da minha vida . O cartão de Natal que me fez chorar foi o que meu pai deu pro Fer: . "Fernando, Pra ser família não é preciso nascer na família, é preciso conquistar um lugar. Isso você tem feito. Parabéns pelas realizações, feliz Natal e um excelente 2007". . Meus pais sempre receberam as pessoas na nossa casa e nas nossas vidas - deles, minha, dos meus irmãos - como se todos os dias fossem Natal: mesa posta, luzes acesas e um bom papo. Não saberia pedir mais do que eu tenho.
Lar ou ímpar Aldir Blanc - Pasquim n. 419 - 8 a 14/07/77 Singela homenagem ao divórcio, ao desquite, ao colt, ao serrote e demais formas de separação. A mulher da gente não quer ser a mulher que a gente tinha. Quer ser “nova a cada instante”. Bonito, né? E como aporrinha! Mas não há de ser nada. Tem troço mais chato, mais fora-de-moda do que mulher que não incomoda? A boa mulher deve azucrinar. Deve fazer perguntas sem resposta, bater portas, achar a sogra uma josta e discutir assuntos que variem desde a nova taxa cambial ao próprio ciclo menstrual passando pelo resultado do bicho E, bem no meio de uma frase do marido, dizer que o papo ta um lixo. Deve querer emagrecer ou engordar, deve exigir permanecer ou se mudar e recusar fazer o trivial pra experimentar – mal – nova receita. O lema é “nunca se dar por satisfeita”. Um exemplo, gostosa leitorinha: a mulher feliz, realizada, deve, por incrível que pareça, sentir palpitação, dor de cabeça e, repentinamente, ir se deitar. Agora, tem o
Impressionista Adélia Prado Uma ocasião, meu pai pintou a casa toda de alaranjado brilhante. Por muito tempo moramos numa casa, como ele mesmo dizia, constantemente amanhecendo.
DVDs do Chico Buarque. Todos, em uma caixa linda com fotos, textos... Chegando em casa, não conseguia ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei mais ainda indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, e achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante. Clarice Lispector.
Poema de Natal Vinícius de Moraes Para isso fomos feitos: Para lembrar e sermos lembrados Para chorar e fazer chorar Para enterrar os nossos mortos - Por isso temos braços longos para os adeuses Mãos para colher o que foi dado Dedos para cavar a terra. Assim será a nossa vida: Uma tarde sempre a esquecer Uma estrela a se apagar na treva Um caminho entre os túmulos - Por isso precisamos velar Falar baixo, pisar leve, ver A noite dormir em silêncio Não há muito que dizer: Uma canção sobre um berço Um verso, talvez de amor Uma prece por quem se vai - Mas que essa hora não se esqueça E por ela os nossos corações Se deixem, graves e simples. Pois para isso fomos feitos: Para a esperança no milagre Para a participação da poesia Para ver a face da morte - De repente nunca mais esperaremos... Hoje a noite é jovem; da morte, apenas Nascemos imensamente.
A serenata Adélia Prado Uma noite de lua pálida e gerânios ele viria com boca e mãos incríveis tocar flauta no jardim. Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa. Eu que rejeito e exprobro o que não for natural como sangue e veias descubro que estou chorando todo dia, os cabelos entristecidos, a pele assaltada de indecisão. Quando ele vier, porque é certo que vem, de que modo vou chegar ao balcão sem juventude? A lua, os gerânios e ele serão os mesmos - só a mulher entre as coisas envelhece. De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa?
Soneto do gato morto Vinicius de Moraes Um gato vivo é qualquer coisa linda Nada existe com mais serenidade Mesmo parado ele caminha ainda As selvas sinuosas da saudade De ter sido feroz. À sua vinda Altas correntes de eletricidade Rompem do ar as lâminas em cinza Numa silenciosa tempestade. Por isso ele está sempre a rir de cada Um de nós, e ao morrer perde o veludo Fica torpe, ao avesso, opaco, torto Acaba, é o antigato; porque nada Nada parece mais com o fim de tudo Que um gato morto.
ACONSELHÁVEL: aquilo que provavelmente você não está com a menor vontade de fazer. DEMORA: quando o tempo emperra na impaciência da gente. ESPONTÂNEO: o que vem assim: "vim!". FACEIRO: quem está muito contente porque está muito contente. FLERTE: quando se joga "escravos de Jó" com os olhos. FRUSTRAÇÃO: tristeza que fica quando a expectativa acaba. IDIOTA: quem pensa que sabe tudo sem saber que tudo é bem mais do que ele pensa. JINGLE: quando geladeira é musa. LÉPIDO: alguém que, por causa de uma alegria bem alegre, se sentiu coelho de repente. MÁGOA: ferida que gosta de bolero. NINGUÉM: todo aquele que não foi a uma festa que ficou vazia. OUSADIA: quando o coração diz pra coragem "vá" e a coragem vai mesmo. PAIXÃO: quando apesar da placa "perigo" o desejo vai e entra. PECADO: algo que os homens inventaram e então inventaram que foi Deus que inventou. RANCOR: quando o fundo do coração não consegue dizer "deixa pra lá". RIDÍCULO: tudo que
Fábula de um arquiteto João Cabral de Melo Neto A arquitetura como construir portas de abrir; ou como construir o aberto; construir, não como ilhar e prender, nem construir como fechar secretos; construir portas abertas, em portas; casas exclusivamente portas e teto. O arquiteto: o que abre para o homem (tudo se sanearia desde casas abertas) portas por-onde, jamais portas-contra; por onde, livres: ar luz razão certa. 2. Até que, tantos livres o amedrontando, renegou dar a viver no claro e aberto. Onde vãos de abrir, ele foi amurando opacos de fechar; onde vidro, concreto; até refechar o homem: na capela útero, com confortos de matriz, outra vez feto.
Eu andava brigada com o Caetano, mas depois de vê-lo ontem no palco, rindo daquele jeito cheio de covinhas... Eu me entrego. Paixão de novo. Não tenho inveja da maternidade nem da lactação. Não tenho inveja da adiposidade nem da menstruação. Só tenho inveja da longevidade e dos orgasmos múltiplos. Eu sou homem, pele solta sobre o músculo. Eu sou homem, pelo grosso no nariz. Não tenho inveja da sagacidade nem da intuição. Não tenho inveja da fidelidade nem da dissimulação. Só tenho inveja da longevidade e dos orgasmos múltiplos. (Homem, Caetano Veloso. Do disco "Cê"). PS: nota zero para o Chevrolet Hall. Falta de organização na saída, péssima acústica... e um calor insuportável. Pra completar, fui perguntar sobre o ar refrigerado para uma menina culturete da produção, e ela veio me explicar que "a Casa não tem ar. É quente mesmo, as pessoas que freqüentam já estão cientes disso. Semana passada, inclusive, teve um samba aqui e ficou muito, muito quente". Sim, bizarro.
Vivo ou morto. Meu reino por um homem interessante. Tati Bernardi . Não sei mais o que fazer das minhas noites durante a semana. Em relação aos finais de semana já desisti faz tempo: noites povoadas por pessoas com metade da minha idade e do meu bom senso. Nada contra adolescentes, muitos deles até são mais interessantes e vividos do que eu, mas to falando dos “fabricação em série”. Tô fora de dançar os hits das rádios e ter meu braço ou cabelo puxado por um garoto que fala tipo assim, gata, iradíssimo, tia. Tinha me decidido a banir a palavra “balada” da minha vida e só sair de casa para jantar, ir ao cinema ou talvez um ou outro barzinho cult desses que tem aberto aos montes em bequinhos charmosos. Mas a verdade é que por mais que eu ame minhas amigas, a boa música e um bom filme, meus hormônios começaram a sentir falta de uma boa barba pra se esfregar. Já tentei paquerar em cafés e livrarias, não deu muito certo, as pessoas olham sempre pra mim com aquela cara de “tô no meu mundo, f
Três anos de namoro. . “Evidentemente, estou falando da modalidade de vida que faz do amor o centro de tudo, que busca toda satisfação em amar e ser amado. (...) O lado fraco dessa técnica de viver é de fácil percepção, pois, do contrário, nenhum ser humano pensaria em abandonar esse caminho da felicidade por qualquer outro. É que nunca nos achamos tão indefesos contra o sofrimento como quando amamos, nunca tão desamparadamente infelizes como quando perdemos o nosso objeto amado ou o seu amor”. . FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização [1930].
Este poema é do irmão da Carlinha, minha amiga - agora venezuelana - que nunca acessaria um blog na vida e, portanto, nunca verá esta menção a ela. Vou ligar pra contar que ela mereceu uma homenagenzinha e tem merecido minhas saudades TODOS os dias. Amigo é uma coisa ótima (poetas também são, e o irmão da Carlota é mesmo muito bom). . Chapéu mexicano Luís Vilela Senhor, me vê um chapéu desses Isso, do grande; mexicano Pra eu usar em dia de sol E tirar em dia de chuva. Virar ao avesso Guardar dessa água. Fazer dele Um vaso de flor De raiz profunda À altura do meu Amor.
Amores platônicos, trepadas homéricas. De Xico Sá. O sexo no MSN. Intimidade em dez segundos. E depois, como fazer para curar o amor platônico se não rolar uma trepada homérica??? ...pra ficar tão-somente na comparação mais trágica e mais grega, saca? Kill bill gates? Ou, como diria na minha pátria, Mate Severino, mate! As cartas nas narrativas russas ou antigas demoravam séculos, léguas. Intimidades no lombo dos ursos, velho tchecov, nos trenós, rosebuds. Agora em dois segundo não estarás apenas lambendo selos das cartas, estarás no platonismo lambendo paus, cus ou bucetas, a depender do gosto. E tê-los, tê-las, tetas? Jovens, não esqueçam das ruas, dos banheiros, dos telhados, das mentiras, da história do olho, da baciazinha de leite na qual ela senta com a bunda como um gato a bebê-la... pra levantar pingando a vida pelo taco, segui-la, a lama, o charco, o pântano do amor até chegar no ponto mais fraco, a porra a nos colar xifópagos.
Já vivi e não tenho saudades. Tá bem, tenho um pouquinho de saudades (de chegar amassada depois de 13 horas de viagem com cheiro de ônibus da Gontijo, de ver dez filmes no quarto de hotel e não querer sair pra nada, da despedida com ar de novela mexicana...). Ainda assim, amor de perto é tão mais legal... Fer, ainda bem que você voltou. . O amor e a distância Raq Affonso . Você sempre foi contra o amor interestadual. O amor interpaíses. Interplanetários. Contra não. Na verdade, nunca acreditou que eles pudessem sobreviver. E aí você de repente você se depara com o seu amor. A 400 kms de distância!!!! E dá-lhe telefonemas. SMS. MSN. O amor através das siglas. E viagens. E um dia você está voltando do feriado de finados num ônibus da viação 1001. Está passando o filme "The Abyss". É sobre um grupo de mergulhadores que se vê às voltas com uma entidade do fundo do mar. Ao lado, um homem chora. Está emocionado com o filme. Você resolve comer o lanche oferendado pela aviação. Amend
João, meu paciente de 4 anos, passou ontem um tempão em silêncio montando um carrinho de Lego. Nem uma palavra durante a sessão. Resposta dele quando tentei falar alguma coisa: "sshhh! Não faz barulho, senão eu levado acordo!". O semblante de analista, é claro, sumiu automaticamente.
Memória Carlos Drummond de Andrade Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não. As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão.
No último fim de semana, meu irmão de 20 anos perdeu um amigo da mesma idade, que morreu dormindo, atacado por um infarto fulminante. Na noite de quinta, estavam juntos na festa de aniversário de outro amigo. Na manhã de sexta, o João estava morto, na sua cama, aos 20 anos. Simples assim. O desespero do meu irmão ao saber que o amigo tinha morrido e, por outro lado, a força que aqueles rapazes, quase moleques, deram uns aos outros nessa hora me comoveram de forma absurda. Quando soube da notícia, fiquei pensando no quanto gostar é difícil porque as coisas não são eternas, ao contrário: em alguns casos, duram menos que nossa mais modesta expectativa. Depois fiquei sabendo que a turma de amigos seguiu com seu luto tomando cerveja e jogando video-game na casa de um deles, lembrando do João e fazendo, afinal, o que ele também faria em um sábado à tarde se estivesse vivo. Não poderia existir forma mais bonita de sofrer e prestar homenagem. Tenho muito a aprender com esses quase-moleques de
"Se tudo começou com Big Bang, tinha que acabar com Big Mac". Trilha de Onqotô, do Grupo Corpo (que coisa o Onqotô, hein?).
Rota www.02neuronio.blog.uol.com.br Não existe coisa mais linda nesse mundo. Ele abre o porta-luvas daquele gol amarelo e – sem precisar se virar – lhe estende a mão com um pacote de lenços de papel. - Vamos para onde? E para onde íamos mesmo? Íamos para a Lua, para a Cidade do México, para as selvas escondidas do Laos. Íamos desbravar novas civilizações, percorrer todos os cafés de Paris, refazer a rota das especiarias, conquistar os 18 territórios. Mas o mundo encurtou. - Vamos para Gávea. Não existe coisa mais linda nesse mundo do que aquele silêncio amoroso. Ele não vai tentar decifrar os motivos. Não vai dizer que você merece coisa melhor. Nunca argumentará que foi melhor assim. E que ao menos foi rápido. Que você já passou por isso. Ele não ousará falar que as coisas vão ficar bem. Quem passa doze horas atrás de um volante sabe da vida de verdade. Se você nunca chorou num banco de trás de um táxi, talvez você tenha amado pouco. E por isso, justamente, tenha sido mais feliz.
O texto é da minha irmã, e eu amei. Sinto muito por estar em inglês, mas não posso mais lutar contra o fato de que minha irmã se tornou americana de vez. Tá lá em http://legallynormal.blogspot.com/ . Ana Carol em seu melhor humor. . Freedom of jeans and the dumb little brazilian girls This week has been a very good, busy, productive one, but I absolutely need it to be over. I can never make myself go to sleep before at least 2am, and that only adds up to 5 hours of sleep a night at most. Usually by Friday, when ideally someone should have slept 40 hours, I only slept 25, and you can clearly see it by the lack of make-up, the hair in a pony-tail that hasn't even been brushed, and the fact that I usually go out the door looking like I was blindfolded while getting dressed. One of the things that I absolutely LOVE about the new job is that there is no dress code. My old job did, except for casual Fridays, when we could wear jeans. I had never been a jeans type of girl, and the first
Livros que ensinam que as pessoas devem amar mais a si mesmas para ter uma vida mais longa são os livros mais perniciosos que existem, pois quem lê esse tipo de livro é idiota e, afinal, a quem interessa idiotas amando mais a si mesmos e vivendo cada vez mais e mais? Quem deseja narcisistas cretinos praticamente imortais? www.orabolas.blogspot.com
Catalogando os machos – utilidade pública para as fêmeas De Xico Sá. Tudo bem, bravas fêmeas, os homens são todos iguais, já sabemos. Alguns, no entanto, são bem mais perigosos que os outros. Em mais um serviço de utilidade pública, este cronista de costumes expõe aqui sua vitrine. Eis alguns tipos, noves fora a categoria metrossexual (já devidamente comentada nesta página) que merecem cuidados especiais: Homem-bouquet – aquele macho que entende de vinhos finos, abre a garrafa, cheira a rolha, balança na taça, sente o “bouquet” da bebida... O tipinho não perde um programa do Renato Machado no GNT, entra em sites franceses do gênero, reúne os amigos para aporrinhá-los com o tal “bouquet”... Mais uma advertência: o mesmo elemento costuma apreciar também o que ele chama de “um bom jazz”, uma “música de qualidade”... Corra, Lola, corra de criaturas desse naipe. Homem-hortinha _ Aquele mancebo que, ao receber as moças elegantemente para um jantar, usa o manjericão cultivado na própria ho
A amabilidade daqueles que querem te fuder Jô Hallack Não são nem nove da manhã , camisolinha e remelas nos olhos. O telefone toca. Do outro lado da linha, ela é amável, uma simpatia só, quase amor, um anjo.- Olá! Bom dia! Dona Giovana? É que você atrasou 3 dias e 15 segundos no pagamento da primeira parcela da renovação do seu seguro de carro.Eu o que? Me arrasto pela casa tentando alcançar o pote de café. E ela, mais doce que um suspiro:- Mas não tem problema! Só que agora você terá que ir fazer uma nova vistoria! Um segundo de silêncio enquanto tento digerir esta informação. Nova vistoria? O que isso significa? Como assim? Como? O quê? Dentro do meu cérebro, uma ajudante do mágico segura um cartaz onde se lê: "você se fudeu". Não! Não posso. Tenho trabalho, meu chefe não me deixa faltar, vou tirar meu pai da forca, levar as crianças na creche. Tenho hora no dentista. Vou passar o dia inteiro catando coquinhos. Não posso ficar nem mais um minuto com você. Juro que pago logo
"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo." Clarice Lispector
Vem, Mulher... Por Paulo Castro Vem mulher, vem logo, me liga, diz que tá chegando, que precisa de mim, apesar do sangue, sabe que não me importo, que o mundo é cheio de sangue e burrice, o teu é sagrado, é único, é até mesmo saboroso, que não provo pelo seu pudor, que idiotas consideram como birra... Vem com tudo, com o tesão em letra, meu poema em lata, onde, ontem eu disse tudo que sentia sobre você naquela entrevista, vi o resultado: antes do que imaginávamos, você virou tese de mestrado... Vem com sede ao pote, vem à sede do teu partido alto, se tivermos que fugir, vamos pra praia, que sem querer, digitei antes, pária, bem nosso caso, como quando cometo atos falhos, falos podem pouco, com a palavra tu... Vem mulher pra minha literatura bem pobre, para nosso segurar a corda, lado com lado, puxando, caindo no chão, daí já viu, vontade de voltar a fita, mas não há muito sentido nisso, se cada vez vivemos de maneira melhor, numa didática de troca e fluidos envolvidos... Vem mulher ser
Seu Jeitinho Rebelde por Léo Jaime. Estou pensando em lhe dizer estas coisas há algum tempo. Não acredito que lhe sirva de nada, mas talvez faça algum bem a mim mesmo. Por isso decidi. Tenho observado ao longo do tempo que suas posições são sempre contestatórias, sempre duvidando de tudo e de todos. É interessante. Não é aquele que engole qualquer coisa. Ao contrário, não engole nada. Não vai a filmes americanos, não ouve música de artista vendido, quer dizer, que vende, não acredita em políticos que não sejam radicais e desconfia de quase tudo o que ouve. É bacana: o mundo parece lhe dever explicações. . Vejo o seu olhar de superioridade para com as meninas arrumadas para sair, como se as julgando fúteis, o mesmo que você lança para os que defendem argumentos, sejam lá quais forem, ou torcem para a seleção brasileira, ou gostam de filmes, peças, shows e discos que fazem sucesso, ou fazem programas que estão na moda. Como lhe parece entediante o mundo e seus cidadãos. Achincalhar argum
Jô Hallack, em www.02neuronio.blog.uol.com.br . Ontem eu vi um pinguim nadando na praia. Meio assim, do meu ladinho. Foi um alvoroço. Um sujeito de sungão amarelo ficou correndo atrás do bicho entre as ondinhas gritando. Depois, ele sumiu na água gelada. Daí o sungão ficou triste na areia, olhando para o horizonte tentando ver se o pinguim voltava. O moço disse que é porque ele queria fazer um guizado. Eu acho que não. Foi amor a primeira vista. É assim que acontece. Você está na praia num dia de inverno e de repente... um pinguim vai mudar a sua vida.
As mulheres e o futebol De Nelson Botter. Você, querida leitora, que vibrou com a derrota brasileira na copa, achando que assim seu amado poderia esquecer a pelota e dedicar mais tempo à sua encantadora beleza, que se iludiu acreditando que seu príncipe deixaria de lado aquele monte de homem correndo atrás de uma bola, sim, você mesma, que detesta competir com o futebol, saiba - infelizmente - que nada vai mudar. É isso aí, homem não muda de time, apenas faz transferência, Freud já dizia. Se ele não torce mais pelo Brasil, vai torcer para uma das seleções semi-finalistas, vai vestir a camisa, tomar todas enquanto assiste ao jogo e vibrar como se fosse sua verdadeira seleção. Pois é, não tem jeito, já está no sangue, os genes masculinos também correm atrás da bola, e você, menina, que passa creme por todo o corpo, contorna a boquinha de batom tutti-frutti, que fica perfumadinha, linda e maravilhosa, deliciosamente gostosa para seu queridinho, você não vai ter vez novamente, forget about
O truque do “Estou confusa...” De Xico Sá. Amigos machos, amigas fêmeas, amigos gays, amigas lésbicas, amigos transexuais, amigos de todas os naipes e naturalezas... Sabem de uma coisa que acho massa, o máximo, nos tais tempos que voam? A apropriação do discurso masculino por parte das mulheres, já notaram? Não chega a ser propriamente um plágio, mas é uma beleza, quase, quase! E nos interessa sobretudo a enganação-mor, o clássico dos clássicos da nossa principal desculpa. Aquela usada desde priscas eras, saca? Então dois pontos para acochambrar os parafusos da memória: “Estou confuso, não é culpa sua, você é ótima, mas acho que não vou lhe fazer bem nesse momento, bla-bla-bla-bla”. Haja enganação, nove horas, truque, fraude... Já ouviram esse fragmento do discurso nada amoroso, né? Pra completar: “Você merece algo melhor!!!” Repito, era um clássico das desculpas dos machos. A nossa maior falta de vergonha na cara. Agora, faz favor, bote um “o” no lugar do “a”. Pronto. Sim, agora ou
"Se obscuros e monótonos dias assombravam os que procuravam a segurança, noites insones são a desgraça dos livres. Em ambos os casos, a felicidade soçobra" (BAUMAN, 1998).
"O afeto pós-moderno, por excelência, é a indiferença, ou melhor, a paixão da ingratidão. Mais nenhuma dívida! Enfim, aliviados de todo reconhecimento" (LAURENT, 2000). . "A precariedade da existência social inspira uma percepção do mundo em volta como um agregado de produtos para consumo imediato. Mas a percepção do mundo, com seus habitantes, como um conjunto de itens de consumo faz da negociação de laços humanos duradouros algo excessivamente difícil" (BAUMAN, 2001). . "Saquear o outro, naquilo que este tem de essencial e inalienável, transforma-se quase que no credo nosso de cada dia. A eliminação do outro se este resiste ou faz obstáculo ao gozo do sujeito, nos dias atuais, impõe-se como uma banalidade. A morte e o assassinato, assim, impuseram-se na cena cotidiana como trivalidades" (BIRMAN, 1999).
São demais os perigos desta vida Toquinho e Vinícius de Moraes São demais os perigos desta vida pra quem tem paixão Principalmente quando uma lua chega de repente E se deixa no céu, como esquecida E se ao luar que atua desvairado Vem se unir uma musica qualquer Aí então é preciso ter cuidado Porque deve andar perto uma mulher Deve andar perto uma mulher que é feita De música, luar e sentimento E que a vida não quer de tão perfeita Uma mulher que é como a própria lua: Tão linda que só espalha sofrimento Tão cheia de pudor que vive nua
Sexo com ou sem neurônios De Xico Sá. Quanto mais intelectual... menos atirada, menos dada ao sexo. E não se trata apenas de prosopopéia deste ignorante que vos fala. A sentença polêmica é o resultado da Pesquisa de Padrão de Vida (PPV) do científico IBGE. Segundo o numerol, 61,4% da moças com mais de 12 anos de estudo não estão ligadas a nenhuma atividade sexual. Foram ouvidas mulheres entre 15 e 49 anos em todo o país. Estudos semelhantes feitos na Europa e EUA já haviam apontado a mesma tendência, incluindo também a marmanjada. Será? O instituto não pesquisou as razões da inapetência. Seria sublimação? Falta de homem à altura? Falta de homem simplesmente, mesmo que um burro, um jumento qualquer? Só Deus sabe. Só sei que as enigmáticas discípulas de Clarice Lispector e as belas balzaquianas filiadas à Nouvelle Vague irão subir pelas paredes com as conclusões da estatística brasileira. Se já praguejaram contra as pesquisas de intenção de votos, imaginem com esta
TPM: Você já disse que uma reunião só de mulheres é a coisa mais chata do mundo. Você tem amigas mulheres? Danuza Leão: Não muitas. Me dou muito bem com homem e de uma certa maneira eu dou bem razão a eles: somos insuportáveis, principalmente apaixonadas. Mulher é muito chata, só fala de homem, se o cara telefonou, se não telefonou. Outro dia fui a um restaurante e tinha uma mesa com seis homens. Homens famosos, legais. Tomei um drinque, depois fui para a mesa, comi, pedi sobremesa... quando levantei e fui embora eles continuavam lá felicíssimos, sem mulher do lado.
Mau humor Lula Vieira (como eu recebi esse pela internet, não excluam a possibilidade de o autor estar errado - mas o texto não deixa de ser ótimo). Não me lembro direito, mas li numa revista, acho que na Carta Capital, um artigo levantando a hipótese de que todo cara que tem mania de fazer aspas com os dedinhos quando faz uma ironia é um chato. Num outro artigo alguém escreveu que achava que jamais tinha conhecido um restaurante de boa comida com garçons vestidos de coletinho vermelho. Joaquim Ferreira dos Santos, em "O Globo" de domingo, fala do seu profundo preconceito com quem usa "agregar valor". Eu posso jurar que toda mulher que anda permanentemente com uma garrafinha de água e fica mamando de segundo em segundo é uma chata. São preconceitos, eu sei. Mas cada vez mais a vida está confirmando estas conclusões. Um outro amigo meu jura que um dos maiores indícios de babaquice é usar o paletó nos ombros, sem os braços nas mangas. Por incrível que pareça, não cons
Eles e o Chico Buarque Nina Lemos O disco novo do Chico é maravilhoso. Disso, ninguém na mesa do Baixo Gávea ousou discordar. É lindo. É de chorar. Mas... meus amigos homens, ali, fãs do Chico tanto quanto eu, começaram a falar: "Ouvi dizer que ele tem pau pequeno", disse um. "Ah, claro, se tivesse pau grande não escreveria tão bem", completou outro." "Mas imagina, o Chico Buarque já é foda. De pau grande não seria possível", responde outro. Esses meus amigos não são de falar sobre pau de homem, que fique claro. Mas o assunto era o Chico Buarque. E um deles têm razão quando disse: "todas, mas absolutamente todas as mulheres que eu já comi na vida só deram para mim porque não conseguiram dar para o Chico Buarque". Verdade. Entramos no carro ao som de "Ela faz cinema". "O mais foda é que o Chico Buarque vai pegar muita mulher por causa dessa música", diz um deles. E completa: "se até eu vou pegar só porque vou mostrar
Quando elas pegam pesado De Xico Sá. Sim, o caminho do excesso conduz ao palácio da sabedoria, como disse o poeta, um romântico inglês de marca maior, William Blake. Em muitas ocasiões, vale o verso. Em uma, em especial, pode ser um desastre. Palavra de homem, confesso. Sabe quando ela tenta ser sexy ao extremo? Ai é que mora o perigo. Fica tão caricato, meu Deus, que nos brocham, afastam. Elas ficam parecendo manequins de sex shop: modelão over, minissaia, decote, lingerie, perfumes apurados, coreografia ensaiada, beicinhos fora de hora... Se a gente vai para a casa delas, deus mio, pior ainda: lá está o incenso exagerado e enjoativo, a luz ensaiada, os sais fervilhando na banheira _se for o caso de uma dama bem de vida_ e todo um circo que nos tira do prumo. E haja caras de “sexy”, coisa de quem aprendeu, passo a passo, nas páginas de revistas que “ensinam” as mais novas posições para um orgasmo infalível! Como se o kama-sutra fosse pouco. Mulheres, esqueçam o kit sex shop. É mais im
Hilda Hilst E por que haverias de querer minha alma Na tua cama? Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas Obscenas, porque era assim que gostávamos. Mas não menti gozo prazer lascívia Nem omiti que a alma está além, buscando Aquele Outro. E te repito: por que haverias De querer minha alma na tua cama? Jubila-te da memória de coitos e de acertos. Ou tenta-me de novo. Obriga-me.
Moça na cama Adélia Prado Papai tosse, dando aviso de si, vem examinar as tramelas, uma a uma. A cumeeira da casa é de peroba do campo, posso dormir sossegada. Mamãe vem me cobrir, tomo a bênção e fujo atrás dos homens, me contendo por usura, fazendo render o bom. Se me tocar, desencadeio as chusmas, os peixinhos cardumes. Os topázios me ardem onde mamãe sabe, por isso ela me diz com ciúmes: dorme logo, que é tarde. Sim, mamãe, já vou: passear na praça em ninguém me ralhar. Adeus, que me cuido, vou campear nos becos, moa de moços no bar, violão e olhos difíceis de sair de mim. Quando esta nossa cidade ressonar em neblina, os moços marianos vão me esperar na matriz. O céu é aqui, mamãe. Que bom não ser livro inspirado o catecismo da doutrina cristã, posso adiar meus escrúpulos e cavalgar no topor dos monsenhores podados. Posso sofrer amanhã a linda nódoa de vinho das flores murchas no chão. As fábricas têm os seus pátios, os muros tem seu atrás. No quartel são gentis comigo. Não quero c
Alice Ruiz e agora Maria? o amor acabou a filha casou o filho mudou teu homem foi pra vida que tudo cria a fantasia que você sonhou apagou à luz do dia e agora Maria? vai com as outras vai viver com a hipocondria
Alice Ruiz se você marcar bobeira ou se eu me fizer de tonta nunca mais eu apareço nunca mais você me encontra acho que vou dar bandeira venha porque já estou pronta só devia haver começo a vida passa e não tem volta venha porque a gente ajeita sempre existem prós e contras mas se a gente não encara nossa vida embolora chegue que a hora é agora ou me esqueça e vá embora
olho muito tempo o corpo de um poema até perder de vista o que não seja corpo e sentir separado dentre os dentes um filete de sangue nas gengivas. Ana Cristina Cesar
Do blog da minha irmã gringa. Tão legal (ela e o texto)... Põe água no feijão aí, mulher. Família Buscapé chegando em breve. . "The day you said yes was not the day he got on his knees and asked you. It was not the day you determined what side of the bed was yours. And it was not the day you decided you were perfectly okay with the troubling fact that he dances like a 6 year old trying to step on the head of his shadow. No, the day you honestly, truly, said yes was the day you put his name down in the 'Who to contact in case of Emergency' section."
Beijo-te a mim mesmo Nelson Botter www.blonicas.zip.net Eu queria poder te amar do jeito que você é, sem enxergar seus defeitos, suas manias e manhas. Eu queria não querer a perfeição, não exigir o máximo, ser tolerante e talvez até um pouco mais ingênuo. É verdade, assim eu queria não perceber tudo que se passa, não entender sua maneira de pensar, não te achar frio e calculista, sedutor e manipulador, não ter rancor e muito menos desconfiança de você. Dói muito quando vejo que você nem sempre é quem eu gostaria que fosse, que seus objetivos não são os que eu esperava, que sua linha de raciocínio é muitas vezes duvidosa, que me assusto com o que você fala e ainda mais com a sua maneira agressiva de se defender. Eu queria não ver nada disso, olhar para dentro de você e só perceber as coisas boas, sim, pois você é repleto de virtudes, não pense que só vejo a sua sombra. Não, nada disso, vejo também a sua luz, mas os contrastes são fortes e não há como fingir que o latente desencanto tamb
Viva a ignorância De Milly Lacombe. O que aconteceria se a ignorância fosse, como que por mágica, eliminada da face da terra. No dia seguinte tudo seria questionado: dogmas, verdades absolutas, sistemas políticos, econômicos, sociais e religiosos. A quem interessa, portanto, a manutenção da ignorância? Estado, Indústria e Igreja vivem da nossa pouca capacidade de reflexão. Porque somos ignorantes, é possível que campanhas políticas nos convençam de mentiras absurdas. A campanha presidencial para a reeleição de nosso notável comandante vem aí. E é de se espantar que, mesmo que o povo tenha acesso a escabrosas informações sobre como o atual governo faz negócios e trabalha o dinheiro público, o líder molusco comece a corrida com mais de 50% de intenção de voto. O que justifica isso? Apenas nossa invejável capacidade de continuar ignorantes. Ignorantes a ponto de achar que um metalúrgico semi-analfabeto, ligado a ex-guerrilheiros amantes de Cuba, poderia nos salvar. Se antes falar mal da p
Rico ou bonito? 02 Neurônio Uma pesquisa revelou que as mulheres agora não estão só preocupadas em arranjarem homens ricos. Agora, que elas trabalham fora e têm seu próprio dinheiro, elas estão priorizando a beleza. Entre um rico e um bonito, elas estão preferindo o bonito. Onde esses cientistas estão pesquisando?! Porque entre as mulheres que conhecemos, mulher nenhuma ficou interessada num homem porque ele era rico. Nós contentamos com um que tenha crédito no celular pra responder nossas ligações. E quanto a beleza...como dizia Susana Flag (a versão mulher de Nelson Rodrigues), "mulher não liga pra beleza não" . Lógico que um bonitinho sempre chama atenção. Se ele se vestir bem, melhor ainda. Mas se o bonitinho for um metido, não vamos nem olhar pra ele. Se for burro também. Mesmo que seja um milionário. Aliás, não frequentamos ambientes com bonitos, ricos, metidos e burros. Por isso, sempre vamos preferir aquele cara mais ou menos, nem feio nem bonito, nem rico nem pobre,
Alugar um filme pornô pode ser mico por Raq Affonso . Você está com o seu pretê em casa no domingo à tarde. E está um tédio. Vocês já viram tudo que está passando na TV, inclusive entrevistas da Hortência nas Olimpíadas e churrasco do pessoal do No Limite no Faustão. Daí você tem uma grande idéia: pegar um filme pornô na locadora! Isso, vocês se vestem e vão todos animadinhos. Só que quando chegam lá descobrem que a sessão de filmes de sacanagem é no andar superior, e você vai ter que subir uma escadinha constrangedora. Todos vão olhar, porque tem uma placa gigante escrito Erótico, apontando pra lá. A saída: mandar seu pretê sozinho. Enquanto isso, você fica disfarçadamente olhando as fitas da sessão Filmes Europeus. Só que isso não adianta de nada, porque quando vocês vão pagar, a ficha é no seu nome. Então você tem que assinar um recibo escrito: Tesão Anal da Mulher Gato! Como pode existir um filme com um nome assim e você ainda estar alugando isso?! Será que fica registrado na sua f
O beijo, o “xêro” e os seus arredores De Xico Sá. Do cheiro ou simplesmente "xêro", como se diz na lexicografia caseira e no fonema nordestino. Pense numa coisa diferente do beijo. Donde o beijo é simples e universalíssimo. O cheiro é mais para os esquimós e seus narizes gelados, encostam um no outro e cheiram, cheiram nos iglus... Nos modos de macho & modinhas de fêmeas do Nordeste, idem ibdem, o cheiro é mais importante até mesmo do que o beijo na boca. No pescoço, de preferência.No cangote, na seqüência. Aspirar até o pó das almas que escorre feito ouro em Serra Pelada no gogó das existências. Sugar, sugar o cheiro do sabonete barato e genérico de supermercado ou o Lancôme das negas mais ricas.Às vezes nem carece encostar o nariz de Gogol, sempre suspeito, sempre perdido depois do corte epistemológico do barbeiro russo. Basta passar por perto.Como no ônibus.No corredor da repartição,na firma, na fila do banheiro, no bar, no basfond, onde a abelha sentir o bafo de uma
"ah, compra um oclão com armação vermelha, tá? Sonhei que vc tinha um assim. Redondão, meio Jackie. E vc estava um arraso com ele". Amiga fodona e hilária. Essa é a Du.
"Fico perplexa como uma criança ao notar que mesmo no amor tem-se que ter bom senso e senso de medida. Ah, a vida dos sentimentos é extremamente burguesa". Clarice Lispector . Que difícil achar a medida.
O gigante Tati Bernardi Ontem eu ensaquei o Lorenzo, nosso filho que você me deu em uma das nossas milhares de brigas sem fim e sem jeito. Ele me olhou triste, passivo e impotente, assim como eu também olhei para ele e assim como tenho olhado para o mundo. Dei um abraço forte no nosso urso cinza e chorei que nem uma criancinha de cinco anos que sofre porque está com rinite alérgica e tem que tirar os brinquedos de pelúcia do quarto. A realidade acabando com a brincadeira mais uma vez. Depois foi a vez das fotos, eu beijei uma por uma e guardei numa caixa, coloquei a caixa num canto escondido e alto do armário, no mesmo canto escuro e esquecido por onde anda meu coração. Olhei meu lindo vestido novo e pensei o quanto ele era feio porque eu nunca o colocaria para você. Olhei meus sapatos novos e pensei como seria triste usá-los sem nem saber direito para onde ir. Olhei minha velha cara no espelho e tive muita pena do quanto aquele rosto ainda ia esbugalhar os olhos para o teto lembrando
Fernando tentando me conquistar novamente. Ganhou, claro. . POESIA NEO-CONCRETA DA DRI Sinapse, Sinopse, Sinepse, Canteiros de luz no japão Caminhos de cor sem sentir Palavras de amor na sarjeta A Dri adora sua lambreta
Os Idiotas Walter Salles . Praia de Lopes Mendes, Ilha Grande, domingo de manhã. Como é uma área de proteção ambiental, não há carros. Chega-se até ali caminhando por uma longa e bem-preservada trilha através da mata atlântica ou pelo mar, de barco. Por causa das férias escolares, há muitas crianças na areia. De repente, o cenário se transforma numa cena de "Apocalypse Now", de Francis Ford Coppola. Um helicóptero dá um rasante na praia. Depois chega outro, e logo mais um terceiro. Ferindo a lei, pousam ao lado da areia, perto de uma pequena igreja construída pelos pescadores da região -uma das únicas edificações da praia. Os passageiros saltam. Você já os viu naquelas revistas que glorificam "celebridades". Caminham pela praia, dão um rápido mergulho, mas não ficam. Logo partem para atazanar uma outra freguesia, não sem antes darem novos rasantes na praia. O negócio não é desaparecer na geografia de um lugar. O negócio é ser visto. Não interessam as tradições do l