Rita Ritinha Ritona Dalton Trevisan Aos 13 anos, Ritinha floriu numa orgia de beleza. Toda graças e prendas. Foi um susto na família. Um espanto entre as amigas. Uma surpresa a cada desconhecido. À sua passagem, os cãezinhos a passeio presos na coleira davam duplos saltos-mortais de alegria. Nas janelas os vasinhos de violeta batiam palmas para lhe chamar a atenção. As pedras mudavam de lugar na calçada, cada uma disputando o afago do seu pezinho. Os semáforos se acendiam em onda verde, não atrasá-la caminho da escola. Um bando de garças voou lá do Passeio Público para vê-la. Desde menina dançou balé, estudou inglês, atirou-se do trampolim mais alto na piscina. Tinha seu próprio quarto, com tevê e computador. Cartazes de Paul McCartney e O beijo, de Klimt. Uma foto do selvagem Brando. Aos 15 anos, de um dia para outro, segundo susto, novo espanto, maior surpresa. No seu corpo aconteceu um milagre da natureza: ó delírio de curvas, doçuras e delícias! Ao vê-la da primeira vez, você logo ...
“A poesia é ao mesmo tempo um esconderijo e um alto-falante.” Nadine Gordimer