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Mostrando postagens com o rótulo Henrique Manuel Bento Fialho
"Para lá de todas as coisas amáveis, para lá de todas as coisas desejáveis, a tua nudez na ponta dos meus dedos, uma bola de fumo pairando sobre o piano e cada poro teu tocado como se fosse uma tecla, uma tecla emitindo o som de cordas surdas, as tuas veias, cada um dos teus nervos, e eu enredado em ti como o insecto na teia da aranha, para lá de todas as coisas definíveis, os contornos do teu corpo à luz de um tecido transparente, beleza incomparável acossada pela fealdade das notas, dos acordes atonais, para lá de ti, para lá de mim, a paixão capturada pelas máquinas fotográficas, projectada numa tela à velocidade iludente do cinema, para lá das salas, para lá da luz, nós os dois denegridos, deitados no quarto escuro da paixão." "A Dança das Feridas" - Henrique Manuel Bento Fialho
" Se eu te amasse a horas certas, abririas as pernas com menos cuidado? Se eu começasse sempre pela língua, julgar-me-ias menos bruto? E se eu não te mordesse o pescoço, acaso continuarias a cravar-me as unhas nas costas? Se eu não apagasse a televisão. adormecerias aconchegada à minha cintura? Se eu tomasse banho depois de fornicarmos, julgarias o acto mais higiénico? Se em vez do silêncio depois do orgasmo passássemos a ter uma confissão no olhar, perdoar-nos-ia deus o desperdício? Já agora diz-me: se não dependêssemos um do outro, como é que explicarias o teu cheiro nas minhas palavras?" -"A Dança das Feridas" - Henrique Manuel Bento Fialho