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Mostrando postagens de 2008
Sim, a internet pode render ótimos encontros . É raro, eu sei. Mas deve ser porque esse tipo de gente é raro mesmo.
José Saramago “Morri” na noite de 22 de Dezembro de 2007, às quatro horas da madrugada, para “ressuscitar” só nove horas depois. Um colapso orgânico total, uma paragem das funções do corpo, levaram-me ao último limiar da vida, lá onde já é tarde de mais para despedidas. Não recordo nada. Pilar estava ali, estava também Maria, minha cunhada, uma e outra diante de um corpo inerte, abandonado de todas as forças e donde o espírito parecia ter-se ausentado, que mais tinha já de irremediável cadáver que de ser vivente. São elas que me contam hoje o que foram aquelas horas. Ana, a minha neta, chegou na tarde do mesmo dia, Violante no seguinte. O pai e avô ainda era como a pálida chama de uma vela que ameaçasse extinguir-se ao sopro da sua própria respiração. Soube depois que o meu corpo seria exposto na biblioteca, rodeado de livros e, digamo-lo assim, outras flores. Escapei. Um ano de recuperação, lenta, lentíssima como me avisaram os médicos que teria de ser, devolveu-me a saúde, a energia,
Frida Kahlo. Foto de Julien Levy.
Aquí Octavio Paz . Mis pasos en esta calle Resuenan En otra calle Donde Oigo mis passos Pasar en esta calle Donde Sólo es real la niebla
Comumente é assim Maiakovski . Cada um ao nascer traz sua dose de amor, mas os empregos, o dinheiro, tudo isso, nos resseca o solo do coração. Sobre o coração levamos o corpo, sobre o corpo a camisa, mas isto é pouco. alguém imbecilmente inventou os punhos e sobre os peitos fez correr o amido de engomar. Quando velhos se arrependem. A mulher se pinta. O homem faz ginástica pelo sistema Muller. Mas é tarde. A pele enche-se de rugas. O amor floresce, floresce, e depois desfolha.
Criação L. F. Veríssimo . Na velha questão sobre a origem da humanidade eu defendo o meio-termo. Um empate entre Darwin e Deus. Aceito a tese darwiniana de que o Homem descende do macaco mas acho que Deus criou a mulher. E nós somos a conseqüência daquele momento mágico em que o proto-homem, deslocando-se de galho em galho pela floresta primeva, chegou na planície de Éden e viu a mulher pela primeira vez. Imagine a cena. O homem macaco de boca aberta, escondido pela folhagem, olhando aquela maravilha: uma mulher recém-feita. Como Vênus recém-pintada por Botticelli, com a tinta fresca. Eva espreguiçando-se à beira do Tigre. Ou era o Eufrates? Enfim, Eva no seu jardim, ainda úmida da criação. Eva esfregando os olhos. Eva examinando o próprio corpo. Eva retorcendo-se para olhar-se atrás e alisando as próprias ancas, satisfeita. Eva olhando-se no rio, ajeitando os longos cabelos, depois sorrindo para a própria imagem. Seus dentes perfeitos faiscando ao sol do Paraíso. E o quase homem baban
O milagre Mario Quintana . Dias maravilhosos em que os jornais vêm cheios de poesia? e do lábio do amigo brotam palavras de eterno encanto? Dias mágicos? em que os burgueses espiam, através das vidraças dos escritórios, a graça gratuita das nuvens?
Entonces, los psicoanalistas, como los matemáticos, no sacrifican el primum vivere : primero sobrevivir, y el primero sobrevivir implica una adaptación al contexto. Pero – es la otra rama lo que constituye la alternativa – digamos, para quedarnos en latín, la advertencia de Juvenal: et propter vitam vivendi perdere causas – y para salvar la vida perder las razones de vivir. Y por lo tanto estamos entre conservar el primum vivere , que es la condición de todo, y al mismo tiempo, para esta sobrevida, no sacrificar la razón de ser del psicoanálisis . J-A Miller - que me relembra, na hora certa, dos meus motivos para escolher Lacan e a psicanálise que ele propõe. É com ela que eu vou, com a psicanálise pela qual me apaixonei.
Mocidade independente Ana Cristina Cesar Pela primeira vez infringi a regra de ouro e voei pra cima sem medir mais as conseqüências. Por que recusamos ser proféticas? E que dialeto é esse para a pequena audiência de serão? Voei pra cima: é agora, coração, no carro em fogo pelos ares, sem uma graça atravessando o Estado de São Paulo, de madrugada, por você, e furiosa: é agora, nesta contramão.
Mário Quintana, sempre. E viva a linda da Marcela e seus livros fantásticos! Poeminha sentimental Mário Quintana O meu amor, o meu amor, Maria É como um fio telegráfico da estrada Aonde vêm pousar as andorinhas... De vez em quando chega uma E canta (Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!) Canta e vai-se embora Outra, nem isso, Mal chega, vai-se embora. A última que passou Limitou-se a fazer cocô No meu pobre fio de vida! No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo: As andorinhas é que mudam.
Modéstia às favas, porque é lindo demais e é pra mim. E porque eu amo esse menino branco. . . Porque você é o que me importa do Fer . . Fico preocupado ao pensar que você talvez não saiba que me esforço todos os dias para não interromper reuniões, ligações, debates e seminários e contar sua última piada ou o comentário que fez ao ver a manchete do jornal. . Também não deve saber que melhoro minha postura, arrumo meu cabelo e minhas roupas ao imaginar que talvez te encontre ou que possa me ver de longe, andando distraído por uma rua qualquer. . Sempre que encosto meu ouvido em seu peito redescubro um pouco de fé ao pedir que te protejam e te façam menos frágil do que me parece naquele instante, com seu pequeno punho fechado a carregar meu mundo inteiro. Juro, então, que te fazer feliz vai ser meu exercício diário, como se dele dependesse o resto da minha vida. . Juro também que vou pensar na sua gargalhada, nas danças inusitadas e no carinho que me faz quando já está a dormir sempre que
Felizmente há palavras para tudo. Felizmente que existem algumas que não se esquecerão de recomendar que quem dá deve dar com as duas mãos para que em nenhuma delas fique o que a outras deveria pertencer. Assim como a bondade não tem por que se envergonhar de ser bondade, também a justiça não deverá esquecer-se de que é, acima de tudo, restituição, restituição de direitos. Todos eles, começando pelo direito elementar de viver dignamente. Se a mim me mandassem dispor por ordem de precedência a caridade, a justiça e a bondade, daria o primeiro lugar à bondade, o segundo à justiça e o terceiro à caridade. Porque a bondade, por si só, já dispensa a justiça e a caridade, porque a justiça justa já contém em si caridade suficiente. A caridade é o que resta quando não há bondade nem justiça. . José Saramago
How cool is it, uh?
Agora sim: God bless America.
Driblar é dar aos pés astúcias de mãos. (João Cabral de Melo Neto). O drible de corpo é quando corpo tem presença de espírito. (Chico Buarque). Eu amo futebol. Fim.
Minha irmã me mostrou, e eu fiquei emocionadíssima. Só quem teve vai entender (se é que alguém da minha geração não teve...).
Um beijo Olavo Bilac Foste o beijo melhor da minha vida, Ou talvez o pior...glória e tormento, Contigo à luz subi do firmamento, Contigo fui pela infernal descida! Morreste, e o meu desejo não te olvida: Queimas-me o sangue, enches-me o pensamento, E do teu gosto amargo me alimento, E rolo-te na boca malferida. Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo, Batismo e extrema-unção, naquele instante Por que, feliz, eu não morri contigo? Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto, Beijo divino! e anseio, delirante, Na perpétua saudade de um minuto...
Repostando. Porque às vezes é preciso. . I love my husband Nélida Piñon Eu amo meu marido. De manhã à noite. Mal acordo, ofereço-lhe café. Ele suspira exausto da noite sempre maldormida e começa a barbear-se. Bato-lhe à porta três vezes, antes que o café esfrie. Ele grunhe com raiva e eu vocifero com aflição. Não quero meu esforço confundido com um líquido frio que ele tragará como me traga duas vezes por semana, especialmente no sábado. Depois, arrumo-lhe o nó da gravata e ele protesta por consertar-lhe unicamente a parte menor de sua vida. Rio para que ele saia mais tranqüilo, capaz de enfrentar a vida lá fora e trazer de volta para a sala de visita um pão sempre quentinho e farto. Ele diz que sou exigente, fico em casa lavando a louça, fazendo compras, e por cima reclamo da vida. Enquanto ele constrói o seu mundo com pequenos tijolos, e ainda que alguns destes muros venham ao chão, os amigos o cumprimentam pelo esforço de criar olarias de barro, todas sólidas e visíveis. A mim també
É muito – esperar uma Hora – Se o Amor está logo ali perto – E é pouco – a Eternidade – Se ao fim o Amor é o prêmio certo. Emily Dickinson
Anfiguri Vinícius de Moraes Aquilo que eu ouso Não é o que quero Eu quero o repouso Do que não espero. Não quero o que tenho Pelo que custou Não sei de onde venho Sei para onde vou. Homem, sou a fera Poeta, sou um louco A mante, sou pai. Vida, quem me dera... Amor, dura pouco... Poesia, ai!...
O idílio suave Guilherme de Almeida Chegas. Vens tão ligeira e és tão ansiosamente esperada, que enfim, nem te sentindo o passo e já te tendo inteira, completamente em mim, quando, toda Watteau, silenciosa, apareces, é como se não viesses. Vens... E ficas tão perto de mim, e tão diluída em minha solidão, que eu me sinto sozinho e acho imenso e deserto e vazio o salão... E, sem te ouvir nem ver, arde-me em febre a face, como se eu te esperasse! Partes. Mas é tão pouco o que de ti se vai que ainda te vejo o arfar do seio, e o teu cabelo, e o teu vestido louco, e a carícia do olhar, e a tua boca em flor a dizer-me doidices, como se não partisses!
Dez chamamentos ao amigo Hilda Hilst Se te pareço noturna e imperfeita Olha-me de novo. Porque esta noite Olhei-me a mim, como se tu me olhasses. E era como se a água Desejasse Escapar de sua casa que é o rio E deslizando apenas, nem tocar a margem. Te olhei. E há tanto tempo Entendo que sou terra. Há tanto tempo Espero Que o teu corpo de água mais fraterno Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta Olha-me de novo. Com menos altivez. E mais atento.
Sou jornalista por formação, mas minha praia é outra há algum tempo. Mesmo assim, coberturas boçais e irresponsáveis sobre sequestros de meninas ainda maltratam meus sonhos adolescentes, guardados lá no fundo, de mudar o mundo com uma reportagem.
Poética Manuel Bandeira . Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas . Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis . Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc. . Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbados O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare . - Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Manoel de Barros . O poema é antes de tudo um inutensílio. Hora de iniciar algum convém se vestir de roupa de trapo. . Há quem se jogue debaixo de carro nos primeiros instantes. . Faz bem uma janela aberta. Uma veia aberta. . Pra mim é uma coisa que serve de nada o poema Enquanto vida houver . Ninguém é pai de um poema sem morrer
Não posso me resumir porque não se pode somar uma cadeira e duas maçãs. Eu sou uma cadeira e duas maçãs. E não me somo. Clarice Lispector.
Vou parar, prometo. Me deixem deslumbrada por ter Saramagos diários pelo menos por um tempinho, que depois eu juro que volto a ser diversificada. . O outro lado José Saramago . Como serão as coisas quando não estamos a olhar para elas? Esta pergunta, que cada dia me vem parecendo menos disparatada, fi-la eu muitas vezes em criança, mas só a fazia a mim próprio, não a pais nem professores porque adivinhava que eles sorririam da minha ingenuidade (ou da minha estupidez, segundo alguma opinião mais radical) e me dariam a única resposta que nunca me poderia convencer: “As coisas, quando não olhamos para elas, são iguais ao que parecem quando não estamos a olhar”. Sempre achei que as coisas, quando estavam sozinhas, eram outra coisas. Mais tarde, quando já havia entrado naquele período da adolescência que se caracteriza pela desdenhosa presunção com que julga a infância donde proveio, acreditei ter a resposta definitiva à inquietação metafísica que atormentara os meus tenros anos: pensei qu
Não é "estou postando um texto do Fer porque ele é meu marido". Na verdade, é "o Fer é meu marido porque escreve textos como o que estou postando agora". . O maravilhoso e incompreensível universo das mulheres . A lógica feminina é um ambiente impenetrável, inóspito, árido para nós, homens. O sucesso de um relacionamento ou da participação masculina em um relacionamento só pode se dar no momento em que essa pedra fundamental das interações intersexuais for compreendida e eternizada. Como um motorista que, dia após dia, enfrenta novas estradas sem nunca percorrê-las duas vezes, o homem deve se orientar por uma única baliza: não pode criar expectativas ou construir padrões que o ajudem a compreender o que está pela frente. . Cena 1 O homem, recém-casado, preocupa-se em organizar os itens que só ele pode resolver dentro da nova casa: instala pequenos equipamentos eletro-eletrônicos, usa sua nova furadeira, equilibra-se nos últimos degraus da escada de alumínio para ev
Não tem jeito de não postar. Ele me entende. . Teatro, tu és puro teatro Xico Sá. . D´onde tratamos do ator intenso, da atriz intensa, intensíssima. Do tipo que diz, durante o nhoque-permuta no restaurante, depois de mais um Rei Lear: “Eu respiro teatro”. Ao avistar um conhecido, alardeia, quebrando o sossego do recinto: “Ah, você ainda não foi me ver?!” O ator/atriz intensos não acreditam que uma só criatura possa deixar de vê-los em cena, embora a bilheteria muitas vezes teime em desapontá-los. Como ousam deixar de nos ver? Como irão passar sem aquela montagem imperdível de um Eurípedes, de um Ibsen, de um Tchecov, de um Shakespeare?... Clássico é clássico e vice-versa É, o artista intenso, esse animal dramático por excelência, não se envolve com qualquer comediazinha caça-níquel da praça. Nécaras. Para este tipo de gênio, só vale uma lei: “Clássico é clássico e vice-versa”, como na boutade ludopédica do atacante Jardel. O ator/atriz intensos guardam sempre um ar solene, um conteú
E aí que eu recebi uma ligação educada e despretensiosa me convidando para falar em um evento. Também educada e despretensiosamente, aceitei na hora. Agora, com o programa do evento em mãos, me vejo cercada de desembargador, juiz, secretário municipal, psicanalista (inclusive a minha!) e toda a sorte de gente foda e importante. Isso é pra eu aprender de vez que desejar é muito perigoso. Jesus, toma conta.
Sobre Fernando Pessoa José Saramago . Era um homem que sabia idiomas e fazia versos. Ganhou o pão e o vinho pondo palavras no lugar de palavras, fez versos como os versos se fazem, como se fosse a primeira vez. Começou por se chamar Fernando, pessoa como toda a gente. Um dia lembrou-se de anunciar o aparecimento iminente de um super-Camões, um camões muito maior que o antigo, mas, sendo uma pessoa conhecidamente discreta, que soía andar pelos Douradores de gabardina clara, gravata de lacinho e chapéu sem plumas, não disse que o super-Camões era ele próprio. Afinal, um super-Camões não vai além de ser um camões maior, e ele estava de reserva para ser Fernando Pessoas, fenómeno nunca visto antes em Portugal. Naturalmente, a sua vida era feita de dias, e dos dias sabemos nós que são iguais mas não se repetem, por isso não surpreende que em um desses, ao passar Fernando diante de um espelho, nele tivesse percebido, de relance, outra pessoa. Pensou que havia sido mais uma ilusão de óptica,
O Fer que me perdoe, mas eu sou apaixonada pelo Xico Sá. Completamente. . Para beijar a lona do amor e da sorte Xico Sá - Só não vou te perguntar se vens sempre aqui porque a casa inaugurou hoje. Acreditem, com esta abordagem lindamente ingênua, uma rápida e metalinguística variação do infrutífero clichechão “vens sempre aqui?”, mr. Abelha, um amigo que flana na noite de SP, despertou na gazela um daqueles sorrisos que muitos bacanas só conseguem em troca de um diamante, um presente da Tyffani´s ou 12 trabalhos de Hércules. Mr. Abelha não tem bala na agulha para bancar uma bonequinha de luxo, também não é um típico “maníaco do trechinho”, como chamamos aqueles supostos intelectuais que disparam duzentas citações e frases de efeito por minuto. Ele tem apenas a manha de fazer sorrir a mais existencialista das afilhadas de Jean-Paul Sartre. E isso é o que conta no primeiro momento, seja qual for o estilo do cavalheiro. Se o camarada não for lá, digamos assim, um gato, vai carecer ainda m
"Casal neuras", do Glauco (pra ver melhor, é só clicar na tirinha e ampliar).
O pai do filho da Cristiana Guerra, publicitária de BH, morreu dois meses antes de o menino nascer. Ela escreve coisas absurdamente lindas sobre a experiência louca de perder um amor, ganhar um filho e transmitir a ele um pai. Este texto eu posto pro Fer, que me deu bagagem pra entender o que ela diz. .. Valores Cristiana Guerra . De vez em quando ele fazia o carinho de colocar duas notas de cinqüenta no meu bolso, aliviando o meu fim de mês, mesmo que no próprio bolso sobrasse apenas uma. E ao ver minha expressão entre o alívio e a tristeza de chegar a esse ponto – não por ganhar pouco, mas por gastar muito –, citava a avó: "Senão o cachorro faz xixi no seu pé, amor." E assim ele me arrancava um sorriso. Também pude fazer por ele algumas vezes, e o fazia com prazer. No dinheiro também estava o amor. Um jeito bonito de misturar as coisas, preservando os desejos e escolhas do outro. Não era hoje eu, amanhã você, mas o correr natural dos gestos e a alegria de dar o amor na form
Hoje é dia de gente legal neste blog. Eu queria mandar um beijo pro meu pai, pra minha mãe e pra Carol C4! Leitores Vip aos montes! Beijos, mocinha, bom te ter por aqui.
Contribuição de leitor sempre me deixa feliz demais. Quem mandou esta foi a Carol - que já está ali na barra, em "Gente legal", porque ela é sempre fofa e ótima nos comentários. . “Ora, essas coisas psicanalíticas só são compreensíveis se forem relativamente completas e detalhadas, exatamente como a própria análise só funciona se o paciente descer das abstrações substitutivas até os ínfimos detalhes. Disso resulta que a discrição é incompatível com uma boa exposição sobre a psicanálise. É preciso ser sem escrúpulos, expor-se, arriscar-se, trair-se, comportar-se como o artista que compra tintas com o dinheiro da casa e queima os móveis para que o modelo não sinta frio. Sem alguma dessas ações criminosas não se pode fazer nada direito”. . Freud, 1910.
Dedução Maiakovski . Não acabarão nunca com o amor, nem as rusgas, nem a distância. Está provado, pensado, verificado. Aqui levanto solene minha estrofe de mil dedos e faço o juramento: Amo firme, fiel e verdadeiramente.
Inocentes do Leblon Carlos Drummond de Andrade Os inocentes do Leblon não viram o navio entrar. Trouxe bailarinas? trouxe imigrantes? trouxe um grama de rádio? Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram, mas a areia é quente, e há um óleo suave que eles passam nas costas, e esquecem.
vazio agudo ando meio cheio de tudo Paulo Leminski. . Esta é pro Mario, que gosta de Leminski tanto quanto eu (vem logo pro Messenger!).
"Ela compreendeu até, o que não está muito longe do sublime, que a mulher só existe de verdade sob a condição de existir sem pão, sem pouso, sem amigos, sem marido e sem filhos. É só assim que ela pode forçar seu senhor a descer". . Jacques Lacan.
A consequência de eu ter ficado viciada no blog do Saramago: agora os leitores deste blog vão ter que gostar muito dele também. . A prova do algodão José Saramago . Segundo a Carta do Direitos Humanos, no seu artigo 12º.: “Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida, na sua família ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação”. E mais: “Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei”. Assim está escrito. O papel exibe, entre outras, a assinatura do representante dos Estados Unidos, a qual assumiria, por via de consequência, o compromisso dos Estados Unidos no que toca ao cumprimento efectivo das disposições contidas na mesma Carta, porém, para vergonha sua e nossa, essas disposições nada valem, sobretudo quando a mesma lei que deveria proteger, não só não o faz, como homologa com a sua autoridade as maiores arbitrariedades, incluindo aquelas que o dito artigo 12º. enumera para condenar. Para os Estados Unidos qualquer pessoa,
Eu odeio maconha pessoalmente. Digo: assim como odeio pepino. Caetano Veloso, em seu blog "Obra em Progresso".
Da impotência à impossibilidade. No livro, é lindo. Quando é com a gente é que é foda. Eita, Lacan. . . ... de volta à análise, como vocês podem perceber.
Ele tem um blog . Não tem como não amar. . Biografias José Saramago. . Creio que todas as palavras que vamos pronunciando, todos os movimentos e gestos, concluídos ou somente esboçados, que vamos fazendo, cada um deles e todos juntos, podem ser entendidos como peças soltas de uma autobiografia não intencional que, embora involuntária, ou por isso mesmo, não seria menos sincera e veraz que o mais minucioso dos relatos de uma vida passada à escrita e ao papel. Esta convicção de que tudo quanto dizemos e fazemos ao longo do tempo, mesmo parecendo desprovido de significado e importância, é, e não pode impedir-se de o ser, expressão biográfica, levou-me a sugerir um dia, com mais seriedade do que à primeira vista possa parecer, que todos os seres humanos deveriam deixar relatadas por escrito as suas vidas, e que esses milhares de milhões de volumes, quando começassem a não caber na Terra, seriam levados para a Lua. Isto significaria que a grande, a enorme, a gigantesca, a desmesurada, a ime
Dialética Vinícius de Moraes É claro que a vida é bela E a alegria, a única indizível emoção É claro que te acho linda Em ti bendigo o amor das coisas simples É claro que te amo E que tenho tudo pra ser feliz Mas acontece que eu sou triste...
Tudo que move é sagrado e remove as montanhas com todo cuidado, meu amor. "Amor de índio", Beto Guedes e Ronaldo Bastos. Sim, eu ando musical.
"Eu tô perdido, sem pai nem mãe, bem na porta da tua casa Eu tô pedindo a tua mão e um pouquinho do braço. Migalhas dormidas do teu pão, raspas e restos me interessam, Pequenas porções de ilusão, Mentiras sinceras me interessam" Cazuza, "Maior Abandonado". Escutei de verdade essa música hoje.
Da série: "Você também já chorou com esta". . Você diz não saber o que houve de errado, e meu erro foi crer que estar ao seu lado bastaria Ah, meu Deus, era tudo que eu queria Eu dizia ao seu nome: não me abandone jamais. "Meu erro", Paralamas do Sucesso.
A letra era do Tom Jobim, que pediu ajuda pro Chico Buarque, que fez acréscimos à letra original. Mas o João Gilberto resolveu gravar a versão inicial, e é por isso que a música tem duas versões. Na verdade, três, porque o finalzinho tem a versão oficial, gravada pelo Chico Buarque, e a versão que o Tom canta. O certo é: "Lígia" é uma das minhas músicas preferidas da vida, quem me conhece sabe disso. João Gilberto tocou a versão dele (minha preferida) no show que fez em Salvador na última sexta-feira. Eu estava lá - e chorei ridiculamente. . A versão preferida do João Gilberto: Eu nunca sonhei com você, nunca fui ao cinema, não gosto de samba, não vou a Ipanema, não gosto de chuva nem gosto de sol. Eu nunca lhe telefonei, para que se eu sabia, eu jamais tentei e jamais ousaria as bobagens de amor que outro vai te dizer. Sair com você de mãos dadas na tarde serena, um chope gelado num bar de Ipanema, andar pela praia até o Leblon. Eu nunca me apaixonei, eu jamais poderia casar
Conclusões de Aninha Cora Coralina Estavam ali parados. Marido e mulher. Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça tímida, humilde, sofrida. Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho, e tudo que tinha dentro. Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar novo rancho e comprar suas pobrezinhas. O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula, entregou sem palavra. A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou, se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar E não abriu a bolsa. Qual dos dois ajudou mais? Donde se infere que o homem ajuda sem participar e a mulher participa sem ajudar. Da mesma forma aquela sentença: "A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar." Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada, o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso e ensinar a paciência do pescador. Você faria isso, Leitor? Antes que tudo isso se fizesse o desvalido não morreria de fome? Conclusão: Na prática, a teor
Debussy Manuel Bandeira Para cá, para lá . . . Para cá, para lá . . . Um novelozinho de linha . . . Para cá, para lá . . . Para cá, para lá . . . Oscila no ar pela mão de uma criança (Vem e vai . . .) Que delicadamente e quase a adormecer o balança — Psio . . . —Para cá, para lá . . . Para cá e . . . — O novelozinho caiu.
"É por isso que se há de entender que o amor não é ócio, e compreender que o amor não é um vício, o amor é sacrifício, o amor é sacerdócio". Chico Buarque
... quando você está prestes a anunciar uma carreira solo, aparece alguém pra te lembrar do quanto é bom dividir as coisas. Até o que não se divide. E principalmente o que te divide. Cris, mais uma vez: obrigada.
Tempo Adélia Prado A mim que desde a infância venho vindo como se o meu destino fosse o exato destino de uma estrela apelam incríveis coisas: pintar as unhas, descobrir a nuca, piscar os olhos, beber. Tomo o nome de Deus num vão. Descobri que a seu tempo vão me chorar e esquecer. Vinte anos mais vinte é o que tenho, mulher ocidental que se fosse homem amaria chamar-se Eliud Jonathan. Neste exato momento do dia vinte de julho de mil novecentos e setenta e seis, o céu é bruma, está frio, estou feia, acabo de receber um beijo pelo correio. Quarenta anos: não quero faca nem queijo. Quero a fome.
... e é por isso que um dia, contrariando todas as minhas expectativas, eu me casei.
Antes do nome Adélia Prado Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada. Em momentos de graça, infrequentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. Puro susto e terror.
Desculpem pela ausência, mas não tem sido fácil morar em duas cidades simultaneamente e, entre uma e outra viagem, arranjar tempo de matar as saudades. . Hilda Hilst Te amo, Vida, líquida esteira onde me deito Romã baba alcaçuz, teu trançado rosado Salpicado de negro, de doçuras e iras. Te amo, Líquida, descendo escorrida Pela víscera, e assim esquecendo Fomes País O riso solto A dentadura etérea Bola Miséria. Bebendo, Vida, invento casa, comida E um Mais que se agiganta, um Mais Conquistando um fulcro potente na garganta Um látego, uma chama, um canto. Amo-me. Embriagada. Interdita. Ama-me. Sou menos Quando não sou líquida. (Alcoólicas - V)
Amavisse Hilda Hilst Como se te perdesse, assim te quero. Como se não te visse (favas douradas Sob um amarelo) assim te apreendo brusco Inamovível, e te respiro inteiro Um arco-íris de ar em águas profundas. Como se tudo o mais me permitisses, A mim me fotografo nuns portões de ferro Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima No dissoluto de toda despedida. Como se te perdesse nos trens, nas estações Ou contornando um círculo de águas Removente ave, assim te somo a mim: De redes e de anseios inundada. (II) * * * Descansa. O Homem já se fez O escuro cego raivoso animal Que pretendias.
A Carol postou isso aqui , e eu traduzo o post dela, porque ele podia ser meu, literalmente. Sempre tento explicar pro Fer que algumas das minhas músicas preferidas tocam as histórias mais longínquas da minha vida, e que o que sinto por elas é amor, não é nada de "gosto musical". Ele ouve, mas algumas coisas não se transmitem. Ter uma irmã é não ter que se preocupar em explicar demais: é saber que alguém entende perfeitamente o significado afetivo das melhores memórias que você guarda. . . Memórias de infância Se tem uma coisa que eu posso dizer das minhas memórias de infância é que elas são recheadas de música boa. Lembro de ser arrastada para shows com minha irmã pelos meus pais, tínhamos provavelmente cinco e seis anos. Nós odiávamos ter que ir, e perguntávamos pra eles se poderíamos jogar baralho durante as apresentações, mas acabávamos gostando no final, mesmo que não admitíssemos. Por causa daquela época, antes da adolescência já tínhamos visto alguns dos melhores músi
Você eu tenho que ter, meu amor Pra poder comer, pra poder comer, pra poder comer Você eu tenho que ter, meu bem Pra poder dormir, pra poder dormir, pra poder dormir Você eu tenho que ter Pra poder dizer Você eu tenho que ter Pra poder dizer. Alice Ruiz/Itamar Assumpção
"As cobras", Veríssimo
Saudades Florbela Espanca Saudades! Sim... talvez... e porque não?... Se o nosso sonho foi tão alto e forte Que bem pensara vê-lo até à morte Deslumbrar-me de luz o coração! Esquecer! Para quê?...Ah! Como é vão! Que tudo isso, Amor, nos não importe. Se ele deixou beleza que conforte Deve-nos ser sagrado como o pão! Quantas vezes, Amor, já te esqueci, Para mais doidamente me lembrar, Mais doidamente me lembrar de ti! E quem dera que fosse sempre assim: Quanto menos quisesse recordar Mais a saudade andasse presa a mim!
"As cobras", Veríssimo (várias delas, porque eu adoro e encontrei tirinhas novas!).
"As cobras", Veríssimo.
As cobras, L. F. Veríssimo
Ana Cristina Cesar A ponto de partir, já sei que nossos olhos sorriam para sempre na distância. Parece pouco? Chão de sal grosso, e ouro que se racha. A ponto de partir, já sei que nossos olhos sorriem na distância. Lentes escuríssimas sob os pilotis.