Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de junho, 2009
Não vai pegar (não acredito mais assim na humanidade), mas bem que podia. Movimento pelo uso racional do Photoshop nas fotos publicitárias. Porque ninguém é mais bonito quando parece de plástico. Aqui .
(...) (porque o tempo sempre foi longo para me esqueceres e curto para te amar). Cecília Meireles
(...) É difícil perder-se. Tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo. Clarice Lispector, "A paixão segundo GH".
Do blog Casa da Chris , que é sempre cheio de coisas deliciosas, hoje veio um texto delicioso. Vontade não tem hora, nem lugar adequado, nem dia certo para aparecer. Hoje acordei com vontade de comer pudim. Daqueles instantâneos, que vêm na caixinha com instruções que levam dois minutos para ser seguidas. Jogue o pó numa panela bonita, acrescente um copo de leite, misture com uma colher de pau até virar mingau. Bom seria que a vontade passasse durante os dois minutos de preparo, assim que o perfume de baunilha alcança o nariz. Logo que a mão começa a movimentar a colher mais devagar, por conta da mistura que engrossa e vira mingau. Já vou avisando que não passa assim, em dois minutos. É preciso despejar o creme espesso e perfumado artificialmente em copinhos, e sem deixar escorrer nas beiradas - porque fica feio aquela gotinha ressecada na borda do copo. Depois tem de levar para gelar. Esperar o mingau virar pudim e, só então, romper com a colher mais bonita do faqueiro a capinha que s
Nova Poética Manuel Bandeira Vou lançar a teoria do poeta sórdido. Poeta sórdido: Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida. Vai um sujeito, Sai um sujeito com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó de uma nódoa de lama: É a vida. O poema deve ser como a nódoa no brim: Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero. Sei que a poesia é também orvalho. Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.
Indivisíveis Mário Quintana O meu primeiro amor e eu sentávamos numa pedra Que havia num terreno baldio entre as nossas casas. Falávamos de coisas bobas, Isto é, que a gente achava bobas Como qualquer troca de confidências entre crianças de cinco anos. Crianças... Parecia que entre um e outro nem havia ainda separação de sexos A não ser o azul imenso dos olhos dela, Olhos que eu não encontrava em ninguém mais, Nem no cachorro e no gato da casa, Que tinham apenas a mesma fidelidade sem compromisso E a mesma animal - ou celestial - inocência, Porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu: Não, não importava as coisas bobas que diséssemos. Éramos um desejo de estar perto, tão perto Que não havia ali apenas duas encantadas criaturas Mas um único amor sentado sobre uma tosca pedra, Enquanto a gente grande passava, caçoava, ria-se, não sabia Que eles levariam procurando uma coisa assim por toda a sua vida...
(...) - Você tem um cigarro? - Estou tentando parar de fumar. - Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora. - Você tem uma coisa nas mãos agora. - Eu? - Eu. (...) Caio Fernando Abreu.
Não sei dizer ainda se o nome dele é Chico ou Tom. Sei que ele é lindo, enorme, estabanado, com uma carinha triste. E que, como a dona, não sabe se prefere ficar sozinho ou ganhar abraços, e sai pra caminhar já pensando na hora de voltar pra casa e ficar em paz.
Janta ( Marcelo Camelo, com part. Mallu Magalhães ) Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar caberá ao nosso amor o "eterno" ou o "não dá" pode ser cruel a eternidade, eu ando em frente por sentir vontade Eu quis te convencer mas chega de insistir caberá ao nosso amor o que há de vir pode ser a eternidade má, caminho em frente pra sentir saudade Paper clips and crayons in my bed, everybody thinks that I'm sad I take my ride in melodies and bees and birds will hear my words will be both us and you and them together I can forget about myself trying to be anybody else I feel allright that we can go away and please my day I'll let you stay with me if you surrender.
Eu amo. Sou eu. Sometimes I shave my legs and sometimes I don't. Sometimes I comb my hair and sometimes I won't. Depend on how the wind blows I might even paint my toes It really just depends on whatever feels good in my soul I'm not the average girl from your video and I ain't built like a supermodel But I learned to love myself unconditionally because I am a queen I'm not the average girl from your video My worth is not determined by the price of my clothes No matter what I'm wearing I will always be India Arie When I look in the mirror and the only one there is me Every freckle on my face is where it's supposed to be And I know my creator didn't make no mistakes on me My feet, my thighs, my lips, my eyes; I'm lovin' what I see Am I less of a lady if I don't wear pantyhose? My mama said a lady ain't what she wears but, what she knows But, I've drawn a conclusion, it's all an illusion, confusion's the name of the game A misco
Dedicatória Florbela Espanca É só teu o meu livro; guarda-o bem; Nele floresce o nosso casto amor Nascido nesse dia em que o destino Uniu o teu olhar à minha dor.
As canções que você fez pra mim. Roberto Carlos - Erasmo Carlos Hoje eu ouço as canções que você fez pra mim, não sei por que razão tudo mudou assim. Ficaram as canções e você não ficou. Esqueceu de tanta coisa que um dia me falou, tanta coisa que somente entre nós dois ficou. Eu acho que você já nem se lembra mais. É tão difícil olhar o mundo e ver o que ainda existe. Pois sem você meu mundo é diferente, minha alegria é triste Quantas vezes você disse que me amava tanto, tantas vezes eu enxuguei o seu pranto. Agora eu choro só, sem ter você aqui.
Acho que sou eu. Espero que sim. No blog dele . Muita saudade. E um amor que não tem fim e que é o amor mais incondicional que eu já senti na vida. Que é amor até quando está bravo ou triste. E que eu desconfio que seja amor pra sempre. E um dia você chegou, rindo, trazendo Ferreira Gullar, Leminski e Lispector; E trouxe um mundo maior do que mil pernas minhas; E me provou que não é bom ser hermético, antipático, Como uma daquelas latas de biscoito importado, mas cheia de angústia. Você fundou em mim o cuidado, E um amor que mais parece asma, de tão amor que é. E até hoje eu me reprovo, e tento esconder minhas dores pra não te fazer doer. Sem conseguir, encosto minhas costas nas suas torcendo pra você mudar de lado e me encontrar à sua espera, que é como estou desde que me lembro. O mundo só me parece imenso porque você me mostrou que ele pode ser. (Eu sei) ele não teria cor sem você. Ou eu não teria sem você.
- Cada um tem suas medidas. - As suas são despropositadas. Você é sempre a mesma. Por otimismo, por ser muito voluntariosa, esconde de si própria a verdade e quando ela salta diante de seus olhos você desaba ou explode. Simone de Beauvoir, "A idade da discrição". Tirei daqui .
Ganhei da Mari Clark. Adorei porque é ela e porque é ótimo. No blog dela . Para Dri Bermuda larga Chacal muitos lutam por uma causa justa eu prefiro uma bermuda larga só quero o que não me encha o saco luto pelas pedras fora do sapato
Bola de cristal Mário Quintana A praça, o coreto, o quiosque, as primeiras leituras, os primeiros versos e aquelas paixões sem fim... Todo um mundo submerso, com suas vozes, seus passos, seus silêncios - ai que saudade de mim! Deixo-te, pobre menino, aí sozinho... Que bom que nunca me viste como te estou vendo agora - e é melhor que seja assim... Deixo-te com os teus sonhos de outrora, os teus livros queridos e aquelas paixões sem fim! e a praça...o coreto...o quiosque onde compravas revistas... Sonha, menino triste... Sonha... - só o teu sonho é que existe.
C anção do berço Carlos Drummond de Andrade O amor não tem importância. No tempo de você, criança, uma simples gota de óleo povoará o mundo por inoculação, e o espasmo (longo demais para ser feliz) não mais dissolverá as nossas carnes. Mas também a carne não tem importância. E doer, gozar, o próprio cântico afinal é indiferente. Quinhentos mil chineses mortos, trezentos corpos de namorados sobre a via férrea e o trem que passa, como um discurso, irreparável: tudo acontece, menina, e não é importante, menina, e nada fica nos teus olhos. Também a vida é sem importância. Os homens não me repetem nem me prolongo até eles. A vida é tênue, tênue. O grito mais alto ainda é suspiro, os oceanos calaram-se há muito. Em tua boca, menina, ficou o gosto do leite? ficará o gosto de álcool? Os beijos não são importantes. No teu tempo nem haverá beijos. Os lábios serão metálicos, civil, e mais nada, será o amor dos indivíduos perdido
Aventura na casa atarracada Ana Cristina Cesar Movido contraditoriamente por desejo e ironia não disse mas soltou, numa noite fria, aparentemente desalmado; - Te pego lá na esquina, na palpitação da jugular, com soro de verdade e meia, bem na veia, e cimento armado para o primeiro a andar. Ao que ela teria contestado, não, desconversado, na beira do andaime ainda a descoberto: - Eu também, preciso de alguém que só me ame. Pura preguiça, não se movia nem um passo. Bem se sabe que ali ela não presta. E ficaram assim, por mais de hora, a tomar chá, quase na borda, olhos nos olhos, e quase testa a testa.
Minha irmã no MSN em Indianápolis, visitando os amigos e me contando as novidades deles: Carol diz: agora ele tem um passarinho que chama Scooby-Do. Ela fica solta no banheiro e fez cocô no banheiro inteiro. Aí ele colocou um som e um DVD pra ela lá dentro. Fica tocando ice ice baby e passando um filme sobre passarinhos.
Filhos Ferreira Gullar Daqui escutei quando eles chegaram rindo e correndo entraram na sala e logo invadiram também o escritório (onde eu trabalhava) num alvoroço e rindo e correndo se foram com sua alegria se foram Só então me perguntei por que não lhes dera maior atenção se há tantos e tantos anos não os via crianças já que agora estão os três com mais de trinta anos.
"Uma rã se achava importante porque o rio passava nas suas margens". Lindo demais isso. Sobre importâncias Manoel de Barros Uma rã se achava importante Porque o rio passava nas suas margens. O rio não teria grande importância para a rã Porque era o rio que estava ao pé dela. Pois Pois. Para um artista aquele ramo de luz sobre uma lata desterrada no canto de uma rua, talvez para um fotógrafo, aquele pingo de sol na lata seja mais importante do que o esplendor do sol nos oceanos. Pois Pois. Em Roma, o que mais me chamou a atenção foi um prédio que ficava em frente das pombas. O prédio era do estilo bizantino do século IX. Colosso! Mas eu achei as pombas mais importantes do que o prédio. Agora, hoje, eu vi um sabiá pousado na Cordilheira dos Andes. O pessoal falou: seu olhar é distorcido. Eu, por certo, não saberei medir a importãncia das coisas: alguém sabe? Eu só queria construir nadeiras para botar nas minhas palavras.
Conclusões de Aninha Cora Coralina Estavam ali parados. Marido e mulher. Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça tímida, humilde, sofrida. Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho, e tudo que tinha dentro. Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar novo rancho e comprar suas pobrezinhas. O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula, entregou sem palavra. A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou, se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar E não abriu a bolsa. Qual dos dois ajudou mais? Donde se infere que o homem ajuda sem participar e a mulher participa sem ajudar. Da mesma forma aquela sentença: "A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar." Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada, o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso e ensinar a paciência do pescador. Você faria isso, Leitor? Antes que tudo isso se fizesse o desvalido não morreria de fome? Conclusão: Na prática, a teoria
(...) Eu sempre sonho que uma coisa gera, nunca nada está morto. O que não parece vivo, aduba. O que parece estático, espera. Adélia Prado
Documentário sobre Vinícius de Moraes. Apesar de amar Chico Buarque e Edu Lobo, o que eu queria de verdade ter postado aqui era só o depoimento do Ferreira Gullar, que começa aos 1:15m desse vídeo que eu encontrei (e, originalmente, não inclui as imagens chatinhas que acrescentaram no final, aos 3:00m, depois do Vinícius e do Tom bêbados, que também já postei aqui). E é isso. A vida é uma invenção. Então é melhor inventar coisa boa.
Matar, a forma mais alta de amar, matar em nós a vontade de matar, voltar a matar a vontade, matar, sempre, matar, mesmo que, para isso, seja preciso todo o nosso amar. Paulo Leminski
Sobre a minha alegria. Cris Guerra Que não é por nada, nem para nada. Essa que aprendi de mim. Que veio comigo, desde sempre. De vez em quando me perco dela e ficamos a nos procurar: eu por ela, ela por mim. Ela que é minha, que sou eu. Que sou. Sei que ela está aqui. Como quando perco alguma coisa dentro da bolsa repleta de coisas e toco em todas elas, menos no que é tão urgente. Respiro fundo. Calma. Ela está aqui, tenho certeza. É simples, eu vou encontrar.
É MUITO bom ser cruzeirense. Sem voz por uma semana. O vídeo é antigo, mas eu amo a música. Cruzeiro, quem conhece a tua história de conquistas e vitórias nunca mais te esquecerá. Cruzeiro, tua história é tão bonita, faz parte da minha vida, pros meus filhos vou contar. Cruzeiro, o guerreiro dos gramados, sou cruzeirense apaixonado e pra sempre vou te amar.
Eu: Fer, olha o que eu li agora em um lugar: (e aí eu leio o trecho pra ele). Fer: NOSSA! Que lindo! É de quem? Eu: ... ... Fer: hein? Eu: seu, Fer. Tô corrigindo uma monografia sobre cultura e os alunos entrevistaram você. Tá aqui seu nome e essa citação. Fer: aaaaaah! Eu: lembra? Fer: não muito. Mas bem que eu vi que eu estava concordando totalmente com o autor! Não tem como não amar.
"Professora, você é igualzinha à Betty Boop!". Fiquei com medo de perguntar pra minha aluna se isso era um elogio. Mas achei o máximo.
Amor é a coisa mais alegre Amor é a coisa mais triste Amor é a coisa que mais quero Por causa dele falo palavras como lanças Amor é a coisa mais alegre Amor é a coisa mais triste Amor é a coisa que mais quero Por causa dele podem entalhar-me: Sou de pedra sabão. Alegre ou triste Amor é a coisa que mais quero. Adélia Prado
(...) O ritmo das águas indica o roteiro e me oferece um papel: abrir o coração como uma vela ao vento, ou pagar sempre a conta já vencida. Lya Luft
Não só quem nos odeia e nos inveja Nos limita e oprime. Quem nos ama Não menos nos limita Que os deuses me concedam que, despido De afectos, tenha a fria liberdade Dos píncaros sem nada. Quem quer pouco, tem tudo; Quem quer nada É livre; Quem não tem e não deseja, Homem, é igual aos deuses Ricardo Reis (heterônimo de Fernando Pessoa)
Poema Augusto Frederico Schmidt Encontraremos o amor depois que um de nós abandonar os brinquedos. Encontraremos o amor depois que nos tivermos despedido E caminharmos separados pelos caminhos. Então ele passará por nós, E terá a figura de um velho trôpego, Ou mesmo de um cão abandonado, O amor é uma iluminação, e está em nós, contido em nós, E são sinais indiferentes e próximos que os acordam do seu sono subitamente.
O poeta Manoel de Barros Vão dizer que não existo propriamente dito. Que sou um ente de sílabas. Vão dizer que eu tenho vocação pra ninguém. Meu pai costumava me alertar: Quem acha bonito e pode passar a vida a ouvir o som das palavras Ou é ninguém ou zoró. Eu teria treze anos. De tarde fui olhar a Cordilheira dos Andes que se pendia nos longes da Bolívia E veio uma iluminura em mim. Foi a primeira iluminura. Daí botei meu primeiro verso: Aquele morro bem que entorta a bunda da paisagem. Mostrei a obra pra minha mãe. A mãe falou: Agora você vai ter que assumir as suas irresponsabilidades. Eu assumi: entrei no mundo das imagens.
O amor eterno Mário Quintana Dante se enganou: Paolo e Francesca Continuariam bem juntinhos no Inferno, com pecado e tudo Juntinhos e felizes! Mas quem sabe se não seria este mesmo o castigo divino? Um amor que jamais pudesse terminar...
Da Mariana Clark. Adorei, Mari. Porque quando te conheci e você já me dizia as coisas lindas que sempre disse, lhe falei que conhecesse uma menina mais perto de você e não se apaixonasse por uma que mora em Minas e você do mundo grande de São Paulo, falando com aquele sotaque tão bonitinho mesmo que um pouco brega. E você me disse, assim, que uma menina mais perto não seria eu. E eu acreditei e é o que eu digo para você toda vez que reclama da distância ou do fato de nos vermos pouco, pouco porque queríamos nos ver todos os dias. Mas as coisas não são assim. Sabe, porque me despedir de você no final desse feriado, aquele beijo na rodoviária, me doeu o coração ver aquele ônibus te levando para tão longe. E você ainda com o Picolé Garoto na mão, que você adora, aquele de chocolate amargo que não se acha em São Paulo. E o seu jeito todo esquentado com que se irrita porque o molho branco não dá certo enquanto eu, distraída, leio as poesias para você do meu poeta preferido enquanto você coz
O aferidor Manoel de Barros Tenho um aferidor de Encantamentos. A uma açucena encostada no rosto de uma criança O meu Aferidor deu nota dez. A uma fuga de Bach que vi nos olhos de uma criatura O Aferidor deu nota vinte. Mas a um homem sozinho no fim de uma estrada Sentado nas pedras de suas próprias ruínas O meu Aferidor deu DESENCANTO. (O mundo é sortido, Senhor, como dizia meu pai.)