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Mostrando postagens de fevereiro, 2008
Do Blowg : "Ele é sexy demais Minha amiga ligou pra dizer que sonhou com Naveen Andrews. Ahn? Porque não sabia que o Sayid se chamava Naveen Andrews. E ela fala os nomes dos atores. O que interessa é que ela estava lost com ele na ilha. Ok? Sozinhos na ilha. Eu sonhei que estava entrando em casa quando a Bruna Lombardi falou sobre seus dois cachorrinhos e me chamou e eu entrei na casa dela (cacófato) e tinha um sofá com umas caixas coloridas e bem horríveis (instalações) em cima e uma cama de molas. Compara os sonhos e vê quem ficou em desvantagem. Daí o Riccelli que estava no quarto acordou. Que sonho, hein? De amargar. E minha amiga: Sayid.Ele é casado com a Barbara Hershey - acho demais porque gosto dela (58) e ele é bem mais novo (37). Mas foi visto aos beijos com outra. Os homens, hein? O sucesso, hein? As tentações, hein?". PS: breve pausa na pretensão literária deste blog: momento "Elas estão descontroladas": Voltamos com nossa programação normal.
"O direito à felicidade passa a ser promovido pelo encontro com um objeto substituto oferecido pelo mercado, o que assegura a solidão do consumidor, acompanhada da rivalidade com o outro, sempre potencial comprador do melhor isso ou aquilo" FERRARI, Ilka . A solidão e o funcionamento dos sujeitos em tempos de inovação frenética".
Bilhete da ousada donzela Adélia Prado Jonathan, há nazistas desconfiados. Põe aquela sua camisa que eu detesto - comprada no Bazar Marrocos - e venha como se fosse pra consertar meu chuveiro. Aproveita na terça que meu pai vai com minha mãe visitar tia Quita no Lajeado. Se mudarem de idéia, mando novo bilhete. Venha sem guarda-chuva - mesmo se estiver chovendo - Não agüento mais tio Emílio que sabe e finge não saber que te namoro escondido e vive te pondo apelidos. O que você disse outro dia na festa dos pecuaristas até hoje soa igual música tocando no meu ouvido: "Não paro de pensar em você." Eu também, Natinho, nem um minuto. Na terça, às duas da tarde, hora em que se o mundo acabar eu nem vejo. Com aflição, Antônia
Colei do Legally Normal My dream by Ogden Nash Here is a dream. It is my dream - My own dream - I dreamt it. I dreamt that my hair was kempt, Then I dreamt that my true love unkempt it.
Eu sei que é longo, eu sei que é difícil. Já postei um pedacinho dele aqui antes, não tinha tido coragem de postar tudo por esses motivos. Só que é, principalmente, muito lindo. Absurdo de lindo. Aventurem-se, porque vale muito a pena. Uma faca só lâmina João Cabral de Melo Neto (Para Vinícius de Moraes) Assim como uma bala enterrada no corpo, fazendo mais espesso um dos lados do morto; assim como uma bala do chumbo pesado, no músculo de um homem pesando-o mais de um lado qual bala que tivesse um vivo mecanismo, bala que possuísse um coração ativo igual ao de um relógio submerso em algum corpo, ao de um relógio vivo e também revoltoso, relógio que tivesse o gume de uma faca e toda a impiedade de lâmina azulada; assim como uma faca que sem bolso ou bainha se transformasse em parte de vossa anatomia; qual uma faca íntima ou faca de uso interno, habitando num corpo como o próprio esqueleto de um homem que o tivesse, e sempre, doloroso, de homem que se ferisse contra seus próprios ossos. A
Ele de novo, porque eu não resisto: . . A vida é breve, a D.R. é longa Xico Sá ( http://carapuceiro.zip.net/ ) “Aí naquele maior barraco, ele, rapaz acadêmico, vem com uma citação de Delleuze (o Gilles, filósofo francês) pra cima de mim, vê se pode uma coisa dessas?!!” Pior é que pode. Sim, como o desabafo da amiga N. não nos deixa mentir, intelectual (ou metido a) bota Delleuze & Sartre até no meio de uma D.R., a sigla como é conhecida hoje a mitológica Discussão de Relação , mesmo a mais breve. Embora seja escritora de mancheia e conhecedora do mundo afrancesado, N. não se conteve diante do mancebo-dos-rizomas. Deu download na brava cabocla Iracema que mora na sua alma cearense e sapecou: “Diabeisso?!”, corruptela alencarina de “que diabo é isso, miserável?!” Ela não concebia que naquelas cinzas das horas, a casa caindo, alguma criatura esquecesse de mirar o próprio teto e convocasse Delleuze para resolver o drama de alcova. Como se a vida a dois fosse uma tese, como se desconsid
Sundae do Mc Donald´s http://02neuronio.blog.uol.com.br/ Às vezes a vida fica meio tediosa. Muita fisioterapia, muito trânsito, muito trabalho no fim de semana. Pouco tempo até pra pensar em coisas legais pra fazer. Ou pra curtir as poucas coisas legais que ainda insistem em aparecer. Daí você vai almoçar e comete o erro. Primeiro, almoçar no Mc Donald´s. Mas para agravar, o terrível erro - ou talvez para otimizar o erro - você resolve pedir um sundae de chocolate. Quer dizer, um TOP SUNDAE de chocolate. Com farofa, calda de chocolate e dois biscoitos. Mais ou menos umas 10 mil calorias. Mas a felicidade pós-top-sundae é instantânea. Todos os infortúnios, cronogramas e compromissos maletas desaparacem. Porque tem dias em que tudo que a gente precisa é de um sundae.
Campanha permanente pela volta do cafuné Xico Sá Dos dengos femininos, ou historicamente femininos, o que mais nos faz falta, é o cafuné. Nos dias avexados de hoje, não há mais tempo nem devoção para os delicados estalinhos no cocoruto do mancebo. Pela volta imediata do mais nobre dos gestos de carinho e delicadeza. Nem que seja pago, como o sexo das belas raparigas dos lupanares, mas que devolvam vossas mãos às nossas cabeças. Pela criação imediata da Casa de Cafunés Gilberto Freyre, como me propõe, em sociedade, a amiga Maria Eduarda Risoflora Belém. Ótima idéia a ser espalhada por todo o país. Milhares de casas, guichês, varandas, redes debaixo de coqueiros, sofás na rua... Tudo a serviço dos breves e deliciosos estalinhos dos dedos das moças. Gilberto Freyre era um entusiasta do cafuné e a ele dedicou páginas e páginas. GF, aliás, escrevia como quem dá cafuné, prosa mole, ritmo dos mais sensoriais. Como também assenta palavras outro Freire, sem o estilingue do Y, o Marcelino de
Quando chegar Ana Cristina César Quando morrer Anjos meus, Fazei-me desaparecer, sumir, evaporar Desta terra louca. Permiti que eu seja mais um desaparecido Da lista de mortos de algum campo de batalha Para que eu não fique exposto Em algum necrotério branco Para que não jaza num caixão frio Coberto de flores mortas Para que eu não sinta mais os afagos Desta gente tão longe Para que não ouça nenhum reboando eternos Os ecos dos teus soluços O lixo desta memória Para que apaguem-se bruscos As marcas do meu sofrer Para que a morte só seja Um descanso calmo e doce Um calmo e doce descanso.
Antes do nome Adélia Prado Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás", o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível muleta que me apóia. Quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada. Em momentos de graça, infreqüentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. Puro susto e terror.
A mulher que passa Vinícius de Moraes Meu Deus, eu quero a mulher que passa Seu dorso frio é um campo de lírios Tem sete cores nos seus cabelos Sete esperanças na boca fresca! Oh! como és linda, mulher que passas Que me sacias e suplicias Dentro das noites, dentro dos dias! Teus sentimentos são poesia Teus sofrimentos, melancolia. Teus pelos leves são relva boa Fresca e macia. Teus belos braços são cisnes mansos Longe das vozes da ventania. Meu Deus, eu quero a mulher que passa! Como te adoro, mulher que passas Que vens e passas, que me sacias Dentro das noites, dentro dos dias! Por que me faltas, se te procuro? Por que me odeias quando te juro Que te perdia se me encontravas E me concontrava se te perdias? Por que não voltas, mulher que passas? Por que não enches a minha vida? Por que não voltas, mulher querida Sempre perdida, nunca encontrada? Por que não voltas à minha vida Para o que sofro não ser desgraça? Meu Deus, eu quero a mulher que passa! Eu quero-a agora, sem mais demora A
I love my husband Nélida Piñon Eu amo meu marido. De manhã à noite. Mal acordo, ofereço-lhe café. Ele suspira exausto da noite sempre maldormida e começa a barbear-se. Bato-lhe à porta três vezes, antes que o café esfrie. Ele grunhe com raiva e eu vocifero com aflição. Não quero meu esforço confundido com um líquido frio que ele tragará como me traga duas vezes por semana, especialmente no sábado. Depois, arrumo-lhe o nó da gravata e ele protesta por consertar-lhe unicamente a parte menor de sua vida. Rio para que ele saia mais tranqüilo, capaz de enfrentar a vida lá fora e trazer de volta para a sala de visita um pão sempre quentinho e farto. Ele diz que sou exigente, fico em casa lavando a louça, fazendo compras, e por cima reclamo da vida. Enquanto ele constrói o seu mundo com pequenos tijolos, e ainda que alguns destes muros venham ao chão, os amigos o cumprimentam pelo esforço de criar olarias de barro, todas sólidas e visíveis. A mim também me saúdam por alimentar um homem que so
Paulo Leminski Eu ontem tive a impressão que deus quis falar comigo não lhe dei ouvidos quem sou eu para falar com deus? Ele que cuide dos seus assuntos eu cuido dos meus
Pablo Neruda Os que se amaram como nós? Busquemos as antigas cinzas do coração queimado e ali que tombem um por um nossos beijos até que ressuscite a flor desabitada. Amemos o amor que consumiu seu fruto e desceu à terra com rosto e poderio: tu e eu somos a luz que continua, sua inquebrantável espiga delicada. Ao amor sepultado por tanto tempo a frio, por neve e primavera, por esquecimento e outono, acerquemos a luz de uma nova maça, do frescor aberto por uma nova ferida, como o amor antigo que caminha em silêncio por uma eternidade de bocas enterradas
Abaixo o Photoshop! Barroso da Costa ( www.osimpublicaveis.com.br ) Como nunca, a passagem dos anos tem afligido as pessoas, que fazem de tudo para se livrar de suas rugas, de alguns quilos que consideram a mais ou de qualquer coisa que as faça lembrar que, dia após dia, estão envelhecendo. As cirurgias plásticas nunca estiveram tão em alta e as academias vomitam homens e mulheres com mais – às vezes bem mais – de trinta anos, em roupas muito justas e coloridas, à caça da eterna juventude que o mercado lhes impõe como conditio sine qua non para a felicidade. Nada contra uma vida mais saudável ou belos corpos, a qualquer idade. Pelo contrário, limitando-me à estética feminina, a que me rendo com fascínio, posso afirmar sem constrangimento que acho lindas as bundas durinhas e os seios exibidos em decotes, sem falar nas pernas bem torneadas cheias de promessas de tirar o fôlego. O problema é que, em nossa cultura adultescente, tudo isso muitas vezes não passa de promessa, que se esvazia
Ontem - XXVII Olavo Bilac Ontem - néscio que fui! - maliciosa Disse uma estrela, a rir, na imensa altura: "Amigo! uma de nós, a mais formosa "De todas nós, a mais formosa e pura, "Faz anos amanhã... Vamos! procura "A rima de ouro mais brilhante, a rosa "De cor mais viva e de maior frescura!" E eu murmurei comigo: "Mentirosa!" E segui. Pois tão cego fui por elas, Que, enfim, curado pelos seus enganos, já não creio em nenhuma das estrelas... E — mal de mim! — eis-me, a teus pés, em pranto... Olha: se nada fiz para os teus anos, Culpa as tuas irmãs que enganam tanto!
A dor como afrodisíaco Martha Medeiros O cara atende todas as suas vontades. Vive ligando, gravando fitas, chamando para uns programas bacanas e dizendo tudo aquilo que é muito bem-vindo: te adoro, te acho linda, não me imagino longe de ti. Está tudo muito bem, mas seu coração continua batendo devagar. Aí surge outro cara. Ele fica com você um dia e desaparece no outro. Telefona num sábado e some no domingo. Diz que curte você mas quer aproveitar a vida. Você escuta, então, um barulho que parece a bateria da escola de samba da Imperatriz Leopoldinense invadindo seu quarto, mas é seu coração. Dá para ouvi-lo bater daqui. Que raio de mecanismo é esse que faz com que a gente se ligue em quem não nos dá bola? Não é prerrogativa feminina, vale para ambos os sexos. Conheço muito cara que lambe o chão que pisa a menina que faz jogo duro. Será que, faltando quatro semanas para o ano 2000, ainda não caducou aquela regra que diz que homens e mulheres difíceis é que são valorizados? Eu estou com
Canção da garoa Mário Quintana Em cima do telhado Pirulin lulin lulin, Um anjo, todo molhado, Soluça no seu flautim. O relógio vai bater: As molas rangem sem fim. O retrato na parede Fica olhando para mim. E chove sem saber porquê E tudo foi sempre assim! Parece que vou sofrer: Pirulin lulin lulin...
Não sei se o Mario continua passeando pelo blog, mas sei que ele adora este aqui: . Poema do beco Manuel Bandeira Que me importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte? - O que eu vejo é o beco.
Uma didática da invenção Manoel de Barros I Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber: a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre 2 lagartos f) Como pegar na voz de um peixe g) Qual o lado da noite que umedece primeiro. etc etc etc Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios. II Desinventar objetos. O pente, por exemplo. Dar ao pente funções de não pentear. Até que ele fique à disposição de ser uma begônia. Ou uma gravanha. Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma. III Repetir repetir - até ficar diferente. Repetir é um dom do estilo. IV No tratado da grandeza do ínfimo estava escrito: Poesia é quando a tarde está competente para dálias. É quando Ao lado de um pardal o dia
Pré-carnaval de angústia e alívio. Maiakovski Na primeira noite Eles se aproximam E colhem uma flor Do nosso jardim E não dizemos nada. Na segunda noite Já não se escondem: Pisam as flores, Matam nosso cão E não dizemos nada. Até que um dia O mais frágil deles Entra sozinho em nossa casa, Rouba-nos a lua e, Conhecendo nosso medo, Arranca-nos a voz da garganta E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.