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Mostrando postagens de dezembro, 2010
Estou viciada nestes contadores de visitas do blog. Se a pessoa entra aqui, por exemplo, de Miami usando o computador de determinada empresa, eles avisam. Se viajou para São Paulo e entra usando um iPad, eles detectam também. É bom saber quem está aqui sempre. Tem os que nunca me viram e passam a gostar de mim pelo que eu posto. Tem os que me odeiam sem nunca ter me visto e entram pra tentar me conhecer (sempre mulheres, porque mulher é expert em não ver e não gostar de outra mulher, que coisa). E tem a grande maioria, que já gosta de mim e vem dizer "oi" e fazer companhia. Eu adoro a tecnologia. E adoro que haja vida por trás dela. Obrigada, contadores de visita! I love you!
Sérgio Antunes No ano que vem vou fazer um check-up, reformar os meus ternos, vou trocar os meus móveis, viajar no inverno, como convém. No ano que vem vou me fantasiar, desfilar na avenida, decorar samba enredo, vou mudar minha vida, como convém. No ano que vem faço vestibular, vou tocar clarineta, aprender dançar valsa, fox-trot ou salsa, como convém. E vou me converter no ano que vem, registrar a escritura, vou pagar a promessa e andar mais depressa. Como convém. No ano que vem vou tratar meus dentes, visitar uns parentes, vou limpar o porão, vou casar na igreja, como convém. No ano que vem vou soltar busca-pé, empinar papagaio, vou comer manga-espada e sentar na calçada, até. No ano que vem vou pagar minhas dívidas, apagar minhas dúvidas e trocar o meu carro e largar o cigarro. Como convém. No ano que vem vou fazer um regime, e vou mudar de time, viajar para a França e estudar esperanto. Como convém. Vou plantar uma rosa no ano que vem e escrever um romance e fazer exercício, desde
Ganhei da minha mãe. E ela ainda escreveu "é você!". Ok, mãe é mãe, mas eu nem ligo e tô me achando. E achando o máximo ter 30. E ter amigas de 30. Enfim... As mulheres de 30 Mário Prata O que mais as espanta é que, de repente, elas percebem que já são balzaquianas. Mas poucas balzacas leram A Mulher de Trinta, de Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos. Olhe o que ele diz: 'Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer'. Madame Bovary, outra francesa trintona, era tão maravilhosa que seu criador chegou a dizer diante dos tribunais: 'Madame Bovary c'est moi'. E a Marilyn Monroe, que fez tudo aquilo en
Enleio Que é que vou dizer a você? Não estudei ainda o código de amor. Inventar, não posso. Falar, não sei. Balbuciar, não ouso. Fico de olhos baixos espiando, no chão, a formiga. Você sentada na cadeira de palhinha. Se ao menos você ficasse aí nessa posição perfeitamente imóvel, como está, uns quinze anos (só isso) então eu diria: Eu te amo. Por enquanto sou apenas o menino diante da mulher que não percebe nada. Será que você não entende, será que você é burra? Carlos Drummond de Andrade
De agora em diante eu quero mais do que entender: eu quero superentender, eu humildemente imploro que esse dom me seja dado. Eu quero entender o próprio entendimento. Eu quero atingir o mais íntimo segredo daquilo que existe. Clarice Lispector, Um Sopro de Vida.
Saber desistir. Abandonar ou não abandonar – esta é muitas vezes a questão para um jogador. A arte de abandonar não é ensinada a ninguém. E está longe de ser rara a situação angustiosa em que devo decidir se há algum sentido em prosseguir jogando. Serei capaz de abandonar nobremente? ou sou daqueles que prosseguem teimosamente esperando que aconteça alguma coisa? como, digamos, o próprio fim do mundo? ou seja lá o que for, como a minha morte súbita, hipótese que tornaria supérflua a minha desistência? Eu não quero apostar corrida comigo mesmo. Um fato. Clarice Lispector, "Um sopro de vida".
Trilha sonora de sessões inesgotáveis de chorinho doído e bom. Assinado eu (Tiê) Já faz um tempo que eu queria te escrever um som. Passado o passado, acho que eu mesma esqueci o tom. Mas sinto que eu te devo sempre alguma explicação, parece inaceitável a minha decisão, eu sei. Da primeira vez, quem sugeriu, eu sei, eu sei, fui eu. Da segunda quem fingiu que não estava ali também fui eu. Mas em toda a história é nossa obrigação saber seguir em frente, seja lá qual direção, eu sei. Tanta afinidade assim eu sei que só pode ser bom. Mas se é contrário é ruim, pesado e eu não acho bom. Eu fico esperando o dia que você me aceite como amiga, ainda vou te convencer. Eu sei. E te peço, me perdoa, me desculpa que eu não fui sua namorada, pois fiquei atordoada, faltou o ar, faltou o ar. Me despeço dessa história e concluo: a gente segue a direção que o nosso próprio coração mandar, e foi pra lá, e foi pra lá. E te peço, me perdoa, me desculpa que eu não fui sua namorada, pois fiquei atordoada de
O bom de ter uma irmã como a minha é ela poder me traduzir melhor do que eu. The men of my life do blog da Carol I don't talk much about them here, but these are the two most important men in my life: my brother and my dad. Spending the years in their company has raised my standards and has taught me to expect nothing less than absolute kindness from any male figure I come into contact with. They've somehow managed to survive in a house with 3 very opinionated women and still love us to death – and that should speak volumes about them.
eu: "mulher não é bom. só eu!". ele: "mulher é bom. vamos combinar. você é apenas melhor". Ah, as mentiras doces que os homens contam...
Branquinha! Depois de dois anos é que confessou que gostava de Fafá de Belém. Pensou que eu não aguentaria. Você tem dessas. Acha que não será amada como se amou. Acha que pode resolver tudo sozinha. Já ouvi gritando num desentendimento: "Não tem problema, cuido de mim, tô acostumada". Se fico preocupado, diz que é uma forma de culpá-la. Não deseja incomodar. Odeia depender do amor de um homem, que é muito pior do que depender de um homem. Odeia me amar porque contrario tudo o que esperava da independência de um casal. Talvez se perceba abençoada por uma maldição. Eu me assusto sempre, você que não prevê. Susto de ternura. A ternura me excita. Adoro quando come e transforma todo alimento em molho dos outros. Adoro quando escolhe uma calça e põe a pilha delas no chão, para não esquecer qual usou. Adoro que chama seus melhores amigos de amado/amada e seus pacientes de flor. É uma floricultura ao telefone. Adoro quando me dá uma série de beijinhos pelo rosto, como se me banhasse
Manhã As estátuas sem mim não podem mover os braços Minhas antigas namoradas sem mim não podem amar seus maridos Muitos versos sem mim não poderão existir. É inútil deter as aparições da musa É difícil não amar a vida Mesmo explorado pelos outros homens É absurdo achar mais realidade na lei que nas estrelas Sou poeta irrevogavelmente. Murilo Mendes
Eu não sou defensora do amor a qualquer custo, do amor "eu amo por nós dois". Eu amo muito, mas amo só por mim. É bom me amarem de volta.
Saramago e Pilar. Pra Cris (a coisa mais estranha do mundo é ela não ter um blog).
Pensava nele quando a seda do vestido tocou-lhe as coxas eriçando-lhe os pêlos (asas a roçar o espírito tocha a incendiar a carne) Pensava nele quando a voz de Maria Callas alcançou a nota mais aguda - L'atra notte in fondo al mare - invocando Mefistofele (setas fálicas a zumbir junto aos ouvidos aromas de sândalo a embebedar os sentidos) De tanto nele pensar devorou a si própria luxoriosamente (espírito é só carne) Hilda Hilst
(...) a verdadeira londrina, quanto mais acesso tem à variedade de it bags da Harvey Nichols, mais vai adotar um modelo só e usá-lo à exaustão: porque é exatamente isso que torna sua bolsa valiosa e a diferencia de todas as outras: as histórias que ela conta com seu visual acabadinho. Não tenho nada contra ter uma coleção de bolsas incrível – toda mulher adora – mas é exatamente nessa tecla que quero bater: o que me chama atenção é que muitas mulheres parecem ter aberto mão de sua identidade pela quantidade.Não é muito mais legal ter peças que contam uma história? Do blog Petiscos .
O par que me parece Pesa dentro de mim o idioma que não fiz, aquela língua sem fim feita de ais e de aquis. Era uma língua bonita, música, mais que palavra, alguma coisa de hitita, praia do mar de Java. Um idioma perfeito, quase não tinha objeto. Pronomes do caso reto, nunca acabavam sujeitos. Tudo era seu múltiplo, verbo, triplo, prolixo. Gritos eram os únicos. O resto, ia pro lixo. Dois leões em cada pardo, dois saltos em cada pulo, eu que só via a metade, silêncio, está tudo duplo. Paulo Leminsk i
Homem x mulher
Teu corpo de terra e água Onde a quilha do meu barco Onde a relha do arado Abrem rotas e caminho. Teu ventre de seivas brancas Tuas rosas paralelas Tuas colunas teu centro Teu fogo de verde pinho Tua boca verdadeira Teu destino minha alma Tua balança de prata Teus olhos de mel e vinho Bem que o mundo não seria Se o nosso amor lhe faltasse Mas as manhãs que não temos São nossos lençóis de linho José Saramago
Ele nem passa por aqui, mas ainda assim: essa menina com frio aí da foto está te dizendo "obrigada". Por Paris e por tudo.
"Não vou seguir a vida enredando uma viuvez. Vivi antes com Saramago ao lado. Agora, com Saramago dentro". Pilar del Río - esposa, musa, companheira de José Saramago. Ela também conta que os muitos relógios de sua casa estão parados às 4 horas, horário em que conheceu Saramago. Foi ele quem os parou, a pedido dela, porque faziam muito barulho. E eu roubei e trouxe no bolso a folha da revista onde li isso, porque a vida tem muita poesia pra gente deixar por aí, sem cuidado.