De Xico Sá.
Quanto mais intelectual... menos atirada, menos dada ao sexo. E não se trata apenas de prosopopéia deste ignorante que vos fala. A sentença polêmica é o resultado da Pesquisa de Padrão de Vida (PPV) do científico IBGE.
Segundo o numerol, 61,4% da moças com mais de 12 anos de estudo não estão ligadas a nenhuma atividade sexual. Foram ouvidas mulheres entre 15 e 49 anos em todo o país.
Estudos semelhantes feitos na Europa e EUA já haviam apontado a mesma tendência, incluindo também a marmanjada. Será?
O instituto não pesquisou as razões da inapetência. Seria sublimação? Falta de homem à altura? Falta de homem simplesmente, mesmo que um burro, um jumento qualquer? Só Deus sabe.
Só sei que as enigmáticas discípulas de Clarice Lispector e as belas balzaquianas filiadas à Nouvelle Vague irão subir pelas paredes com as conclusões da estatística brasileira. Se já praguejaram contra as pesquisas de intenção de votos, imaginem com esta enquete.
Pereira, mestre em filosofia pura nas mesas do Amigo Gianotti (aquele boteco das boas fogazzas do Bixiga) e doutorando em antropologia nos labirintos do Love Story, adverte: "Quando uma mulher fala em James Joyce ou cinema iraniano, eu saco meu talão de cheques _pago a conta e vou embora''.
Pera lá, Pereira. "Pegou pessssado!'', como diria o argentino da piada do Cristo portenho. Eu mesmo, meu caro, gostava tanto de mocinhas de óculos que passei quatro anos com Moby Dick' (que nem é coisa de intelectual assim) debaixo do sovaco. Só para causar boa impressão. A coitada da baleia do livro não aguentava mais aquele desodorante, como me gozavam na época.
Depois, mudei para "Cândido'' (Voltaire), uma espécie de "Polyana'' para intelectuais, e as coisas melhoraram um pouquinho.Pereira prefere mesmo não acreditar nunca nessas armas pequeno-burguesas. Como bem disse, ao receber o resultado da pesquisa do IBGE, não troca a loira ou a morena do É o Tchan por uma dúzia de Simone de Beauvoir.
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