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Entre amigos
Martha Medeiros

Para que serve um amigo? Para rachar a gasolina, emprestar a prancha, recomendar um disco, dar carona pra festa, passar cola, caminhar no shopping, segurar a barra. Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.
Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu último livro, "A Identidade", que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos.
Verdade verdadeira. Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo construído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão. Veremos.
Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos.
Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta.
Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país.
Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu.
Um amigo não passa apenas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o reveillon.
Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado.
Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador.
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um, amém.

Comentários

Anônimo disse…
Você é a amiga mais ocupada, mais enrolada, mais atarefada, mais estabanada, mais desorientada. E também a mais preocupada, mais dedicada, mais requisitada, mais engraçada, mais delicada, mais equilibrada. Mais amada.
Não sei quantos amigos desse aí do texto você tem. Mas sei que você é essa amiga aí pra muita gente.
Saudades, menina.
Mari
Anônimo disse…
Sempre venho aqui e fico "quietinha" e não comento, mas com esse negócio de amigo eu tinha que falar.
Não termina em -ada, mas tinha que falar que você é a mais paciente e disposta a me ouvir quando eu estou chata, feia e boba. Braaava, mas a amiga mais fiel que eu poderia ter.
Anônimo disse…
E de onde saiu tanta mulher pra comentar? Eu só vejo seus amigos homens!!!!!!!! Hahahahahaha!
Anônimo disse…
Tem um amigo homem aqui!
Adoro você, Driquinha. Adoro muito. Você é amigona fiel (e mulherão, com todo respeito pelo Fernando).
Aquele abraço.
Anônimo disse…
Todo mundo gosta de você né, Dri. Tem que gostar mesmo. Você nunca briga apesar de ser brava, isso é raro e muito bonito em você. Tenho muita sorte de ser sua amiga, apesar de você ser enrolada, sempre foi a mais presente quando eu precisei. Te amo. Beijos, Ana.
obs: esse texto de amizade serviu pra você ver que tem um monte de amigo, que legal.

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