Mais uma sobre as duas melhores coisas do mundo: a mulher e o garçom
De Xico Sá.
Numa mesa de bar, claro.
Se não, não teria graça. Eu nem contaria.
Confesso que bebi.
Deus deveria parar o cronômetro, como um juiz de basquete, quando a vida não tivesse como locações a cama ou o boteco.
Mas nada é tão justo assim nesse mundo. Sabemos.
Numa mesa de bar. Exterior, calçada, noite.
A nega indaga:
“Por que será que garçom só decora nome de homem?”
A nega é mulher de amigo, Jotabê Medeiros, compadre torcedor do glorioso Santos Futebol Clube.
De mulher de amigo também não sei sequer o batismo, o sagrado nome. Vê se pode uma coisa dessas!
Garçom só decora nome de homem?
Arrisco uma tese, PhD de botequim que me prezo. Com ajuda da amiga Ana Weiss, linda mulher do lado.
O bar é minha UFPE, minha universidade católica, meu doutorado da USP, minha filosofia, minha cachaça, minha cátedra, minha nota de rodapé, minha escolástica... Meu bar, meu mar...
Desde o “Robertão 70”, onde eu bebia no Recife ao som do Rei e sob as vistas do sósia-proprietário, grande homem.
Desde o bode, o arco e a lira, naquele bar do Espinheiro, mesmas plagas, na companhia do lírico-mor, saudoso amigo Jaci Bezerra.
A tese, sem mais torresmos mentais: ora, homem confia e trata bem o garçom, faz favor.
O garçom é o cúmplice, o ombro amigo, o divã que anda e traz o Freud, o Reich engarrafado. No tempo em que se fazia mais sexo, o chique era Reich, lembram?
Mulher contesta o garçom.
Mulher é que confere as contas.
Mulher é Procon, homem é fraude e festa.
Mulher acha que o garçom é aquele quarto árbitro que sempre levanta a placa do acréscimo, na beirada do campo, pedindo mais tempo, mais uma saideira.
Seu garçom faça o favor!
Mulher é uma praga. E como amo.
Mulher mata mais do que coração e varíola. Ainda morro disso, seu Evaldo, garçom-proprietário daquele bode da Encruzilhada, onde monto no White Horse e discuto Blow-Up, o filme, com Luciana Araújo, Hilton Lacerda e Dolores.
A vida é 90% inspiração e 10% garçom.
Garçom é a encarnação do anjo da guarda dos machos.
Garçom mantém o respeito e guarda a sete chaves o batismo das nossas melhores costelas.
Num bar, a simples pronúncia do nome de uma mulher já é o maior dos pecados. Ele sabe.
E se for mulher dos outros, meu Deus, cem anos de inferno.
Não há a menor réstia de machismo, minhas queridas, nessa elipse de gravata borboleta. Não é falha. O garçom não vos chama pelo nome por excesso de zelo, omissão sagrada, amém.
Garçom não é dez, é 100%, garçom está acima de homem e mulher, garçom é a ONU da existência, mais uma, faz favor, e pergunta aí ao freguês de lado de quanto o meu time apanhou!
De Xico Sá.
Numa mesa de bar, claro.
Se não, não teria graça. Eu nem contaria.
Confesso que bebi.
Deus deveria parar o cronômetro, como um juiz de basquete, quando a vida não tivesse como locações a cama ou o boteco.
Mas nada é tão justo assim nesse mundo. Sabemos.
Numa mesa de bar. Exterior, calçada, noite.
A nega indaga:
“Por que será que garçom só decora nome de homem?”
A nega é mulher de amigo, Jotabê Medeiros, compadre torcedor do glorioso Santos Futebol Clube.
De mulher de amigo também não sei sequer o batismo, o sagrado nome. Vê se pode uma coisa dessas!
Garçom só decora nome de homem?
Arrisco uma tese, PhD de botequim que me prezo. Com ajuda da amiga Ana Weiss, linda mulher do lado.
O bar é minha UFPE, minha universidade católica, meu doutorado da USP, minha filosofia, minha cachaça, minha cátedra, minha nota de rodapé, minha escolástica... Meu bar, meu mar...
Desde o “Robertão 70”, onde eu bebia no Recife ao som do Rei e sob as vistas do sósia-proprietário, grande homem.
Desde o bode, o arco e a lira, naquele bar do Espinheiro, mesmas plagas, na companhia do lírico-mor, saudoso amigo Jaci Bezerra.
A tese, sem mais torresmos mentais: ora, homem confia e trata bem o garçom, faz favor.
O garçom é o cúmplice, o ombro amigo, o divã que anda e traz o Freud, o Reich engarrafado. No tempo em que se fazia mais sexo, o chique era Reich, lembram?
Mulher contesta o garçom.
Mulher é que confere as contas.
Mulher é Procon, homem é fraude e festa.
Mulher acha que o garçom é aquele quarto árbitro que sempre levanta a placa do acréscimo, na beirada do campo, pedindo mais tempo, mais uma saideira.
Seu garçom faça o favor!
Mulher é uma praga. E como amo.
Mulher mata mais do que coração e varíola. Ainda morro disso, seu Evaldo, garçom-proprietário daquele bode da Encruzilhada, onde monto no White Horse e discuto Blow-Up, o filme, com Luciana Araújo, Hilton Lacerda e Dolores.
A vida é 90% inspiração e 10% garçom.
Garçom é a encarnação do anjo da guarda dos machos.
Garçom mantém o respeito e guarda a sete chaves o batismo das nossas melhores costelas.
Num bar, a simples pronúncia do nome de uma mulher já é o maior dos pecados. Ele sabe.
E se for mulher dos outros, meu Deus, cem anos de inferno.
Não há a menor réstia de machismo, minhas queridas, nessa elipse de gravata borboleta. Não é falha. O garçom não vos chama pelo nome por excesso de zelo, omissão sagrada, amém.
Garçom não é dez, é 100%, garçom está acima de homem e mulher, garçom é a ONU da existência, mais uma, faz favor, e pergunta aí ao freguês de lado de quanto o meu time apanhou!
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