Catalogando os machos – utilidade pública para as fêmeas
De Xico Sá.
Tudo bem, bravas fêmeas, os homens são todos iguais, já sabemos.
Alguns, no entanto, são bem mais perigosos que os outros. Em mais um serviço de utilidade pública, este cronista de costumes expõe aqui sua vitrine. Eis alguns tipos, noves fora a categoria metrossexual (já devidamente comentada nesta página) que merecem cuidados especiais:
Homem-bouquet – aquele macho que entende de vinhos finos, abre a garrafa, cheira a rolha, balança na taça, sente o “bouquet” da bebida... O tipinho não perde um programa do Renato Machado no GNT, entra em sites franceses do gênero, reúne os amigos para aporrinhá-los com o tal “bouquet”... Mais uma advertência: o mesmo elemento costuma apreciar também o que ele chama de “um bom jazz”, uma “música de qualidade”... Corra, Lola, corra de criaturas desse naipe.
Homem-hortinha _ Aquele mancebo que, ao receber as moças elegantemente para um jantar, usa o manjericão cultivado na própria hortinha que mantém no quintal ou na área de serviço. Cultivar o próprio manjericão não é exatamente o defeito do rapaz. O problema é que ele passa duas horas a discorrer sobre o cultivo da hortinha, os cuidados, o zelo, uma chatice só, para não dizer outra coisa. Uma amiga, coitada, conheceu um destes exemplares que cultivava até a própria minhoca usado como “fator adubante” da própria hortinha. Corra, Lola, corra, corra mesmo, corra enquanto é tempo!
Homem-do-predinho-antigo _ Aquele sujeito que ou é gay ou é um metrossexual enrustido. E o pior não é habitar um predinho antigo. O que mais dói é quando ele pronuncia, como toda a afetação desse mundo, que mora num “predinho antigo, charmoso”. Você entra lá, leitora do meu coração, e avista logo umas revistas chiques estrangeiras espalhadas pela sala, tipo “ID”, “Wallpaper” e quetais. O cara entende de iluminação indireta, tem cada abajur que só vendo. É um tipo sobretudo do Sudeste, mas também já começa a se espalhar pelo Sul e Nordeste. Fuja Lola, fuja.
Homem-Ômega 3 – Trata-se do camarada-saúde, preocupado em combater os radicais livres e encher o saco da humanidade com as suas receitas, dietas e bulas. Adora um salmãozinho, que ele pronuncia “salmon”, claro, como os mais frescos exemplares da raça. Jamais vai enfrentar um bom chambaril pernambucano ou barreado paranaense. Buchada de bode que é bom, vixe, passa longe. Até se benze, assustado, diante de um belo cozido de domingo. Adora um frango. Noooossa! Voa Lola e não se fala mais disso.
Homem-ONG – O sujeito onegê é o que há. Todo politicamente correto, benza-te Deus. Adora um abaixo-assinado, uma passeata, e está sempre morto de decepcionado com o governo, qualquer governo. Sim, ele acredita na humanidade, na responsabilidade social, no terceiro setor, na arte como redenção dos pobres... Se você reparar, leitora do meu coração, ele quase levita, de tão puro, de tão bom. Dá um “ninja” nele e some, Lola, some que é roubada-mor.
Homem-chorinho – Ele odeia tudo que é do estrangeiro, mesmo que seja um velho e bom rock´n´roll do Lou Reed ou do Elvis _tanto o rei como o Costello. Mas é capaz de passar horas, dias, quinzenas, como se estivesse numa festa igual à do filme “Anjo Exterminador” (de Buñuel), só ouvindo uma “MPB de qualidade” ou “zum de besouro ímã” do gênero. Finja que vai no banheiro, Lola, e dê área.
De Xico Sá.
Tudo bem, bravas fêmeas, os homens são todos iguais, já sabemos.
Alguns, no entanto, são bem mais perigosos que os outros. Em mais um serviço de utilidade pública, este cronista de costumes expõe aqui sua vitrine. Eis alguns tipos, noves fora a categoria metrossexual (já devidamente comentada nesta página) que merecem cuidados especiais:
Homem-bouquet – aquele macho que entende de vinhos finos, abre a garrafa, cheira a rolha, balança na taça, sente o “bouquet” da bebida... O tipinho não perde um programa do Renato Machado no GNT, entra em sites franceses do gênero, reúne os amigos para aporrinhá-los com o tal “bouquet”... Mais uma advertência: o mesmo elemento costuma apreciar também o que ele chama de “um bom jazz”, uma “música de qualidade”... Corra, Lola, corra de criaturas desse naipe.
Homem-hortinha _ Aquele mancebo que, ao receber as moças elegantemente para um jantar, usa o manjericão cultivado na própria hortinha que mantém no quintal ou na área de serviço. Cultivar o próprio manjericão não é exatamente o defeito do rapaz. O problema é que ele passa duas horas a discorrer sobre o cultivo da hortinha, os cuidados, o zelo, uma chatice só, para não dizer outra coisa. Uma amiga, coitada, conheceu um destes exemplares que cultivava até a própria minhoca usado como “fator adubante” da própria hortinha. Corra, Lola, corra, corra mesmo, corra enquanto é tempo!
Homem-do-predinho-antigo _ Aquele sujeito que ou é gay ou é um metrossexual enrustido. E o pior não é habitar um predinho antigo. O que mais dói é quando ele pronuncia, como toda a afetação desse mundo, que mora num “predinho antigo, charmoso”. Você entra lá, leitora do meu coração, e avista logo umas revistas chiques estrangeiras espalhadas pela sala, tipo “ID”, “Wallpaper” e quetais. O cara entende de iluminação indireta, tem cada abajur que só vendo. É um tipo sobretudo do Sudeste, mas também já começa a se espalhar pelo Sul e Nordeste. Fuja Lola, fuja.
Homem-Ômega 3 – Trata-se do camarada-saúde, preocupado em combater os radicais livres e encher o saco da humanidade com as suas receitas, dietas e bulas. Adora um salmãozinho, que ele pronuncia “salmon”, claro, como os mais frescos exemplares da raça. Jamais vai enfrentar um bom chambaril pernambucano ou barreado paranaense. Buchada de bode que é bom, vixe, passa longe. Até se benze, assustado, diante de um belo cozido de domingo. Adora um frango. Noooossa! Voa Lola e não se fala mais disso.
Homem-ONG – O sujeito onegê é o que há. Todo politicamente correto, benza-te Deus. Adora um abaixo-assinado, uma passeata, e está sempre morto de decepcionado com o governo, qualquer governo. Sim, ele acredita na humanidade, na responsabilidade social, no terceiro setor, na arte como redenção dos pobres... Se você reparar, leitora do meu coração, ele quase levita, de tão puro, de tão bom. Dá um “ninja” nele e some, Lola, some que é roubada-mor.
Homem-chorinho – Ele odeia tudo que é do estrangeiro, mesmo que seja um velho e bom rock´n´roll do Lou Reed ou do Elvis _tanto o rei como o Costello. Mas é capaz de passar horas, dias, quinzenas, como se estivesse numa festa igual à do filme “Anjo Exterminador” (de Buñuel), só ouvindo uma “MPB de qualidade” ou “zum de besouro ímã” do gênero. Finja que vai no banheiro, Lola, e dê área.
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