No último fim de semana, meu irmão de 20 anos perdeu um amigo da mesma idade, que morreu dormindo, atacado por um infarto fulminante. Na noite de quinta, estavam juntos na festa de aniversário de outro amigo. Na manhã de sexta, o João estava morto, na sua cama, aos 20 anos. Simples assim. O desespero do meu irmão ao saber que o amigo tinha morrido e, por outro lado, a força que aqueles rapazes, quase moleques, deram uns aos outros nessa hora me comoveram de forma absurda. Quando soube da notícia, fiquei pensando no quanto gostar é difícil porque as coisas não são eternas, ao contrário: em alguns casos, duram menos que nossa mais modesta expectativa. Depois fiquei sabendo que a turma de amigos seguiu com seu luto tomando cerveja e jogando video-game na casa de um deles, lembrando do João e fazendo, afinal, o que ele também faria em um sábado à tarde se estivesse vivo. Não poderia existir forma mais bonita de sofrer e prestar homenagem. Tenho muito a aprender com esses quase-moleques de ...
“A poesia é ao mesmo tempo um esconderijo e um alto-falante.” Nadine Gordimer