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Rota
Não existe coisa mais linda nesse mundo. Ele abre o porta-luvas daquele gol amarelo e – sem precisar se virar – lhe estende a mão com um pacote de lenços de papel. - Vamos para onde?
E para onde íamos mesmo? Íamos para a Lua, para a Cidade do México, para as selvas escondidas do Laos. Íamos desbravar novas civilizações, percorrer todos os cafés de Paris, refazer a rota das especiarias, conquistar os 18 territórios. Mas o mundo encurtou.
- Vamos para Gávea.
Não existe coisa mais linda nesse mundo do que aquele silêncio amoroso. Ele não vai tentar decifrar os motivos. Não vai dizer que você merece coisa melhor. Nunca argumentará que foi melhor assim. E que ao menos foi rápido. Que você já passou por isso. Ele não ousará falar que as coisas vão ficar bem. Quem passa doze horas atrás de um volante sabe da vida de verdade.
Se você nunca chorou num banco de trás de um táxi, talvez você tenha amado pouco. E por isso, justamente, tenha sido mais feliz.

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"Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total". Tem Lacan pra estudar, mas G. Rosa não tá deixando.
"[...] Tio Terêz o levara à beira da mata, ia tirar taquaras. [...]  - Miguilim, este feixinho está muito pesado para você?.  - Tio Terêz, está não. Se a gente puder ir devagarinho como precisa, e ninguém não gritar com a gente para ir depressa demais, então eu acho que nunca que é pesado". Guimarães Rosa, "Manuelzão e Miguilim".