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No último fim de semana, meu irmão de 20 anos perdeu um amigo da mesma idade, que morreu dormindo, atacado por um infarto fulminante. Na noite de quinta, estavam juntos na festa de aniversário de outro amigo. Na manhã de sexta, o João estava morto, na sua cama, aos 20 anos. Simples assim.
O desespero do meu irmão ao saber que o amigo tinha morrido e, por outro lado, a força que aqueles rapazes, quase moleques, deram uns aos outros nessa hora me comoveram de forma absurda.
Quando soube da notícia, fiquei pensando no quanto gostar é difícil porque as coisas não são eternas, ao contrário: em alguns casos, duram menos que nossa mais modesta expectativa. Depois fiquei sabendo que a turma de amigos seguiu com seu luto tomando cerveja e jogando video-game na casa de um deles, lembrando do João e fazendo, afinal, o que ele também faria em um sábado à tarde se estivesse vivo.
Não poderia existir forma mais bonita de sofrer e prestar homenagem. Tenho muito a aprender com esses quase-moleques de 20 anos.
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Sobre a amizade entre os homens
Nina Lemos
Há algo de lindo na amizade entre os homens. Nada mais comovente que dois bofes dizendo eu te amo. “Seu filho da puta, você é um verme, mas eu te amo pra caralho”. Essas coisas emocionam. Diálogo ouvido entre dois amigos, que também são meus (sorte nossa).
- Você encantou a minha festa.
- E você encantou a minha vida.
Os homens que me interessam (como amigos, namorados, pretês, qualquer coisa) são os que gritam eu te amo bem alto. Sujeitos que não se declaram bêbados, e ainda aqueles que falam, com orgulho “ai, só tenho amiga mulher”, não vão conquistar meu coração.
Sim, eu sofro de complexo de Electra. Acabo de lembrar que meu pai, homem intenso, uma vez quebrou três costelas. Motivo: o abraço de um amigo. Tem coisa mais linda?

Comentários

Ana B. disse…
Brigada por hoje. Depois vc le meu blog. Beijo
Anônimo disse…
deixa de ser preguiçosa e desanimada! coloca aí aquele disco bom do engenheiros e volta a escrever.

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"[...] Tio Terêz o levara à beira da mata, ia tirar taquaras. [...]  - Miguilim, este feixinho está muito pesado para você?.  - Tio Terêz, está não. Se a gente puder ir devagarinho como precisa, e ninguém não gritar com a gente para ir depressa demais, então eu acho que nunca que é pesado". Guimarães Rosa, "Manuelzão e Miguilim".