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Pobre amor
Vamos fazer assim, eu tiro você por algumas horas desse subúrbio onde você vive e levo-o para jantar em restaurantes onde nem o nome das entradas você vai saber pronunciar. Em troca você me apresenta sua família simples e ordinária que ainda ri vendo videocassetada afundada no sofá de couro falso.
Eu ensino você a beber vinho de verdade, em taça de cristal, na temperatura certa. Enquanto você escuta Miles Davis e John Coltrane, fica sabendo o que penso do cinema alemão. Mas fique sabendo também não vejo a hora de você me levar para mais um inferninho e encontrar com seus amigos de brincos espalhados pelo corpo e amigas de cabelos multicoloridos. Me ensine o refrão desta banda que nunca ouvi dizer, me dê um beijo com gosto de cachaça, esfregue a barba por fazer no meu rosto.
Me leve para acampar na beirada de uma cachoeira, mas por favor, não me faça ouvir reggae. Prometo não reclamar dos hippies tocando violão e fumando maconha envolta da fogueira, nem dos mosquitos, nem de ter que fazer xixi no mato. Mas deixe que eu leve você para conhecer uma cidade cheia de referências históricas, com museus, galerias de arte e livrarias em prédios monumentais. Vamos a um café, beber água com gás, pedir um expresso com creme e conversar sobre amor e sonhos.
Pegue um ônibus e venha até minha casa, use aquele perfume sem graça, coloque o tênis adidas que você teve que dividir em cinco vezes, vamos a pé e de mãos dadas até a sorveteria. Você paga dessa vez, com os poucos trocados tirados da sua carteira surrada e sem cartões de crédito.
O que vamos ganhar com isso? Não tenho a menor idéia. Talvez orgulho de cada um ser do jeito que é. O melhor de tudo vai ser comemorar cada descoberta livre de preconceitos e de roupas. Prometo deixar você me despir de tudo e me vestir apenas de você.

Comentários

Ana B. disse…
oh mulherzinha ingenua que escreveu isso. Manda ela me ligar que eu conto pra ela de verdade o que acontece no fim.
Gravata disse…
Lá vai redatora de merda carregando a bola. Passa pelo primeiro com facilidade e conduz a gorduchinha a caminho da meta adversária, dribla o segundo e se posiciona para bater, corta pra outra perna, desvia do zagueiro, bate forte e...

NO PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAU!!!

MINHA NOSSA SENHORA!!!!!

Acertou uma castanhada em cima do coreto!

* * *

Resumindo: o texto ia bem, muito bem, até ela falar essa coisa de "prometo deixar você me despir de tudo e me vestir apenas de você".

Se ela, a redatora, é dada a esse tipo de metáfora, resta nula a hipótese de que tenha ao mesmo tempo os tais gostos refinados.

Já desconfio do jazz que ela gosta, dos vinhos e até dos nomes das estradas. Se eu sou o tal carinha, pulo fora nesse mesmo segundo: é pedantinha, a redatora.

Ela que fique com seu vinho e seus cristais. Há mulheres mais interessantes com copos lagoinha com cerveja gelada.
Anônimo disse…
hehehe Concordo com o Nando...
:D
Beijos
Ana.
Anônimo disse…
Aparece logo! Tenho novidades e tô com muita saudade.
Te amo incondicionalmente.

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