Toda segunda-feira era dia de Stael. Na verdade, toda segunda, quarta e sexta eram dia de Stael. Mas segunda-feira era o dia de nós duas. Eu ficava em casa até o fim da tarde, e a gente falava banalidades enquanto cada uma fazia seu serviço - eu no computador, ela arrumando a casa. Ela pegava folhinhas na horta e fazia o chá que a gente tomava junto - eu sentada na mesa, ela encostada no móvel da cozinha. Na hora do almoço, eu cozinhava pra gente e ela achava tudo uma delícia - mesmo eu sendo a pior cozinheira de que se tem notícia. E ela lavava a louça depois, cantarolando uma musiquinha que eu não conhecia, mas que era sempre a mesma. Era a musiquinha da Stael. O jeitinho da Stael. O carinho que ela me fazia ao longo do dia, "ôoo Dri, trouxe um lanche porque saco vazio não pára em pé e você trabalha muito".
Eu sempre disse que não era só da minha casa que ela cuidava. Ela cuidava de mim.
A Stael não vai chegar hoje, não vai chegar mais. E eu insisto em tentar lembrar da musiquinha pra cantarolar enquanto lavo, eu mesma, meu prato, chorando uma saudade pontuda que vai custar muito a passar.
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