Pérolas de criança - Dalton Trevisan
— Tua professora ligou. De castigo, você. Beijando na boca os meninos. Que feio, meu filho. Não é assim que se faz.
— ...
— Menino beija menina.
— Você é gozada, cara.
— ...
— Pensa que elas deixam?
***
Ele sai do banheiro, a toalha na cintura.
— Pai, deixa eu ver o teu rabo.
É a tipinha deslumbrada no baile da debutante de três anos.
— Rabo, filha? Ah, sei. O bumbum do pai?
— Seu bobo.
— ...
— Esse pendurado aí na frente.
***
O pai telefona para casa:
— Alô?
— ...
Reconhece o silêncio da tipinha. Você liga? Quem fala é você.
— Alô, fofinha.
Nem um som. Criança não é para ser chamada fofinha. Cinco anos, já viu.
— Oi, filha. Sabe que eu te amo?
— Eu também.
"Puxa, ela nunca disse que me amava".
— Também o quê?
— Eu também amo eu.
— Tua professora ligou. De castigo, você. Beijando na boca os meninos. Que feio, meu filho. Não é assim que se faz.
— ...
— Menino beija menina.
— Você é gozada, cara.
— ...
— Pensa que elas deixam?
***
Ele sai do banheiro, a toalha na cintura.
— Pai, deixa eu ver o teu rabo.
É a tipinha deslumbrada no baile da debutante de três anos.
— Rabo, filha? Ah, sei. O bumbum do pai?
— Seu bobo.
— ...
— Esse pendurado aí na frente.
***
O pai telefona para casa:
— Alô?
— ...
Reconhece o silêncio da tipinha. Você liga? Quem fala é você.
— Alô, fofinha.
Nem um som. Criança não é para ser chamada fofinha. Cinco anos, já viu.
— Oi, filha. Sabe que eu te amo?
— Eu também.
"Puxa, ela nunca disse que me amava".
— Também o quê?
— Eu também amo eu.
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