Pular para o conteúdo principal
De quem é isso mesmo? Acho que da Regina Teixeira da Costa.


(...)
Quem é o neurótico? Alguém que enfrenta temerosamente as exigências da vida – e isto lhe suga a vitalidade, o consome, o cansa. Por isto suas escolhas são tímidas: não se encoraja a ousar muito. Para manter o equilíbrio na corda bamba em que atravessa a existência, busca o que é mais cômodo. Aquieta-se, e não sai à cata de novas e melhores formas. Espantado frente ao novo, devido à pobreza de seu repertório, ou por sua crônica falta de auto-confiança, ou por esperar sempre que se repitam as decepções, acaba se excluindo, ficando de fora ou deixando de fora.
Deixa passar boas chances de estabelecer relações duradouras de boa qualidade: perde o bonde, deixa passar o cavalo arreado. Continua vagando, solitário, sentindo-se vazio, carente e sedento de contato. Nada satisfaz, nunca encontra o preenchimento pelo qual anseia.
(...)
Às vezes, pede ajuda: busca a análise, a psicoterapia – raramente não sem antes ter buscado um remédio que lhe cure a cabeça que dói, o peito que aperta, as vísceras em fogo, o sono que não chega, o cansaço crônico. E – por que não? - que também leve embora essa tristeza que insiste em doer-lhe na alma.
Pretende-se, então, que ele faça contato afetivo com seu padecimento. Conhecer sua montagem e, a partir daí, modificar suas relações intrapsíquicas e interpessoais. Desconstruir a mitologização de seu passado, e dar-se chance de achar caminhos, abrir picadas, desbravar terrenos, criando novas possibilidades de solucionar, sair, evoluir. Espera-se que adquira condições de vir a se autoconhecer, se desenvolver e se sustentar emocionalmente, deixando para trás o cheiro bolorento e o peso inútil do passado que agrilhoa e cerceia. Colocar-se em marcha: a vida será o que fizermos dela.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Lo que me gusta de tu cuerpo es el sexo. Lo que me gusta de tu sexo es la boca. Lo que me gusta de tu boca es la lengua.  Lo que me gusta de tu lengua es la palabra. (Julio Cortázar)
‎"[...] ousei escrever, em algum lugar, 'Freud e eu'. [...] Por que haveria algo de escandaloso, por parte de alguém que passou a vida inteira ocupado com a contribuição de Freud, em dizer 'Freud e eu'?". Lacan, "Seminário 16".
Ambiciosa Florbela Espanca Para aqueles fantasmas que passaram, Vagabundos a quem jurei amar, Nunca os meus braços lânguidos traçaram O voo dum gesto para os alcançar ... Se as minhas mãos em garra se cravaram Sobre um amor em sangue a palpitar ... - Quantas panteras bárbaras mataram Só pelo raro gosto de matar ! Minh’ alma é como a pedra funerária Erguida na montanha solitária Interrogando a vibração dos céus ! O amor dum homem ? - Terra tão pisada, Gota de chuva ao vento baloiçada ... Um homem ? - Quando eu sonho o amor de um Deus ! ...