Canção do Carcereiro Jacques Prevért Aonde vais belo carcereiro Com essa chave manchada de sangue Vou soltar aquela que amo Se ainda for possível E que tranquei Ternamente cruelmente No mais profundo do meu tormento Nas mentiras do futuro Nas bobagens das juras Quero soltá-la Quero que seja livre Até para me esquecer Até para ir-se embora Até para voltar E também para me amar Ou para amar um outro Se esse outro lhe agradar E se ficar um dia sozinho E ela só em idas Guardarei sempre Nas minhas duas mãos côncavas Até o fim dos dias A doçura dos seus seios modelados pelo amor.
“A poesia é ao mesmo tempo um esconderijo e um alto-falante.” Nadine Gordimer