Manoel de Barros
No começo era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a criança diz: “Eu escuto a cor dos passarinhos.”
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
E pois
Em poesia que é a voz do poeta, que é a voz de fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.
No começo era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a criança diz: “Eu escuto a cor dos passarinhos.”
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
E pois
Em poesia que é a voz do poeta, que é a voz de fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.
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