Sim, não se pede mais em namoro, já soltamos esse brado retumbante aqui mesmo desta tribuna testosteronizada. Diante do vacilo do macho moderno, um magote de fêmeas bonitas do Rio e de São Paulo promete sair em passeatas para manifestar o fastio e a revolta.
Claro que por trás do agito das moças tem uma ação de marketing -ê mundão perdido e sem porteiras. Pois é, trata-se de um apelo de um site de relacionamentos, que vai usar a efeméride liberal-picareta-capitalista do Dia dos Namorados.
Tudo bem, publicidades à parte, os homens andam frouxos mesmo, molengas, cheio de dúvidas (oncontô, proncovô, que diabo sou?!), mas ainda acho que é essa é uma realidade apenas entre os mauricinhos, moderninhos, os filhinhos da nossa gloriosa classe média.
Quando digo acho, amigo, quero dizer teimo, insisto, aposto. Até porque o amor jamais pode ser circunscrito a uma questão geográfica ou de classes, mas que os sertões e os subúrbios estão cheios de homens de verdade, ah, isso ainda procede.
Meus primos nordestinos que moram de Itaquera em diante continuam pedindo em namoro, noivando, casando, fazendo festas de arromba a cada celebração normal da vida antiga. O mesmo vale para os que evitaram a migração óbvia de São Paulo, os que pegaram seus torrões nos melhores tempos atuais.
Claro que as bacaninhas que irão ganhar um cachê para sair na passeata marketeira preferem os playboys, óbvio dos óbvios, mas se quisessem namorariam firme esta semana mesmo. Bastava apenas trocar o sentido da mão. Em vez de subúrbio/centro, centro/subúrbio, como manda o GPS do amor e da sorte.
Sim, querida patricinha, você carece também pensar no relacionamento não como um negócio, mas como uma história, um encontro bonito entre um rapaz e uma moça.Repare, amigo, no que disse uma senhorita, ouvida pelo portal G1 a respeito do assunto: “Eu nunca namorei sério porque, para namorar, você precisa colocar tanta energia em uma relação que ainda não achei alguém que valha a pena todo esse investimento”.
Ela é identificada na notícia como Fernanda Portela, 23 aninhos. Repare como a palavra INVESTIMENTO, minha Nossa Senhora dos Aflitos, se destaca, pisca como néon no léxico da linda. Tudo virou investimento, negócio, contrato, ganho, o que-eu-vou-levar-com-isso e outros absurdos encobertos no fundo das “verdades” padronizadas.
É, amigo, enquanto uma parcela das moças da capital vai às ruas em busca de namoro, minhas priminhas do subúrbio e do interior tomam uma coca-cola de saco cheio de mancebos que só pensam em casamento.
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