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Clarice Lispector

Se recebo um presente dado com carinho por pessoa de quem não gosto - como se chama o que sinto? Uma pessoa de quem não se gosta mais e que não gosta mais da gente - como se chama essa mágoa e esse rancor? Estar ocupada, e de repente parar por ter sido tomada por uma desocupação beata, milagrosa, sorridente e idiota - como se chama o que se sentiu? O único modo de chamar é perguntar: como se chama? Até hoje só consegui nomear com a própria pergunta. Qual é o nome? e é este o nome.

***

Uma revolta

Quando o amor é grande demais torna-se inútil: já não é mais aplicável, e nem a pessoa amada tem a capacidade de receber tanto. Fico perplexa como uma criança ao notar que mesmo no amor tem-se que ter bom senso e senso de medida. Ah, a vida dos sentimentos é extremamente burguesa.

Comentários

Anônimo disse…
Às vezes gostamos errado, às vezes gostamos demais. Quando descobrimos isso, bola pra frente.

Obrigada pelo que você sempre me deu e por ser tão generosa nos sentimentos (mesmo que muitas vezes doa ser assim, não deixe de ser assim porque isso é o que você tem de mais bonito).

Beijos da sua AMIIIIGA (vc sabe quem! aposto! Hahaha).
Joanna disse…
meu deus!
que coisa absurda este escrito da clarice

esta revolta é sua?
gostei muito do que li
drica, vc é uma moça muito perspicaz
gosto demaaaais disso nocê

beijos muitos
Romina Ferreira disse…
Clarice é sempre um presente e tanto. E ela falando de amor sempre me deixa pensante!!!
beijo
Ro

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