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Patrícia Highsmith pagando peitinhos do meu suspense amoroso
Xico Sá

CAP. I

Testei ao limite, excesso e lama, e me vi na laje fria do IML do vazio pornográfico. Pensei deveras em morte.

Desculpe ai, é sacanagem, mas sabes o pânico de sentir-se um pouco sem oxigênio?

Já ouviste falar naquela velha crença brega e cafona que diz, mais ou menos assim, que a pessoa amada é o ar que o outro respira?

Teus passos civilizadíssimos e principalmente teu silêncio. Inicialmente debaixo da escada, no frio, depois na edícula, melhor, no quartinho igualmente cool dos fundos sem legenda. Teus passos que o digam.

O ciúme enferrujado, o shortinho verde água da provocação final sem culpa, a foto de Patricia Highsmith pagando peitinho na capa da Ilustrada no último sábado. Tudo me lembra, mesmo que nem mais guarde a tua beleza insegura boiando nos meus olhos castanhos.

Quando voltas para a siesta, nosso começo de ilusões perdidas?

Nunca, sei muito antes a resposta, mas insisto, por amor e por besteira.

Tomara que never more mesmo, como o corvo. Se voltares me fodo outra vez, a lógica, mas quem diz que eu não quero?

A casa está vazia, as trepadeiras crescem assustadoramente na varanda, tontas, sem saber de nada, ainda entorpecidas pela nossa fúria sem adubos ou agrotóxicos, eis o boletim de ocorrências.

Daí aparece Leonard Cohen, naquele mesmo filme que vimos no cinecama, e me fala de zenbudismo, talvez isso seja a saída. Levinho me voy a la playa e esqueço.

Nunca mais agüei as plantas, veio a chuva e me fez mais triste, os sintomas da tempestade, e estamos todos vivos, eu estava mui longe.

O homem que jogou o ventilador na merda, eis a manchete corrosiva do diário Mea Culpa Times da Existência.

Achas que rola um Complexo de Electra na parada?

Hey, Neil Young, homem velho pede passagem.

O certo seria ancorar numa costela de Balzac, fazer o filho que ficou no ralo das clínicas de aborto etc.

Tem cura um velho homem?

Nossa Senhora dos Ansiolíticos, rogai por nós que recorremos a vós.

Pompeia vira o deserto Monjave, onde Sam Shepard me diz coisas tristes e bonitas.

Me apoio no eco de tristeza alheia, pois nunca pareço triste para quem não me conhece o suficientemente besta e covarde.

Finjo, palhaço das ruas e das tavernas.

Por que não apareces, pelo menos, para o reconhecimento do corpo?

Foda essas moças que enterram vivo e sequer mijam nas nossas covas.

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