CAP. I
Testei ao limite, excesso e lama, e me vi na laje fria do IML do vazio pornográfico. Pensei deveras em morte.
Desculpe ai, é sacanagem, mas sabes o pânico de sentir-se um pouco sem oxigênio?
Já ouviste falar naquela velha crença brega e cafona que diz, mais ou menos assim, que a pessoa amada é o ar que o outro respira?
Teus passos civilizadíssimos e principalmente teu silêncio. Inicialmente debaixo da escada, no frio, depois na edícula, melhor, no quartinho igualmente cool dos fundos sem legenda. Teus passos que o digam.
O ciúme enferrujado, o shortinho verde água da provocação final sem culpa, a foto de Patricia Highsmith pagando peitinho na capa da Ilustrada no último sábado. Tudo me lembra, mesmo que nem mais guarde a tua beleza insegura boiando nos meus olhos castanhos.
Quando voltas para a siesta, nosso começo de ilusões perdidas?
Nunca, sei muito antes a resposta, mas insisto, por amor e por besteira.
Tomara que never more mesmo, como o corvo. Se voltares me fodo outra vez, a lógica, mas quem diz que eu não quero?
A casa está vazia, as trepadeiras crescem assustadoramente na varanda, tontas, sem saber de nada, ainda entorpecidas pela nossa fúria sem adubos ou agrotóxicos, eis o boletim de ocorrências.
Daí aparece Leonard Cohen, naquele mesmo filme que vimos no cinecama, e me fala de zenbudismo, talvez isso seja a saída. Levinho me voy a la playa e esqueço.
Nunca mais agüei as plantas, veio a chuva e me fez mais triste, os sintomas da tempestade, e estamos todos vivos, eu estava mui longe.
O homem que jogou o ventilador na merda, eis a manchete corrosiva do diário Mea Culpa Times da Existência.
Achas que rola um Complexo de Electra na parada?
Hey, Neil Young, homem velho pede passagem.
O certo seria ancorar numa costela de Balzac, fazer o filho que ficou no ralo das clínicas de aborto etc.
Tem cura um velho homem?
Nossa Senhora dos Ansiolíticos, rogai por nós que recorremos a vós.
Pompeia vira o deserto Monjave, onde Sam Shepard me diz coisas tristes e bonitas.
Me apoio no eco de tristeza alheia, pois nunca pareço triste para quem não me conhece o suficientemente besta e covarde.
Finjo, palhaço das ruas e das tavernas.
Por que não apareces, pelo menos, para o reconhecimento do corpo?
Foda essas moças que enterram vivo e sequer mijam nas nossas covas.
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