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Cláudia Narcótico
Elisa Lucinda

Quando eu dormisse
bem que podia vir um homem
treinado a dizer que me ama.
Quando eu dormisse
Bem que podia nascer na minha cama
Um antúrio com falo e bigode
Um entulho desses que pode
Morder a gente com postura de amante
E constância de marido
Assíduo, quando eu dormisse
Acordar com alguém que me dissesse
Que eu sou gostosa
Despertar como quem goza
No travesseiro e troca a fronha
Desfilar como quem posa
Na poça da bela que sonha.
Quando eu dormisse
O baby-doll enfiado na meninice
Inventar uns nomes
Chamar os homens à cachorrice
Ai, se eu dormisse
Diempax idiotice
Um pijama listrado
A cafonice
Um vampiro tarado paranormalisse
Terno engomado prancha surfisse
Qualquer função que eu não visse
Papai-mamãe
Mesma mesmice
Quando eu dormisse
Manhã de sol e ele sumisse.

Comentários

Gravata disse…
Eu esperei por um "meu iaiá, meu iôiô" depois do "manhã de sol".

A Elisa Lucinda é boa, mas não para fazer poemas. Tem jeito de que sabe preparar um tostex como ninguém! Ou algo assim, sei lá.
Anônimo disse…
Esse Gravata é crítico literário? Deve ser, para falar sobre alguém com tamanha propriedade e prepotência, não é? Os críticos profissionais costumam ser assim mesmo.
Eu, mera leitora de blog, me limito a dizer que gostei muito e que adoro Elisa Lucinda, Dri. Ótima seleção, como sempre!! :)
Beijos!
Gravata disse…
Não sou crítico literário, Juliana. Trabalho com retífica de motores e funilaria de pára-choques (estou terminando o curso de portas e traseiras, jajá me aprimoro).

Essa é a formação profissional adequada para assimilar o, hm, "lirismo" de Elisa Lucinda, a "Humberta Gessinger" da poesia brasileira.

E não seja você prepotente contra Wando! Ele, sim, é poeta.

Quando a comparei com "Meu Iaiá, Meu Ioiô" era para soar como elogio. Achei que os fãs de Wando fossem ficar ofendidos.

Vai entender...
Anônimo disse…
O cidadão se acha tão esperto e inteligente, mas tão esperto e inteligente, que se dá o direito de ser arrogante. OU:
O cidadão é tão boçal, mas tão boçal, que é arrogante pra tentar ser respeitado.
Das duas uma, sempre.
Abraços de um leitor assíduo.
Gravata disse…
Oi, kaminski. Me desculpe se pareci ou até mesmo fui arrogante. A idéia - que não deu certo - foi fazer uma brincadeira com um poema que (me desculpe) achei ruim. Só isso.

Mais uma vez, peço desculpas a vc e a todos os fãs da poeta, e, claro, a ela própria.

Um abraço.

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