O olimpo da mulheres prendadas
Jô Hallack (www.02neuronio.com.br)
Jô Hallack (www.02neuronio.com.br)
Tudo começou com um bolo de cenoura. Ficou ótimo, porém, com jeito de solado. Suas amigas e sua mãe lhe garantiram que bolo de cenoura sempre fica com jeito de solado. E você resolveu ir além. Com um objetivo definido: chegar ao olimpo das pessoas prendadas. Seres humanos elevados que sabem fazer até o trivial.
E por que isso? Porque você surtou e quer ser do lar.
Acontece nas melhores famílias. Você, oprimida por ter que fazer jornada dupla de trabalho - isto é, trabalhar na sua firma e trabalhar na sua casa... oprimida por ter que ser inteligente, criativa, empreendedora e conquistar o mundo (oprimida por você mesma, bom dizer) - resolve escapar pelos fundos. E aprender a cozinhar. E não vale aquelas picaretagens refinadas não! Sim, você sabe até fazer atum com coscouz marroquino. Mas a mulherzinha que grita dentro de você diz que você tem que ser uma cozinheira ordinária. No melhor dos sentidos. E fazer feijão-com-arroz. E não vale também o arroz sete cereais!
O bolo de chocolate é o segundo obstáculo e você se saiu muito bem. E sua vida passa a girar em torno do bolo. Você vai até a cozinha ver se o bolo está no lugar que você o deixou. Oferece o bolo às visitas. E se sente a própria Sebastiana Quebra Galho.
Até arrumar um novo desafio. Estrogonofe. A verdade é que fica meio ruim. O gosto é bom, mas o aspecto é meio estranho. E você deu o golpe baixo ao trocar as batatas sautée por batata palha pronta. Mas todos - você e seu pretê, que tem como obrigação elogiar - comem. E ele até repete!!!
Neste dia, você pensa em ir além. Rumo à glória. No futuro, você poderá até oferecer às visitas carne assada - daquelas que você tem que amarrar um barbante por algum motivo enigmático.
Comentários
Saudades,
Beijos
Pe