Uma mulher foi eleita presidenta do Brasil. E isso é uma coisa tão importante, que significa tanto, que provavelmente vamos passar os próximos quatro anos falando sobre isso por aqui.
Eu, pessoalmente, tenho vontade de escrever várias coisas sobre o fato. Não, eu nunca imaginei que isso fosse possível. E o fato de eu nunca ter imaginado é triste e mostra o quanto a gente ainda é minoria. Outro dia vi um amigo falando que não fazia diferença ela ser mulher. Não faz para ele, que é homem. Para a gente faz, sim. E para os homens também.
Prova: o bulliyng que a presidenta está sofrendo desde a campanha. Pode ver: chamam a Dilma de feia, de vaca, de bruxa, de grossa. Falam que ela é sapatão (se for, ótimo, claro, mas isso é problema DELA). O Brasil se pergunta: mas como assim, ela é solteira, não vai ter primeiro damo. Não, queridos, por enquanto não. A presidenta é uma mulher divorciada. Que tem uma filha, uma neta e uma boa relação com o ex. Simples assim. Ela é, nesse caso, como muitas de nós, ou como nossas mães, que queimaram sutiãs para que hoje a gente pudesse escrever, ser presidente e ser solteira.
Quer dizer, a gente pode numas. Quando uma mulher é livre, ela é xingada e agredida. Longe de mim me comparar com a presidenta. Mas sei muito bem o que é sofrer cyberbulliyng. Um dia escrevi sobre depilação aqui no 02 Neuronio e fui chamada de suja. Muita gente disse que tinha nojo de mim. Pois vi uns pseudo moderninhos associando a palavra Dilma com “nojo”.
Mulher quando vira chefe ganha fama de mal comida. E se tem opinião é mal amada. Pára lá! Não somos nada disso. E não saímos por aí xingando os homens e os maltratando. Muito pelo contrário. Se a gente não concorda com uma coisa que lê, não sai escrevendo: “ah, você deve ter pau pequeno”. Não. A gente não é assim.
A presidenta levou muita porrada verbal na campanha e provavelmente vai continuar levando. Somos solidárias a ela. E a todas as garotas que são chamadas de galinhas, biscates, putas, vacas, feias, sujas.
É emocionante ter uma mulher presidenta. E isso faz a gente ter ainda mais vontade de gritar: RESPEITO! DELICADEZA! Não nos xinguem! Nos tratem bem! A gente só quer amor, respeito e liberdade. Simples.
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