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Tão sutilmente em tantos breves anos

foram se trocando sobre os muros

mais que desigualdades, semelhanças,

que aos poucos dois são um, sem que no entanto

deixem de ser plurais:

talvez as asas de um só anjo, inseparáveis.

Presenças, solidões que vão tecendo a vida,

o filho que se faz, uma árvore plantada,

o tempo gotejando do telhado.

Beleza perseguida a cada hora, para que não baixe

o pó de um cotidiano desencanto.

Tão fielmente adaptam-se as almas destes corpos

que uma em outra pode se trocar,

sem que alguém de fora o percebesse nunca.

Lya Luft

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