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Dom de se iludir
Nina Lemos (02 neurônio)

“Não, ele não respondeu”, falava a menina pelo telefone. Sim, ela estava em outra casa, mas eu ouvi o diálogo porque ela falava muito alto. E também, claro, porque eu adoro escutar conversas dos outros, não nego. A amiga do outro lado do telefone (como eu sei que era amiga? Que homem participaria de um diálogo desses?) deve ter falado: “que filho da puta”.

Sim, ele não tinha respondido um e-mail. E com certeza ele era um pretendente. Sorri. Até que escutei a teoria da moça: “eu acho ótimo que ele não tenha respondido. Isso é um bom sinal! Ruim mesmo seria se ele me respondesse me dando um fora!”

Atenção para a maravilha desse pensamento feminino: alguém não responder a um email é uma coisa BOA. Ser ignorada é melhor do que levar um bom fora. Sim, Freud já ensinou, o contrário do amor é a INDIFERENÇA. Não o ódio. Tem indiferença maior do que não responder a um email? Mas a vizinha carioca achou que isso era uma coisa boa. E eu simpatizei imensamente com ela. Realmente, quando a gente quer, é capaz de acreditar em qualquer coisa. Ou não. Talvez eu tenha perdido essa capacidade com os anos. Pior para mim.

Comentários

Anônimo disse…
Esse papo ai não combina com você.

Larga de ser boba.

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"Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total". Tem Lacan pra estudar, mas G. Rosa não tá deixando.
"[...] Tio Terêz o levara à beira da mata, ia tirar taquaras. [...]  - Miguilim, este feixinho está muito pesado para você?.  - Tio Terêz, está não. Se a gente puder ir devagarinho como precisa, e ninguém não gritar com a gente para ir depressa demais, então eu acho que nunca que é pesado". Guimarães Rosa, "Manuelzão e Miguilim".